domingo, 18 de dezembro de 2005

CONTEÚDOS: Fausto Lopo de Carvalho (1890-1970)

Outra nota redigida para a Wikipédia.

Fausto Lopo de Carvalho

Fausto Lopo de Carvalho (1890-1970). Professor da Faculdade de Medicina de Lisboa (FML). N. na Guarda em 15-5-1890. Filho do tisiologista Lopo José de Figueiredo Carvalho. Estudou em Coimbra, onde terminou o curso de Medicina em 1916. Iniciou a carreira docente nessa Universidade, sendo transferido para a Faculdade de Medicina de Lisboa em 1927 como professor de Propedêutica médica. Em 1931, comunica à Academia das Ciências de Lisboa os resultados dos trabalhos que levaram à descoberta da Angiopneumografia, juntamente com António Egas Moniz e Almeida Lima. Foi presidente da Comissão Executiva da Assistência Nacional aos Tuberculosos (A.N.T.) desde Janeiro de 1931 até 1938. Desde 1934 passou a dirigir a Clínica de Doenças Infecciosas do Hospital Escolar de Santa Marta, da FML, onde se manteve até atingir o limite de idade. Em Maio de 1934 foi eleito sócio correspondente da Academia de Ciências de Lisboa, passando a sócio efectivo em 1956, ocupando a cadeira que ficara vaga com a morte de António Egas Moniz. Em 1937 dirigiu a organização, com a restante direcção da ANT, do X Congresso da União Internacional contra a Tuberculose, que teve lugar em Lisboa. Foi então eleito presitente dessa União, cargo onde se manteve até 1950. Jubilado em 15-5-1960. F. 23-5-1970.

Bibliografia

Anónimo. Fausto Lopo Patrício de Carvalho - Bibliografia. Anuário Académico de 1943 (1943) 264-67; Binet, L. Professor Lopo de Carvalho. Gazeta Médica Portuguesa. 13:3 (1960) 231-32; Cardia, M. Lopo de Carvalho na Escola Portuguesa de Angiografia. Porto: s.n., 1970 (Sep. O Médico, 996); Fontes, Vítor H. M. Elogio académico do Prof. Lopo de Carvalho. Memórias da Academia das Ciências de Lisboa. 14 (1970) 201-17; Vilar, T. George. Professor Doutor Lopo de Carvalho. Lisboa: Universidade de Lisboa, 1970 (Sep. Anuário da Universidade de Lisboa, 1969/1970 ).

CONTEÚDOS: Instituto Rocha Cabral

Mais uma curta nota para a Wikipédia em português, desta vez sobre o Instituto Rocha Cabral. Algumas da ligações são apenas para futuros artigos.

Instituto Rocha Cabral

O Instituto de Investigação Científica de Bento da Rocha Cabral, conhecido apenas por Instituto Rocha Cabral (IRC) é uma Fundação portuguesa com sede em Lisboa, de utilidade pública e sens fins lucrativos, criada em 1922 em cumprimento da disposição testamentária de Bento da Rocha Cabral, tendo por objectivo "a realização de trabalhos de investigação científica, principalmente no campo das ciências biológicas" (dos Estatutos). Inicialmente com quatro secções (Fisiologia, Histologia, Química Biológica e Bacteriologia) evoluiu posteriormente no sentido da Bioquímica, da Investigação Teórica (Computacional) e da História e Filosofia das Ciências.
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Bento da Rocha Cabral

História

O Instituto Rocha Cabral foi criado em resultado do testamento, aberto em 1921, de B. Rocha Cabral, que deixou a maior parte da sua fortuna, amealhada no Brasil, para a criação de um instituto de investigação que deveria ser dirigido por Matias Boleto Ferreira de Mira (1875-1953), professor de Química Fisiológica na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. O instituto iniciou a sua instalação em 1923, com profundas obras de adaptação da antiga morada de habitação do fundador. As actividades de investigação foram iniciadas em Novembro de 1925, com quatro investigadores: M. B. Ferreira de Mira e seu filho Manuel Ferreira de Mira (ob. 1929), Luís Simões Raposo e Fausto Lopo de Carvalho (1890-1970). De acordo com a orientação dada pelo seu primeiro director, o Instituto dedicou-se principalmente à investigação pura, sem esquecer o apoio à investigação aplicada. Constituiram-se quatro secções: Fisiologia (tutelada por Joaquim Fontes e Marck Athias), Histologia (por Augusto Celestino da Costa), Química biológica (M. B. Ferreira de Mira e depois Kurt Jacobsohn) e Bacteriologia (primeiro com Lopo de Carvalho e M. Ferreira de Mira, e depois da morte deste, com Alberto de Carvalho). O Instituto acolheu as primeiras investigações com animais que levaram à descoberta da Angiografia por António Egas Moniz, assim como as que conduziram ao desenvolvimento da Angiopneumografia, também por este investigador, juntamente com Almeida Lima e Fausto Lopo de Carvalho. O Instituto acolheu e apoiou um conjunto muito apreciável de investigadores, incluindo, entre outros e para além dos já referidos, o parasitologista Carlos França (1877-1926), a fitopatologista Matilde Bensaúde (1890-1969), a primeira portuguesa doutorada nas ciências biológicas e o Padre Joaquim da Silva Tavares, S.J. (1866-1931), o fundador da revista Brotéria.


Bibliografia

Rocha Cabral, Instituto. O Instituto de Investigação Scientifica Bento da Rocha Cabral. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1926; Mira, M. B. Ferreira. ``O Instituto Rocha Cabral e a sua obra. A Medicina Contemporânea. 57,24(1939)277-281; O Instituto Rocha Cabral e a sua obra: conferência realizada no Porto, em 22 de Abril, a convite da Liga de Profilaxia Social. S.l.: s.n., 1939; Mira, M. B. Ferreira. ``Sete anos de investigação científica. Actualidades Biológicas, 6 (1934) 1-57.


Ligações Externas

Página do Instituto Rocha Cabral; Secção de História e Filosofia das Ciências do Instituto Rocha Cabral

Página do Instituto Rocha Cabral Secção de História e Filosofia das Ciências do Instituto Rocha Cabral

sexta-feira, 16 de dezembro de 2005

CONTEÚDOS: Matilde Bensaúde (1890-1969)

Este é o texto de uma curta entrada sobre Matilde Bensaúde que acabei de publicar na Wikipédia em português. Faz parte de um conjunto de notas biográficas sobre investigadores das ciências biológicas da primeira metade do século XX, produzidas no âmbito do Projecto PRINCIPIA, que iremos resumir e publicar na Wikipédia.

Matilde Bensaúde

Matilde Bensaúde (1890-1969). Portuguesa pioneira da investigação biológica. Doutorou-se em 1918 com uma tese muito original sobre a sexualidade dos Basidiomicetos. Nasceu em Lisboa em 1890, filha de Alfredo Bensaúde (1856-1941), o fundador e primeiro director do Instituto Superior Técnico de Lisboa. Concluiu os estudos secundários na Suíça em 1909.
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Matilde Bensaúde (1890-1969).
Iniciou os estudos universitários em Lausanne, mas interrompeu-os para voltar a Portugal, só os retomando em 1913, quando se matriculou na Universidade de Paris. Estudou ciências naturais, licenciando-se em 1916. Trabalhou para o seu doutoramento no Laboratório de Botânica da École Normale Supérieure, sob a direcção do Prof. Matruchot. A investigação de doutoramento resultou na tese Recherches sur le cycle évolutif et la sexualité chez les basidiomycètes (Nemours, 1918). Aí estabeleceu e demonstrou a noção de heterotalismo nos autobasidiomicetos, a ideia mais importante para a explicação do mecanismo da sexualidade dos basidiomicetos. Este trabalho, que decorreu durante a I Guerra Mundial, foi desenvolvido independentemente e em simultâneo pelo botânico alemão Hans Kniep (1881-1930), embora este só tenha publicado as suas conclusões sobre o heterotalismo dois anos depois de Bensaúde.

Em 1920, foi a única mulher entre os fundadores da Sociedade Portuguesa de Biologia. Passou a maior parte do período entre 1919 e 1923 nos Estados Unidos da América, para onde se foi especializar em Fitopatologia. Estes trabalhos foram interrompidos pela sua ida para os Açores, onde se estabeleceu de 1923 a 1926. Em 1928, entrou como investigadora para o Instituto Rocha Cabral, em Lisboa. Em 1931 foi convidada para organizar e dirigir a estrutura fitossanitária do Ministério da Agricultura, onde desenvolveu uma actividade muito intensa. Em 1940, com apenas 50 anos de idade, solicitou a rescisão do seu contrato no Ministério e retirou-se. Faleceu em 1969.

Bibliografia:
Quintanilha,A. Mathilde Bensaúde. 23-1-1890-22-11-1969. Boletim da Sociedade Portuguesa de Ciências Naturais. 13(1972)5-19.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2005

CONTEÚDOS: Einstein e o estudante português

Imagine-se um estudante, despertado pelas comemorações do Ano Internacional da Física, que se decide a seguir o percurso de Einstein: ele pretende estudar na Universidade o que o festejado físico estudou. Einstein recebeu em 1900 um diploma em ‘professor de liceu para a área da matemática’.
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A maior parte das cadeiras são de facto de Matemática: Geometria Descritiva, Geometria Projectiva, Teoria de Funções, Funções Elípticas, Cálculo de Variações, Teoria do Integral Definido, entre outras. Para realizar um tal conjunto de disciplinas o estudante pensaria em matricular-se numa Licenciatura em Matemática. Acontece que do curriculum fazem parte um considerável conjunto de cadeiras de Física: Princípios, Instrumentos e Métodos de Medida da Electrotécnica, Trabalho Científico no Laboratório de Física, Electrotécnica Laboratorial, Introdução à Electromecânica, Introdução à Física Celeste, Introdução à Astronomia, Mecânica Celeste, entre outras. Para fazer tais cadeiras o estudante português escolherá uma licenciatura em Física. Mas se se matricular em Física, terá certamente de fazer um requerimento para lhe reconhecerem as cadeiras do departamento de Matemática.
O estudante continua a ler a relação das cadeiras do certificado de curso de Einstein e encontra: Teoria do Conhecimento Científico e Filosofia de Kant. Ora, para fazer a Filosofia de Kant, o estudante tem de ir ao departamento de Filosofia. Aqui as coisas tornam-se mais complicadas.
No ano passado houve um estudante do departamento de Filosofia, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, que pretendeu fazer duas cadeiras em Ciências. Meteu um requerimento. Como Letras e Ciências não começam o semestre ao mesmo tempo, mas têm um desfasamento de duas a três semanas, quando o requerimento deu entrada, tinham decorrido cerca de duas semanas de aulas. A resposta ao pedido foi positiva, mas quando o estudante chega a Ciências tinha passado metade do semestre de Ciências. O estudante que queira seguir as pisadas de Einstein tem ainda outras dificuldades.
Do curriculum do famoso físico constam, entre as cadeiras opcionais: Pré-história, Política Suíça, História da Cultura Suiça na Idade Média e na Reforma, Negócios de Banco e de Bolsa, Consequências Sociais da Livre Concorrência, Teorias Fundamentais da Economia Nacional, Fundamentos Matemáticos da Estatística e do Seguro de Pessoas, Goethe: Obra e Cosmovisão. Como o curso foi feito em Zurique, o nosso estudante poderia substituir as cadeiras em temáticas suíças por cadeiras sobre história, política ou cultura portuguesa. Mas para frequentar a História de Portugal na Idade Média, etc. o estudante precisa de fazer um requerimento à Faculdade de Letras, departamento de História. As disciplinas de Economia exigiriam certamente mais requerimentos.
Supondo que as respostas aos requerimentos eram positivas, haveria uma dificuldade não menor, a prática. Será que o estudante vai coordenar requerimentos, respostas e horários das cadeiras de modo a fazer tudo em 4 anos? Será que o estudante vai estar em condições de ser avaliado por exame nas cadeiras das diferentes Faculdades? Há aqui um aspecto do curriculum suíço que interessa.
Einstein não teve de realizar exames em todas as cadeiras. Em Portugal, a cadeira é reconhecida se o estudante tem nota. Ora a preparação para exame, a aprendizagem daquilo que o professor pretende que se saiba, é mais difícil e consequentemente mais morosa do que o estudo do que o estudante está em condições de apreender e em princípio faz por interesse. Na verdade, Albert Einstein teve a possibilidade de realizar um curso no final do sec. XIX, que o estudante português não tem no início do séc. XXI. Mas, porque não deixar os estudantes portugueses seguir as pisadas de Einstein?
  • Referência bibliográfica: Albert Einstein. Collected Papers of Albert Einstein. Vol. I. J. Stachel (ed.) (1987). Princeton: Princeton University Press.

segunda-feira, 28 de novembro de 2005

AGENDA DO CEHCNS: Criada secção de História e Filosofia das Ciências no Instituto Rocha Cabral

Foi constituída uma secção de História e Filosofia das Ciências no Instituto Rocha Cabral, aproveitando a experiência de colaboração entre os investigadores desta área pertencentes ao Instituto.
Logo SHFC
A secção dedica-se à investigação sobre os mais variados aspectos da História e Filosofia das Ciências, mas dada a própria natureza, objectivos científicos e história do Instituto, é dada uma particular atenção à História das Ciências Biológicas, tanto na vertente das Ciências Naturais, como da Medicina e da Saúde.

A existência de secções tem uma longa tradição no Instituto Rocha Cabral. Como referiu em 1934 o seu primeiro director, ``logo de princípio se estabeleceu neste Instituto a divisão em secções". As quatro secções iniciais foram as de Fisiologia, de Histologia e Embriologia, de Bacteriologia e de Química biológica. A secção de História e Filosofia das Ciências é a quinta secção a ser constituída.

A secção é constituída por:

* Coelho, Ricardo Lopes
* Correia, Clara Pinto
* Dias, José Pedro Sousa
* Pinto, Ruy Carvalho

O Centro de Estudos de História das Ciências Naturais e da Saúde continua a existir, passando a integrar as actividades da secção. O CEHCNS mantém a sua identidade, estrutura e autonomia, com membros que não pertencem à secção, e com as suas actividades próprias.

Entre as actividades a curto prazo da secção conta-se o início de um plano de publicações, a organização de uma biblioteca de História e Filosofia das Ciências e a manutenção de uma página na Internet.

Mais informações no endereço da página da secção: http://www.ircabral.org/shfc/

AGENDA: Segunda Conferência Internacional da SEHC

O Global e o Local: A História da Ciência e a Integração Cultural da Europa

Cracóvia, Polónia. 6-9 de Setembro de 2006

A Segunda Conferência Internacional da Sociedade Europeia de História da Ciência (ESHS/SEHC) terá lugar em Cracóvia e será organizada conjuntamente com várias instituições polacas.

Prazo limite para o envio de resumos para comunicações: 15 de Março de 2006
Prazo limite para inscrição: 1 de Junho de 2006

Mais informações na página da Sociedade: http://www.eshs.org/news/conference.html

sexta-feira, 25 de novembro de 2005

LER: História da Medicina no Wellcome

A Wellcome Library for the History and Understanding of Medicine e o Wellcome Trust Centre for the History of Medicine at UCL, em Londres, produzem e disponibilizam gratuitamente um apreciável conjunto de recursos online para a história da medicina, de que destacamos:

Medical History Volume 49, Number 1Medical History. Revista de alta qualidade de história da medicina, publicada desde 1957. Todos os 49 volumes se encontram integral e gratuitamente disponíveis, através do PubMed Central.


Wellcome History. É um boletim destinado principalmente à comunicação entre investigadores ligados aos centros subsidiados pelo Wellcome Trust. Publica pequenas notas de investigação, descrição de projectos em curso, recensões, notícias, etc. Disponível online em http://www.wellcome.ac.uk/node5430.html.

Medical journals backfiles digitisation project. Projecto do Wellcome Trust em colaboração com o Joint Information Systems Committee (JISC) e a National Library of Medicine (NLM). Visa disponibilizar colecções inteiras desde o início da publicação de revistas médicas, como o Biochemical Journal (desde 1951) e o Medical History (desde 1957), já disponíveis através de PubMed Central. Mais informações, incluindo a lista das revistas incluídas no projecto, em http://library.wellcome.ac.uk/node280.html.

MedHist. É actualmente o mais completo portal de locais Web de história da medicina. Endereço: http://medhist.ac.uk/.

Para além destes recursos, os interessados podem ainda pesquisar todo o catálogo de livros da biblioteca e de manuscritos do arquivo, pesquisar a colecção de imagens de medicina e visualizar alguns (só três) manuscritos através do projecto Turning the pages.

quinta-feira, 24 de novembro de 2005

LER: Mais Einstein e E=mc²

Albert Einstein
Mais do centenário

Uma colecção de ligações retiradas do The Scout Report, vol. 11, mum. 47, 25 Nov.2005. Locais que incluem a BBC, o American Museum of Natural History, o Nobelprize.org, o Public Broadcasting Service (PBS) e o Center for the History of Physics do American Institute of Physics.


Einstein equation marks 100 years
http://news.bbc.co.uk/2/hi/science/nature/4457020.stm

Einstein's E=mc² inspires ballet
http://news.bbc.co.uk/2/hi/entertainment/4145797.stm

American Museum of Natural History: Einstein
http://www.amnh.org/exhibitions/einstein/

Albert Einstein Biography
http://nobelprize.org/physics/laureates/1921/einstein-bio.html

Einstein’s Big Idea
http://www.pbs.org/wgbh/nova/einstein/

The Center for the History of Physics: Albert Einstein Image and Impact
http://www.aip.org/history/einstein/

FERRAMENTAS: Processar documentos com o LyX

Falar de processar documentos científicos fora do MS Word, só por si já basta para indiciar algum grau de bizarria académica. Falar de o fazer sem usar um processador de texto que seja inteiramente compatível com o mesmo programa (como o Writer do OpenOffice.org), isso pode mesmo equivaler a uma manifestação pública de insanidade. No entanto, é precisamente isso que vou aqui fazer. O LyX é o programa cuja utilização me convenceu em definitivo a trocar o Windows pelo Linux, há já alguns anos, o que hoje, só por si, já não seria necessário, dado existir uma versão do LyX que funciona adequadamente no Windows. É com este programa que escrevo tudo o que sejam documentos de investigação e ensino, quer estes se destinem a ser impressos em papel, distribuídos em PDF, ou publicados na Web em HTML. Também utilizo o Writer, mas praticamente só para a correspondência ou para pequenos textos que se destinem a ser alterados por colegas que só usam o Word. Para os textos de médias ou grandes dimensões em que o formato Word tenha que ser utilizado, prefiro proceder à conversão no final do processo, utilizando uma das ferramentas disponíveis. Não é aqui o momento para discutir esta questão, mas a utilização do formato proprietário e binário do *.DOC do MS Word como standard de facto para a comunicação electrónica de documentos constitui uma aberração e um risco do ponto de vista técnico e um erro e uma má prática do ponto de vista científico. Até o Estado do Massachussets já percebeu isso (ver artigo no Groklaw).

LyX mascot

O LyX é um programa que funciona como uma interface gráfica do LATEX, permitindo que um investigador utilize os recursos avançados desta linguagem sem necessitar de a conhecer. No futuro próximo, o LATEX será naturalmente substituído pelo XML, nomeadamente pelo DocBook XML, mas os processadores de documentos neste último formato, pelo menos os de software livre, ainda são muito rudimentares e pouco práticos. O LyX é, nas palavras dos próprios autores, um processador de documentos. Isto significa que, embora a utilização do LyX tenha parecenças com a de um processador de texto, o utilizador só necessita de se concentrar na redacção do conteúdo e na atribuição de categorias e de algumas propriedades aos diferentes elementos do texto. O LYX funciona um pouco como um processador onde o autor atribui estilos aos diferentes parágrafos e elementos do documento, mas onde não tem que se preocupar com o aspecto dos mesmos, excepto através da definição global do tipo de documento que pretende produzir. Da formatação final do mesmo, encarrega-se o próprio sistema de composição, o TEX. Aquilo que o utilizador visualiza no monitor é uma imagem representando o que ele pretende que o texto seja, não como este ficará depois de composto, embora esta última imagem possa ser visualizada a qualquer momento.

Complicated LyX    screen shot showing a rendered image, a table, maths equations and footnotes
Como todas as interfaces gráficas, o LyX, introduz algumas limitações aos recursos e opções do LATEX, mas mesmo isso não constitui um problema. Além de podermos incluir comandos do LATEX directamente no texto, dentro do próprio LyX, temos sempre a possibilidade de produzir um ficheiro em LATEX, modificá-lo com um editor de texto e processá-lo directamente como o faríamos sem o LyX. Se não necessitarmos de funcionalidades não incluídas no LyX, nem sequer necessitamos de ver ou processar o LATEX. O programa faz tudo isso na retaguarda e cria os ficheiros necessários em pastas temporárias, longe da nossa vista.

O LyX é já um programa estável e maduro, mas continua a ser desenvolvido, embora algo lentamente. Actualmente, o programa inclui:

  • Suporte para várias classes de documentos (artigos, livros, relatórios, cartas, diapositivos);
  • Inclusão de notas de rodapé e de margem, de referências bibliográficas, de figuras, de tabelas e de referências cruzadas;
  • Numeração de secções e formação automática do índice de conteúdos;
  • Formação automática de bibliografias e de índices de figuras, de tabelas e de termos.
  • Correcção ortográfica
  • Editor de equações matemáticas
A sua página oficial é em http://www.lyx.org. Aqui podemos obter as últimas versões do programa e informações sobre o seu desenvolvimento, assim como inscrevermo-nos na respectiva lista de correio electrónico de utilizadores. A versão nativa é em Linux, mas existem versões adaptadas para o Windows (LyX WikiWiki - Windows) e o Mac OS X.

quarta-feira, 16 de novembro de 2005

AGENDA: Conferências no Instituto Rocha Cabral

Conferências no Instituto Rocha Cabral
Logo IRC

Cç. Bento Rocha Cabral, 14, Lisboa (Largo do Rato). Telef./Fax 213882993

28 de Novembro, Segunda-feira ás 21.15 horas
“A Radioactividade em Portugal”
Doutora Isabel Serra – Prof. Aux. Fac. Ciências e Doutora Maria Elisa Maia – Prof. Aux. (aposentada) Química da F.C.U.L.

5 de Dezembro, Segunda-feira ás 21.15 horas
“Do princípio de Einstein”
Doutor Ricardo Lopes Coelho – Prof. Aux. da FCUL / Univ. Téc. De Berlim

7 de Dezembro
, Quarta-feira ás 21.15 horas
“Manuel Valadares e a Investigação em Física em Portugal”

Prof. Doutor Fernando Bragança Gil – Prof. Cat. (Jubilado) Física da F.C.U.L.

13 de Dezembro, Terça-feira ás 21.15 horas
“O que é a Vida ?”
Prof. Doutor Ruy Carvalho Pinto – Prof. Cat. (Jubilado) Bioquìmica da FCUL e Director do Instituto Rocha Cabral

LER: Einstein Archives Online

Na série dos manuscritos de cientistas disponíveis online, não podia naturalmente escapar Albert Einstein.
bgimage A página Einstein Archives Online permite o acesso directo à imagem electrónica de 900 documentos dos Arquivos de Albert Einstein e a uma base de dados contendo 43.000 entradas respeitantes a documentos de e sobre Einstein (Archival Database).
Manuscript in German of an article published in English as "E=mc: The Most Urgent Problem of Our Time". Published in Science Illustrated, 1946
Einstein Archives Online é um projecto conjunto dos Albert Einstein Archives em Jerusalém e do Einstein Papers Project, responsável pela edição em papel dos Collected Papers of Albert Einstein, recentemente adquiridos pelo Instituto Rocha Cabral.

LER: Mais Newton (e as revelações de S. João)

A página do The Newton Project, referida no texto anterior, está a ser alvo de grandes mudanças.
Uma antevisão das mesmas (ainda em fase beta) pode ser obtida no endereço:
http://www.newtonproject.imperial.ac.uk/prism.php?id=1
Uma interface renovada, um sistema de apresentação de conteúdos dinâmicos baseados numa base de dados e, principalmente, mais textos.
Destaque para a edição electrónica daquele que é, até agora, o maior documento do projecto (cerca de 650 fls.), o manuscrito Yahuda Ms. Var. 1 Newton Ms. 1 da Biblioteca Universitária e Nacional Judaica de Jerusalém. O manuscrito é um ensaio que procura estabelecer uma correlação entre a queda do Império Romano e os primeiros tempos do cristianismo e as profecias do Apocalipse de S. João. Terá sido escrito nas décadas de 1670-1680. O texto encontra-se na sua maior parte em inglês. Outros textos foram igualmente acrescentados, como largos extractos (o cap. 1 e outros extractos) do livro The Pillars of Priestcraft Shaken: The Church of England and its Enemies, 1660-1730 (Cambridge University Press: 1992) de Justin Champion.

segunda-feira, 14 de novembro de 2005

LER: A química de Isaac Newton

Publicar electronicamente todos os manuscritos alquímicos de Isaac Newton, é o objectivo do projecto The Chymistry of Isaac Newton, dirigido pelo Prof. William R. Newman, do Department of History and Philosophy of Science da Indiana University, em colaboração com o IU Digital Library Program e em associação com o magnífico The Newton Project - sediado no Imperial College de Londres.
Image of a copper engraving
Os manuscritos serão transcritos, codificados em XML, de acordo com a normas da Text Encoding Initiative (TEI) e publicados na Web.

Para já, os interessados podem ver o que é considerado o mais completo caderno de laboratório de Newton (Add. MS. 3975, Cambridge University Library, Cambridge University).


A página inclui igualmente uma introdução sobre Newton e a Alquimia, a descrição técnica do projecto e um guia dos símbolos alquímicos.

Excerpt of Newton's Alchemical ManuscriptThe Chymistry of Isaac Newton

http://webapp1.dlib.indiana.edu/newton/index.jsp

domingo, 9 de outubro de 2005

LER: Fórum de discussão sobre História da Eugenia


O propósito do H-Eugenics é o de proporcionar um espaço de discussão entre todos aqueles que se interessam pela História da Eugenia. Uma discussão de fontes primárias e secundárias. Uma discussão de aspectos específicos da História da Eugenia à medida que vão surgindo na lista de participantes. Uma discussão que poderá revelar-se um brainstorming de novas ideias para novos livros, artigos, cursos. Uma discussão dos mais recentes livros sobre o tema. E, finalmente, uma discussão sobre a relação dos procedimentos biomédicos do século XXI e as modificações genéticas à eugenia (i.e. "neo-eugenia").

O que é a eugenia? O termo eugenia foi criado por Francis Galton (1822-1911) que o definiu como «o estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações seja física ou mentalmente.»

Para integrar este grupo de discussão e partilhar com especialistas na História da Eugenia dos quatro cantos do mundo, subscreva o fórum em:
http://www.h-net.org/~eugenics/.

domingo, 10 de julho de 2005

LER: O aborto na antiguidade

O aborto é um dos mais controversos temas das sociedades contemporâneas, capaz de gerar as mais impetuosas discussões basedas em convicções e argumentos da mais variada natureza. Neste livro, Konstantinos Kapparis mostra-nos que este tema não é uma novidade das sociedades modernas mas somente a mais recente manifestação de um velho e inconclusivo debate que começou há milhares de anos atrás e que continua ainda a hoje em plena actividade. Por outro lado, as intenções de Konstantinos são claras: ele pretende acima de tudo analisar a ligação entre as perspectivas modernas e da antiguidade sobre o aborto e também como este assunto nos pode esclarecer quanto a aspectos legais, religiosos, políticos e culturais do mundo da antiguidade. Em sete capítulos e dois apêndices, dos quais se destaca uma utilíssima tradução comentada da obra Pseudo-Galénica An animal sit quod est in utero, este livro oferece-nos uma excelente abordagem de um tema tão sério e importante, e mostra-nos também como as ideias da Antiguidade definem e continuam a influenciar o debate contemporâneo.

Abortion in the ancient world
Konstantinos Kapparis
London: Duckworth, 2002, pp. viii, 264

LER: Instrumentos da história da electricidade e magnetismo nas ciências da vida

The Bakken Library and Museum disponibiliza em versão on-line a base de dados da sua colecção de artefactos relacionados com a história da electricidade e magnetismo e o uso destes mesmos artefactos na medicina e nas ciências da vida. Cerca de 90% da colecção de aproximadamente 2 mil artefactos foram inseridos nesta base de dados, incluindo imagens de quase todos os ítens. A informação disponibilizada inclui descrições, notas e uma imagem, bem como materiais, data, tamanho e peso, e uma lista de acessórios.

terça-feira, 28 de junho de 2005

LER: História das Ciências na Gallica

Le jardin du chateau d'Idstein peint par Johann Walther, 1652-1665 A Gallica é o serviço de disponibilização electrónica de textos à distância da Bibliothèque Nationale de France. É um recurso fabuloso de consulta gratuita, com mais de 70.000 livros digitalizados em modo imagem e mais de mil em modo texto, para além de conter 80.000 imagens e centenas de documentos sonoros. Os textos, incluindo livros e periódicos, podem ser vistos em formato PDF. O endereço geral é http://gallica.bnf.fr/
Além da possibilidades da pesquisa geral do respectivo catálogo, existem ainda mini-guias temáticos, incluindo a História das Ciências. Estes mini-guias incluem um apreciável número de obras, constituindo uma biblioteca básica de clássicos de História das Ciências.
Encontram-se divididos por períodos:
Les sciences au Moyen Âge
Les sciences au XVIe siècle
Les sciences au XVIIe siècle
Les sciences au XVIIIe siècle
Les sciences au XIXe siècle

quinta-feira, 23 de junho de 2005

LER: Scholarly Books

Eu não os conheço de parte nenhuma, apenas lhes comprei livros usados através da Amazon, mas quem põe uma fotografia como esta numa página comercial merece alguma publicidade grátis.

Os retratados, Rob e Alicia Wozniak mantém uma pequena empresa de venda de livros académicos através da Internet denominada Scholarly Books, com sede em Easton, nos EUA.

A especialidade deles é a história da psicologia e de outras áreas relacionadas com o cérebro, mas têm outros catálogos, incluindo um de História das Ciências em geral, que enviam a pedido por correio electrónico.

URL: http://www.scholarlybooks.com/

terça-feira, 21 de junho de 2005

LER: Darwin Online

As obras completas de Charles Darwin online

Os professores James Secord (Department of History and Philosophy of Science, University of Cambridge) e Janet Browne (Wellcome Trust Centre for the History of Medicine, University College London) receberam uma bolsa de três anos para editar na WWW uma colecção académica completa das obras de Charles Darwin. A colecção incluirá textos impressos e manuscritos, exceptuando a correspondência, objecto de outro projecto de edição electrónica, o Darwin Correspondence Project.

Darwin in 1878










O projecto será realizado no Centre for Research in the Arts, Social Sciences and Humanities (CRASSH) na Universidade de Cambridge. O projecto visa tornar toda a obra de Darwin acessível electronicamente à pesquisa académica, com anotações e informação bibliográfica e arquivística. A colecção incluirá o texto digital e a sua reprodução fotográfica, assim como informação relativa às páginas e fólios originais.

Para mais informação:

The complete work of Charles Darwin online
http://darwin-online.org.uk

Outros locais com textos de Darwin:

Darwin Correspondence Project
http://www.lib.cam.ac.uk/Departments/Darwin/

The writings of Charles Darwin on the web
http://pages.britishlibrary.net/charles.darwin/

quinta-feira, 16 de junho de 2005

AGENDA DO CEHCNS: Nova página do Centro

Página do CEHCNS

A página actualizada do CEHCNS encontra-se agora na área WWW do Instituto Rocha Cabral. O endereço anterior foi desactivado.

URL: http://www.ircabral.org/cehcns/index.html

Image cumprimento

Os anteriores endereços de correio electrónico do CEHCNS também migraram para o novo domínio [ircabral.org ].
  • Exemplo: cehcns[arroba]ircabral.org
  • Medida anti-SPAM: substituir [arroba] pela própria @

sexta-feira, 10 de junho de 2005

AGENDA: Ciência, Tecnologia e Género

VI Congreso Iberoamericano de Ciencia, Tecnología y Género
Graphical element

Terá lugar em Zaragoza, Espanha, de 11 a 15 de Setembro de 2006, organizado pelo Seminario Interdisciplinar de Estudios de la Mujer da Universidade de Zaragoza

Os temas incluem, entre outros, a "História, psicología e sociologia da ciência desde a perspectiva de género (biografias, testemunhos, instituições, culturas tradicionais).

Data limite para resumos: 8 de Março de 2006

A primeira circular encontra-se em:
http://wzar.unizar.es/siem/Agenda/Congreso.html

AGENDA DO CEHCNS: Última Conferência da série na Culturgest

Relembramos que é sexta-feira, dia 17 de Junho, pelas 18:30, a próxima conferência do ciclo "Histórias da Ciência. Os Dez Primeiros Capítulos", na Culturgest.
Esta será a última deste ciclo de conferências.
Historias da Ciencia

17 de Junho
Dr. António José Albuquerque
Hospital Júlio de Matos
Personagens históricos e literários e síndromas psiquiátricos associados

Conferência:

17 de Junho
18h30
Pequeno Auditório/Sala 2

Produção Centro de Estudos da História das Ciências Naturais e da Saúde (CEHCNS) – Instituto de Investigação Científica Bento da Rocha Cabral (IICBRC) / Culturgest

http://www.culturgest.pt/actual/historias_da_ciencia.html

sexta-feira, 3 de junho de 2005

AGENDA: Workshop na Web sobre História Oral

O Instituto para a História Oral da Universidade de Baylor (EUA) promove um workshop na web sobre História Oral e que introduz os conceitos básicos da história oral na investigação, dando particular ênfase ao processo de entrevista.

Este workshop está permanente disponível em: http://www3.baylor.edu/Oral_History/Workshop.htm

sexta-feira, 27 de maio de 2005

LER: Postilla Religiosa e Arte de Enfermeiros

Editado livro histórico da Medicina e Enfermagem portuguesas
A edição facsimilada de "Postilla Religiosa e Arte de Enfermeiros", primeiro livro português sobre a missão de cuidar, editado em 1741, foi apresentada ao público pelo Professor Luís Nuno Ferraz de Oliveira, no passado dia 9 de Maio, numa iniciativa do Departamento de História da Medicina da Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa.



A Arte de Enfermeiros

Na Dedicatória de um livro datado de 1741 lê-se: “…desejando que os meus discípulos ficassem com alguma utilidade no limitado do meu ensino, lhes ditei esta Postilla Religiosa e pratiquei esta Arte de Enfermeiros para melhor inteligência na aplicação dos remédios...”. O autor é Fr. Diogo de Santiago, religioso da Ordem de S. João de Deus e é o primeiro manual conhecido, em português, sobre o exercício da enfermagem.
Trata-se de uma obra acabada de sair do prelo, em edição “fac-símile” de um exemplar existente na Academia das Ciências de Lisboa, com a apresentação do Prof. Luís Graça, da Escola Nacional de Saúde Pública e introdução do Pe. Aires Gameiro, da Ordem Hospitaleira de S. João de Deus.
É uma edição ALCALÁ, que promete para breve mais obras “fac-similadas”, com interesse para a História da Medicina Portuguesa.
Mais informações: 218803048 (FCML), 217213300 (OHSJD)

AGENDA: A Arte de Curar em África


Sociedade de Geografia de Lisboa
Secção de História da Medicina
(Em memória do Prof. Barbosa Sueiro)
Exposição e Conferências: Junho-Julho 2005
21 Junho: 16h30
A arte de curar em África: entre a tradição e a modernidade
Abertura:
Margarida Marques (representante da CE)
Luis Aires-Barros
Luis Nuno Ferraz de Oliveira
José Luis Doria
29 Junho: 18h00
A medicina tradicional e as colecções etnográficas da SGL
Manuela Cantinho
6 Julho: 18h00
A arte de curar em África e as acções do Instituto de Higiene e Medicina Tropical
Jorge Torgal
13 Julho: 18h00
Saúde e Tradição na Zona de Nampula: Perspectivas etnológicas, teo-antropológicas e médica
Pedro Guilherme Kulyumba & Juse Luzia Gonçalves
27 Julho: 18h00
A arte de curar na minha vida profissional em África
Luis N. Ferraz de Oliveira
Encerramento da Exposição
***
Todas as sessões decorrerão na Sociedade de Geografia de Lisboa - Rua das Portas de Santo Antão, 100 - Lisboa (ao lado do Coliseu dos Recreios de Lisboa)

terça-feira, 24 de maio de 2005

FERRAMENTAS: Echo - Exploring and Collecting History Online

O Projecto Echo - Exploring and Collecting History Online, desenvolvido pelo Center for History and New Media, da George Mason University, começou em 2001 e visa desenvolver novas abordagens para a recolha de fontes históricas através da Internet.
Echo encontra-se centrado na História Recente da Ciência, Tecnologia e Indústria. Embora alguns dos métodos utilizados sejam algo discutíveis, nomeadamente as formas de obtenção de inquéritos e entrevistas através da Internet, tanto o projecto como os seus resultados merecem ser acompanhados. A página do Projecto Echo encontra-se dividida em quatro secções. A primeira, denominada Research Center, contém um apontador anotado de sites sobre História da Ciência. A segunda secção, o Collecting Center, é dedicada aos locais que privilegiam a recolha de materiais históricos. Na terceira secção, Tools Center, são disponibilizadas uma série de ferramentas livres e gratuitas interessantes. A secção final, denominada Resource Center, contém guias introdutórios e normas de boas práticas para a "história digital".
Entre as ferramentas, destacamos o programa Scribe, destinado à recolha de notas bibliográficas e de leitura no âmbito da pesquisa histórica. Scribe é uma aplicação do FileMaker, disponível para Windows e Mac (não para Linux). Não é ainda a aplicação ideal nesta categoria, mas é suficientemente utilizável. As notas podem ser ligadas com as referências bibliográficas, com um glossário e com uma cronologia, mas falta-lhe flexibilidade na formatação de resultados (por exemplo, na obtenção de referências), além de, claro, lhe faltar uma versão para Linux.

http://echo.gmu.edu/index.php

quarta-feira, 18 de maio de 2005

AGENDA: Conferência em Londres. Formas de Fazer e de Conhecer

Ways of Making and Knowing: The Material Culture of Empirical Knowledge

Um programa interdisciplinar e percorrendo vários períodos históricos sobre a interligação entre o mundo material e o mundo do espírito científico.

Local e Data: Londres, de 11 a 15 de Julho de 2005

Organização: Wellcome Trust Centre for the History of Medicine at UCL, Wellcome Trust e Yale Center for British Art.

Terá lugar em várias instituições e locais: Chelsea Physic Garden, British Museum, Royal Botanical Gardens at Kew, Natural History Museum, Victoria and Albert Museum e Painshill Park.
URL:
http://www.ucl.ac.uk/histmed/events11-07-05.html

Programa em PDF:
http://www.ucl.ac.uk/histmed/PDFS/Events/Prog-GEN.pdf

terça-feira, 19 de abril de 2005

FERRAMENTAS: Software Livre em Windows I

A utilização do Software Livre é normalmente associada ao GNU/Linux. Na verdade, este é o mais importante Sistema Operativo (SO) desenvolvido como software livre, mas estas aplicações podem correr em outros SO, mesmo no Windows. É um pouco como manter um espírito livre numa sociedade totalitária, mas pode ser feito. Entre outras razões, permite uma habituação gradual e progressiva a um novo mundo. Este tema será desenvolvido em próximos posts, tratando de aplicações que nós próprios testámos, mas para já aqui ficam alguns locais onde pode ser obtida informação.
lldemars_win
FRAMASOFT
Les aventures d'un peuple MIGRATEUR
http://www.framasoft.net
Windows
FRAMASOFT
850 logiciels répondent à la sélection
http://www.framasoft.net/mot56.html

The OSSwin project: Open Source for Windows!
http://osswin.sourceforge.net/

Winlibre, Free Software for Windows
http://www.winlibre.com/en/

TheOpenCD
Quality Open Source for Windows
http://www.theopencd.org/

Colibris (COntenu LIBRe pour Institutions Scolaires)
http://www.mille.ca/mille/colibris/index.htm

quarta-feira, 6 de abril de 2005

AGENDA: Conferências nos Museus da Politécnica

Conferências
Local: MNHN R. da Escola Politécnica, 58 1250-102 Lisboa

"Kant e o Terramoto de Lisboa: Tempo Cósmico e Evolução"
(Viriato Soromenho Marques - Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa)
Data: 7 de Abril de 2005, 18h00
URL: www.mnhn.ul.pt


"Barboza du Bocage e o seu tempo"
(Carlos Almaça - Departamento de Biologia Animal da FCUL)
Data: 11 de Abril de 2005, 18h00
URL: www.mnhn.ul.pt/zoologia/zoologia.htm

"O MNHN e o seu Museu Mineralógico e Geológico – do Terramoto ao Futuro"
(Fernando JAS Barriga - Museu Nacional de História Natural e Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa)
Data: 28 de Abril de 2005, 18h00
URL: www.mnhn.ul.pt

“Cem anos de Ensino e Investigação de Antropologia Biológica no Museu Bocage e na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa”
(Mestre Hugo Cardoso)
Data: 9 de Maio de 2005, 18h00
URL: www.mnhn.ul.pt/zoologia/zoologia.htm

Novas Exposições

"Exposição Comemorativa "Cem anos de MUSEU BOCAGE""

Data: 11 de Abril a 15 de Junho de 2005
URL: www.mnhn.ul.pt/zoologia/zoologia.htm

terça-feira, 5 de abril de 2005

CONTEÚDOS: Imagens de Arquivos

O contacto com os arquivos documentais é uma experiência de intensidade única. Ser transportado em espírito para uma dada época, através leitura de um texto cujo suporte original se encontra nas nossas mãos é algo difícil de descrever. Mas é algo muito forte, por vezes, mesmo perturbador. Ler e tocar um processo do Santo Ofício, com uma sessão do inventário, saber que o homem que o tocou e redigiu se encontrava na presença do preso, torna-nos sensitivamente - mesmo dolorosamente - conscientes da materialidade do que estamos a estudar.

Curiosamente, este é o tipo de experiência com fontes (mesmo à distância) a que o grande público é mais alheio, menos habituado à visualição de fontes escritas, que à das materiais, muito mais abundantes nos museus. Por isso nos parece particularmente importante chamar a atenção para
a Exposição Conteúdo e Vestimenta: imagens de Arquivos, agora disponível On-Line em:

www.evora.net/apbad/default.htm


A autora dos textos e das fotografias da Exposição é a
Marta Nogueira, licenciada em História e arquivista.

As imagens são muito bonitas. Dão-nos novas perspectivas e visões dos arquivos, dos documentos, da escrita e dos objectos para sua preservação. Não são a mesma coisa que manusear um processo da Inquisição, mas preparam-nos para essa experiência.

AGENDA DO CEHCNS: Conferências na Culturgest

Relembramos que é sexta-feira, dia 8 de Abril, pelas 18:30, a próxima conferência do ciclo "Histórias da Ciência. Os Dez Primeiros Capítulos", na Culturgest.
Historias da Ciencia

8 de Abril
Prof. Alexandre Castro Caldas
Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica de Lisboa
Histórias do Cérebro

Conferências seguintes:

13 de Maio
Profª Ana Maria Rodrigues
Departamento de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
Anjos ou homens? Reflexões sobre a identidade do género do Clero masculino medieval

17 de Junho
Dr. António José Albuquerque
Hospital Júlio de Matos
Personagens históricos e literários e síndromas psiquiátricos associados

Conferências:
8 de Abril, 13 de Maio e 17 de Junho
18h30
Pequeno Auditório e Sala 2

Produção Centro de Estudos da História das Ciências Naturais e da Saúde (CEHCNS) – Instituto de Investigação Científica Bento da Rocha Cabral (IICBRC) / Culturgest

http://www.culturgest.pt/actual/historias_da_ciencia.html

quarta-feira, 30 de março de 2005

CONTEÚDOS: Curar uma doença com outra doença

Durante grande parte do século XX os homens de ciência encetaram uma busca incansável na tentativa de descobrir a cura da esquizofrenia e da doença maníaco-depressiva, doenças estas que assolavam as sociedades humanas há vários séculos e condenavam os pobres coitados aos manicómios que serviam de depósitos humanos de loucos e loucuras. Isto fez com que também o século XX fosse extremamente rico em experimentação no âmbito da psiquiatria. E as histórias multiplicam-se. Esta, hoje, fala-nos sobre a ideia de curar uma doença com outra doença, que é como quem diz, virar o feitiço contra o feiticeiro.
Tudo começa com uma observação inquietante. Durante o seu internato num manicómio, em 1883, Julius Wagner-Jauregg (1857-1940) observa que um doente psicótico que tinha contraído uma infecção por estreptococos tivera uma remissão da sua psicose. Isto deixou-o com a «pulga atrás da orelha» sobre esta misteriosa relação entre a febre e a loucura que, note-se, já há muito tempo vinha sendo estudada. Em 1887 Wagner publica um artigo onde especulava sobre a possibilidade de tratar a psicose através da febre. E mais. Mencionava a neurossífilis (o grande fantasma da classe média do século XIX) como passível desse tratamento. Ainda nesse artigo sugere uma metodologia: inocular os doentes psicóticos com sangue de doentes com malária. E a partir daqui a estória vai tornando-se cada vez mais interessante. É que em 1890 o microbiologista Robert Koch tinha desenvolvido uma vacina contra a tuberculose – a tuberculina. Wagner aproveitou a ideia e fartou-se de inocular a tuberculina em vários doentes cujos sintomas de psicose eram causados pela neurossífilis. O objectivo era simples: causar febre. A ideia subjacente era que a febre impedia o progresso da neurossífilis, tendo como argumento que as espiroquetas da sífilis eram sensíveis ao calor. Na prática, as remissões dos sintomas aconteciam mesmo. Mas, e há sempre um mas, em 1909 Wagner acabava por deixar de usar a tuberculina por esta ter sido considerada tóxica. A ideia inicial é então retomada. Em 1917 Wagner inoculou um doente psicótico com sangue de um soldado regressado da guerra infectado com malária. Os resultados foram surpreendentes. Em 1918 faz a sua primeira comunicação sobre a malarioterapia, descrevendo os efeitos da cura num total de nove doentes. Foi um momento histórico. Mais do que uma tentativa de cura, esta terapêutica arrasava completamente o niilismo terapêutico enquistado na psiquiatria de ontem. E em 1927, Wagner-Jauregg acabava mesmo por receber o prémio Nobel da Medicina.

Em Portugal, a Casa de Saúde do Telhal apareceu na vanguarda dos institutos psiquiátricos que usaram a malarioterapia no tratamento dos paralíticos gerais. O método usado era absolutamente extraordinário. Em vez de sangue contaminado, usavam mosquitos infectados. Pediam então mosquitos infectados às estações sezonáticas. Estas enviavam-nos dentro de cilindros de papelão com as duas bases fechadas com gaze. Colocavam-se depois esses cilindros entre as coxas dos doentes de forma a ficarem em contacto com a gaze. Os mosquitos picavam imediatamente e dias depois apareciam com febres palustres de várias formas. E depois de um certo número de acessos febris, procedia-se à aplicação do quinino, para tratar o paludismo.

E depois, pronto, veio a Idade do Prozac, um tempo em que os cientistas sintetizam novas moléculas e as transformam naqueles comprimidinhos que gostamos de acreditar serem milagrosos. Todo o resto, é história.

quinta-feira, 24 de março de 2005

LER: O homem que sabia tudo

"O sábio aprende com todos os homens"
(Talmude da Babilónia)

Pico della Mirandola terá sido um destes homens mencionados pelos rabinos: um verdadeiro sábio, que marcou profundamente a maneira de pensar do século XVI e deixou repecursões que agitaram o pensamento dos períodos subsequentes.






O livro O homem que sabia tudo é um romance de grande interesse, da autoria de Catherine David, onde encontramos retratada a vida de Pico e, ao mesmo tempo, de toda uma sociedade renascentista que o envolve, onde as festas e as delícias e intrigas da vida palaciana coexistem os jogos de ideias, os dramas, e os conflitos de um tempo incomparável de mudança da face da Europa. Um dos pontos altos desta esgrima de ideias é a controvérsia entre Pico e um outro grande filósofo do período, Michele Savonarola, sobre o lugar ideal para procurarmos a essência dos verdadeiros ensinamentos de Cristo. Foi neste processo que Pico atingiu o píncaro de complexidade agora conhecido como A Cabala Cristã, poventura um dos legados mais interessantes do Renascimento para a nossa bagagem intelectual. E não partamos daqui sem recordarmos sempre, como citação de cabeceira a repetir e acarinhar todas as manhãs, esta frase inesquecível de Pico:
"Nada é mais fraco do que o homem, nem mais forte do que o amor".
Obrigado, António.


Ulisseia, 2003
Tradução de Maria Bragança
395 pp.

BOM DEMAIS PARA SER VERDADE: Newton

[depois de uma longa disseretação sobre a imponência da gravitação universal] "Mas o que eu não daria para conseguir antes falar da magnífica obra de Deus na linguagem dos poetas!"
(na sua correspondência com o físico Robert Boyle)

BOM DEMAIS PARA SER VERDADE: Keats

"Esse homem? Destruiu toda a beleza do arco-íris quando o transformou nas sete cores da luz branca!"
(referindo-se a Newton, que considerava um inimigo funesto da poesia)

BOM DEMAIS PARA SER VERDADE: Woodsworth

"Esse homem? Não comprrende a beleza de nada que não sejam os três vértices de um triângulo equilátero!"
(referindo-se a Newton, que considerava um inimigo funesto da poesia)

quarta-feira, 23 de março de 2005

BOM DEMAIS PARA SER VERDADE: Jan Swammerdam

"Porque a sabedoria de Deus está lá toda matematicamente provada"
(considerado o último lamento do microscopista holandês do século XVII antes de morrer, mortificado por não ter conseguido acabar a tempo a sua monografia sobre as abelhas)

BOM DEMAIS PARA SER VERDADE: Schroedinger

"Deus é uma variável de que a minha equação não tem necessidade"
(note-se a semelhança temática com a citação de Laplace, reveladora ou de inspiração em fontes alheias ou de obcessão hagiográfica de afastar os grandes cientistas de Deus por via matemática)

BOM DEMAIS PARA SER VERDADE: Oscar Wilde

"Decididamente, um de nós está aqui a mais"
(para o papel de parede do seu quarto miserável numa pensão ranhosa de Paris, no dia antes de morrer)

CONTEÚDOS: História da Ciência nos currículos escolares

A IMPORTÂNCIA DA HISTÓRIA DAS CIÊNCIAS NO ENSINO CIENTÍFICO

O último século da cultura ocidental foi profundamente marcado por um espírito triunfalista e quase hegemónico em relação à ciência, que começou a elevar-se desde a década de 70 do século XIX à categoria de grande salvador universal. Dentro deste espírito, em breve todas as doenças seriam curadas, existiriam cidades na Lua e em Marte, todos os recursos do fundo do mar estariam incorporados na nossa subsistência, as semanas de trabalho teriam só quatro dias porque os robôs fariam praticamente tudo por nós, teríamos automóveis voadores, criaríamos novas espécies animais e vegetais de alta produtividade e alto valor alimentar, e até faríamos chover onde quiséssemos. É só nos finais do século XX que este espírito começa a ser questionado, e consequentemente a potencialidade da ciência como resolução para todos os nossos problemas começa a aparecer como cada vez menos credível. No entanto, esta nova mudança de atitude ainda não transitou minimamente para o ensino científico, em qualquer nível de ensino: continuamos a ensinar aos nossos alunos uma ciência que funciona como uma flecha ascendente orientada no sentido do progresso, com a arrogância de quem já detém todas as respostas para todas as perguntas do passado. Nesta secção dos CONTEÚDOS, visaremos discutir a forma como a incorporação da história da ciência nos currículos científicos pode ajudar os alunos a olharem para o conhecimento científico moderno com mais modéstia, com plena consciência de que o que nos dizem hoje os livros de texto terá forçosamente que ser alterado daqui a cinco anos e será certamente obsoleto daqui a mais dois séculos, e pelo menos com o rudimento da noção de que o desenvolvimento científico se organiza obrigatoriamente dentro do espectro inesgotável da inquietação e curiosidade humanas, que transcende em muito a mera colecção progressiva de dados e gera regularmente mudanças de paradigma que englobam todo o tecido social e moral pelo qual nos regemos (TO BE CONTINUED!!!!)

Villemard
"A l'Ecole"
Visions de l'an 2000, 1910
Chromolithograph
BNF, Département des Estampes et de la Photographie

segunda-feira, 21 de março de 2005

LER: Imagens da Ciência

Neste caso é mais VER.

A New York Public Library abriu ao público uma galeria digital de imagens que inclui, entre muitas outras, uma colecção intitulada:

Imagens da Ciência: 700 anos de Ilustração Científica e Médica

São mais de 340 imagens desde o século XIII aos princípios do século XX, relativas à astronomia, química, geologia, matemática, medicina e fisica.








Imagem:
E.L. Trouvelot. The planet Saturn. Observed on November 30, 1874, at 5h. 30m. P.M.

Ver em:
http://digitalgallery.nypl.org/nypldigital/

segunda-feira, 7 de março de 2005

LER: Conecta

Para quem está cansado de proceder à triagem de notícias sobre congressos e outras actividades interessantes no âmbito da História das Ciências, e de perdê-las no meio do imenso spam que enche as nossas caixas de correio, um colega espanhol faz isso por nós e envia-nos um boletim informativo electrónico com o resultado.
Enrique Perdiguero, actualmente em Alicante, na Universidade Miguel Hernandez, começou a editar Conecta há dez anos em Londres, a partir do então Wellcome Institute, e nunca mais parou.
Conecta é distribuído apenas em texto para facilitar a recepção por todos os interessados. Não tem quaisquer imagens, mas tem tudo o que interessa. O último número acabou de sair.

Gracias, Enrique.

Conecta

CONECTA
Boletin de Noticias sobre Historia de la Ciencia, la Medicina
y la Tecnologia
ISSN: 1576-4826

Vol.10, no.21, 7 de marzo de 2005
http://www.dsp.umh.es/conecta/

domingo, 6 de março de 2005

NAQUELE TEMPO: Mendeleev e a arrumação da Química

O químico russo, Dmitrii Ivanovitch Mendeleev nasceu em Tobolsk (Sibéria) a 8 de Fevereiro de 1834 e morreu em S. Petersburgo a 2 de Fevereiro de 1907. Estudou no Instituto Pedagógico Central de S. Petersburgo, onde obteve o diploma de professor de Ciências, formando-se em Química em 1856. Foi leccionar para Odessa, na Crimeia. Em seguida partiu Paris onde trabalha com Regnault e depois para Heidelberg (onde se torna amigo de outro químico e compositor famoso, A. Borodin), trabalhando em espectroscopia sob a orientação de Kirchhoff e Bunsen. Volta à Rússia e torna-se Professor a partir de 1863, assumindo a cátedra de química do Instituto Tecnológico de S. Petersburgo logo em 1866, com uma tese em “Combinações de água e álcool”.
Mendeleev empreendeu trabalhos sobre as propriedades do ar rarefeito e a compressão dos gases, tendo antecipado o conceito de Thomas Andrews (1869) da temperatura crítica dos gases. Estudou a natureza das soluções, que considerou sistemas líquidos homogéneos de compostos instáveis dissociáveis do solvente com a substância dissolvida. Investigou a expansão térmica dos líquidos e elabora fórmulas para exprimi-la. Mais tarde, na qualidade de conselheiro científico das forças armadas russas (1890) promoveu o estudo da nitrocelulose e contribuiu ainda para a preparação de uma pólvora sem fumo, à base de pirocolódio. Foi ainda conservador do Museu de Pesos e Medidas (1893).
Contudo, Mendeleev é um nome que ligamos à Tabela Periódica dos Elementos. Na verdade, Mendeleev classificou periodicamente os elementos químicos conforme seu peso específico, dispondo os elementos em ordem crescente de acordo com seu peso atómico. Apesar de outros cientistas terem anteriormente traçado sequências numéricas entre os pesos atómicos de certos elementos e notado conexões entre estes e as propriedades das diversas substâncias, Mendeleev é o primeiro a enunciar a lei cientificamente.
Deve referir-se ainda que Mendeleev não estava a par, p.ex., dos trabalhos de Newlands e da sua Lei das Oitavas (de 1864) e que o que hoje comemoramos são os 136 anos (1869) da sua apresentação pública na Sociedade Química Russa da classificação dos 63 elementos então conhecidos.
O salto de gigante, a revolução no mundo da química deve-se ao facto de ao estabelecer a analogia dos elementos em bases numéricas seguras, Mendeleev nota que as propriedades dos corpos simples se repetem periodicamente mas para isso é preciso deixar lacunas nos seus quadros. Além disso, em diversos casos, para ser mantida a ideia de periodicidade, a posição de alguns elementos devia ser trocada, pois não correspondia à que lhes competia, de acordo com o peso atómico determinado pelos químicos da época, principalmente pelo método analítico de Canizzaro. Assim, por exemplo, o telúrio
deveria ser colocado antes do iodo, embora o peso atómico do telúrio seja 128 e o do iodo 127. Assinalou também as inversões de outros pares de elementos como árgon e potássio, cobalto e níquel, e tório e protactínio.
Contudo a maioria dos químicos da época acolheram com algum cepticismo o trabalho de Mendeleev, e o seu trabalho podia ter caído no esquecimento caso não tivessem ocorrido alguns factos sensacionais. Em 1875 foi descoberto, perto dos Pirinéus, um novo elemento que, em homenagem à França ficou com o nome de gálio. Mais tarde (1879) foi descoberto o escândio, na Escandinávia, e também o germânio (1886), descoberto por um alemão que não “quis ficar atrás”. Em todos estes casos as propriedades dos elementos recém descobertos coincidiam espantosamente com as previsões. Para que uma teoria possa ser realmente útil em ciência ela deve não só explicar os factos conhecidos como também permitir prever outros a partir deles. Nestas condições o sucesso desta classificação de Mendeleev foi enorme.
As previsões de Mendeleev
foram todas verificadas. No que respeita aos pesos atómicos mal determinados, concluiu-se que elementos como o ítrio, o índio, o disprósio, o cério, o érbio, o lantânio, o tório ou o urânio estavam mal determinados. Por outro lado foram-se descobrindo sucessivamente todos os elementos que faltavam no quadro periódico de Mendeleev –p.ex., todo o grupo dos gases nobres, ou mesmo os que não são estáveis como o tecnécio.
Somente em 1913 Henry Mosely estabeleceu o conceito de número atómico; porém essa descoberta não provocou grandes alterações na classificação dos elementos feita por Mendeleev, apenas alguns rearranjos. Assim, a classificação de Mendeleev é a base da teoria da estrutura electrónica do átomo. Numerando-se em sequência os elementos de acordo com a sua classificação, verifica-se que o número de ordem de cada elemento é igual à carga positiva de seu núcleo atómico. Quanto às propriedades químicas, são sobretudo função da forma de agrupamento dos electrões em torno do núcleo. Quando a carga do núcleo aumenta de uma unidade e o número de electrões cresce respectivamente, os tipos de agrupamento de electrões repetem-se, o que determina a periodicidade nas alterações das propriedades dos átomos.
O destino (o cepticismo ?) não permitiu que lhe fosse atribuído o prémio Nobel (em 1906 ainda foi considerado pela comissão, mas um eloquente membro da mesma achou que o seu trabalho era “derivado” do de Cannizzaro…), tendo contudo sido agraciado com a medalha Davy (1882) e a medalha Copley (1905), da Royal Society de Londres. Em sua homenagem foi dado o seu nome ao elemento de número atómico 101 - Mendelévio.
Como soe dizer-se, “por detrás de um grande homem há sempre uma grande mulher…” e essa foi sem dúvida, Maria, sua mãe. Dmitrii era o 14º e ultimo filho do casal. Tendo o pai cegado com Dmitrii ainda novo, Maria, para sustentar a família, abriu uma fábrica de vidro. Quando Dmitrii está a acabar o liceu o pai morre e a fábrica arde. Maria pega no filho e vai Moscovo para que ele entre na universidade, mas os “barões” universitários de Moscovo são relutantes em admitir alguém de fora nestes tempos politicamente conturbados. Maria não desiste; pega no filho e vai para S. Petersburgo onde, depois de vários pedidos, o aceitam a um exame extraordinário para tentar a entrada no Instituto. Dmitrii entra para o Instituto e Maria morre pouco depois de tuberculose, consumida pelo cansaço de uma vida de labuta.
Antes de morrer, Maria diz-lhe: “Não te iludas, insiste no trabalho e não nas palavras. Procura a verdade científica e divina”. O filho não esquecerá estas palavras e na sua obra mais importante Osnovy chimii (Princípios de química, 1868 – 1870) escreve: “Esta investigação é dedicada à memória de uma mãe pelo seu filho mais novo. Conduzindo uma fábrica somente com seu trabalho ela pôde educá-lo. Instruiu-o pelo exemplo, corrigiu-o com amor, e a fim de o dedicar à ciência deixou com ele a Sibéria, gastando assim seus últimos recursos e forças”.
Mendeleev tinha uma maneira de ser muito terra-a-terra e gostava de conversar com os mouzhiks (camponeses) e gente simples. A sua maneira de falar cativava os alunos e as suas aulas estavam cheias. Tinha um grande sentido de cidadania e por isso mesmo, em 1890, declara várias injustiças na universidade; não obtendo do ministro a devida reivindicação, renuncia ao cargo de professor –a sua aula “final” é impedida pela policia, com medo que surjam tumultos.
Casou duas vezes, com Feozva Lascheva, que não amava, e mais tarde com Anna Ivanova Popova –de acordo com a Igreja Ortodoxa era considerado bígamo, no entanto, era tão famoso na Rússia, que o czar dizia “Mendeleev tem duas mulheres, sim, mas eu tenho só um Mendeleev”.
Este foi, sem dúvida um personagem da nossa história da ciência.
Ele “arrumou” a Química.

quinta-feira, 3 de março de 2005

AGENDA: Congresso História da Ciência

Congresso Internacional de História da Ciência
Globalização e Diversidade: difusão da Ciência e da Tecnologia através da História
24-30 Julho 2005
Beijing, China


Mais informações em: http://2005bj.ihns.ac.cn

BOM DEMAIS PARA SER VERDADE: Galileu

"E, no entanto, ela move-se"

(num murmúrio de protesto, depois de ter sido obrigado em tribunal a abjurar a teoria heliocêntrica)

BOM DEMAIS PARA SER VERDADE: Haldane

"Só se for uma predilecção um bocado desconcertante por escaravelhos"

(quando lhe perguntaram se não encontrava mesmo nenhuma marca do Desígnio Divino na Natureza, e tendo em conta que os coleópteros, onde se inserem os escaravelhos, são o maior grupo animal à superfície da Terra)

BOM DEMAIS PARA SER VERDADE: Laplace

"Sire, não tenho necessidade dessa hipótese"

Quando Napoleão lhe perguntou qual era, na sua opinião, o papel de Deus no Universo.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2005

LER: Discours sur le Bonheur

No século XVIII, em pleno Optimismo resultante de todas as inovações e possibilidades do período das Luzes, escreveram-se na Europa centenas de tratados sobre a felicidade, geralmente manuais de regras sobre a legitimidade de assumirmos que ela se atinge, seguidos de considerações sobre como conseguir atingi-la. De toda esta multitude confiante, destaca-se, pelas suas características muito próprias, o Discurso sobre a Felicidade de Madame Émilie du Châtelet, agora editado em Português pela Relógio d'Água, com um prefácio sóbrio e esclarecedor de Elisabeth Badinter.
Madame du Chatelet
Esta mulher espantosa, e infelizmente pouco recordada pela história, abandonou o marido sem hesitações para ir viver com Voltaire, separou-se dele já em idade avançada, e no entretanto foi musa de vários outros sábios da época, como Maupertuius e Huygens. Além de que foi uma das grandes promotoras da introdução das ideias de Newton no Continente, fazendo ela própria uma tra
dução dos Principia e encorajando a divulgação do conceito de gravidade enquanto mecenas de autores de tratados com títulos como Newton Para Senhoras. É notável, na sua reflexão sobre a felicidade, a simplicidade como reconhece o estatuto desfavorecido das mulheres em relação aos homens, todas as coisas que às mulheres são vedadas, sem por isso deixar de apresentar alternativas sobre o que uma mulher pode fazer para ser (quase) tão feliz como os homens.
Discurso

CONTEÚDOS: Mais da "BÍblia" de Celestino da Costa

SOBRE A DEDICAÇÃO À CAUSA

Toda obra grande es el fruto de la paciencia y de la perseverança, combinadas con una atención orientada tenazmente durante meses y aun años hacia el objecto particular. Así lo han confesado sabios ilustres al ser interrogados tocante al secredo de sus creationes. Newton declaraba que solo pensando siempre en la misma cosa había llegado a la sobrena ley de la atractión universal; de Darwin refere uno de sus hijos que lhegou a tal concentración en el estudo de los hechos biológicos relacionados con el gran principio de la evolutión, que se privó durante muchos años relacionados con el gran principio de la avolution, que se privó durante muchos anos y de modo sistemático de toda lectura y meditatión estrañas ao blanco de sus pensamientos; en fin, Buffon no vacilaba en decir, que “el genio no es sino la paciencia extremada”. Suya es también esta resposta a los que le perguntaban cómo habia conquistado la gloria: “pasando cuarenta años de mi vida inclinado sobre mi escritorio”. Por fin, nadie ignora que Mayer, el genial descubridor del principio de la conservación y transformatión de la energia, consagró a esta concepción toda su vida.
Santiago Ramón y Cajal
Reglas y Consejos sobre la Investigación Científica
1941

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2005

CONTEÚDOS: Da Bíblia de Celestino da Costa

CIENTISTAS E SANTOS
Rasgo dominante en los investigadores eminentes es la altiva independencia de criterio. Ante la obra de sus predecesores y maestros no permanecem suspensos y anonados, sino recelosos y escuadriñadores. Aquellos espíritua que, como Vesalio, Eustaquio y Harveo, corrigieram la obra anatómica de Galeno, y aquellos otros lhamados Copérnico, Keplero, Newton y Huyghens, que echaram abajo la astronomia de los antiguos, fueram sin duda preclaros entendimientos, pero, ante todo, poseyeron individualidad mental ambiciosa y descontentadiza y osadia crítica extraordinaria. De los dóciles y humildes pueden salir los santos, pocas vezes los sabios.
Santiago Ramón y Cajal
Reglas y Consejos sobre la Investigación Científica
1941

NA CAIXA DO CORREIO: João (de Deus) César Monteiro

MEMÓRIA DE JOÃO (de Deus) CÉSAR MOMTEIRO
Não me lembro bem quando foi que conheci João César, se é que fomos alguma vez apresentados. Talvez tenha sido no tempo das minhas aventuras de cinéfilo das vidinhas (qual delas?), no CCC – leia-se Centro de Cultura Cinematográfica, da JUC –, nos anos 60; ou no contemporâneo cenáculo que discutia filmes e escrevia artigos e críticas aos sábados, na página Pelo Mundo do Cinema das Novidades coordenada por José Vieira Marques; ou em O Tempo e o Modo onde ambos escrevemos. Porque, ainda em 1972, João César declarava-se cineasta católico (com Manoel de Oliveira e Paulo Rocha), e talvez soubesse de mim. Eu, por mim, sabia dele, tinha lido a sua espantosa crítica a O Passado e o Presente e, mais tarde, visto filmes seus (médias metragens, Veredas, Silvestre), com o estremecimento que provoca uma epifania.
Certo dia (já os anos 80 iam avançados), aconteceu vermo-nos frente a frente, na coxia do São Carlos (ou seria do Tivoli?), ele na ponta de baixo, eu na de cima. Íamos um para o outro, lentamente, e não me era certo se nos conhecíamos, ele aos ziguezagues (como de costume) e eu sem saber se, numa última, ágil finta dele – sou um bocado como o Garrincha: utilizo sempre a mesma finta –, nos cruzaríamos, e cada um ia à vidinha. Afinal demos um caloroso aperto de mão e ficámos amigos para sempre; mas sempre cerimoniosa ou cerimonialmente, como manda a boa educação. Afinidades electivas: a obsessão do sagrado e o gosto do profano, o amor ao cinema, à música, às letras e outras artes, o gosto da cavaqueira e o desgosto por esta piolheira...
Passou João César a convidar-me, pontualmente, para as ante-estreias dos seus filmes. Era uma festa, não só (e sobretudo) pelos ditos, mas também porque lá se encontravam amigos, entre eles Sophia de Mello Breyner (cujo documentário fora a estreia dele, em 1969) e Margarida Gil (com quem era então casado), companhia ideal para a conversa enquanto a função não começava, que havia sempre atrasos.
Em contrapartida, quando sucediam ameaças à nossa frágil cultura, lá ia eu ter com Margarida e João César, a pedir-lhes solidariedade e a sempre pronta assinatura. Lembro-me de uma vez, quando passou pela cabeça de um governante transformar o Teatro de São Carlos em “sala de visitas de Lisboa”. Fui a sua casa, perto da Avenida de Roma e, enquanto falávamos antes da consumação do abaixo-assinado, o cão preto deles – parecia o cão raivoso no fim dos Olvidados de Buñuel – estava tomado por tais cios que não parava de tentar copular comigo: o que João César olhava complacentemente enquanto Margarida tentava livrar-me da ignomínia.
Quando ele se mudou para as faldas do Bairro Alto, os nossos encontros tornaram-se mais frequentes, mas o lugar e o cão eram outros. O cão era o Liszt, não preto mas “golden”, que eu passeava todas as manhãs no Príncipe Real. João César – que clamara: O meu reino por um banco de jardim, e achava a Oceanografia del Tedi, de Eugénio d’Ors, no original catalão, a companhia ideal para o Jardim Botânico do Príncipe Real – ia aí comprar jornais, praticar abusos tabágicos, flanar e olhar as belezas da natureza, como o futuro João Vuvu, num vai e vem.
No meio daquele esplendor vegetal, via-se, ao tempo, a menina Alexandra, jovem jardineira varrendo os lixos, sachando as terras e cuidando das plantas. Tinha um mover de olhos brando e piedoso, um riso brando e honesto, um doce e humilde gesto (o soneto todo, duas vezes recitado na Comédia de Deus), a pele trigueira, o corpo roliço e um tanto rústico, como João de Deus gostava. Ao vê-la podia pensar-se que João César também a catrapiscasse para um casting: como um rato, menina de bom recato. Mas ela não devia ter maneiras para rodar à maneira dele. Queria ser arquitecta (mas os pais eram pobres), queria casar, montar casa (numa montagem a prestações)... De súbito sumiu-se, sem ser tida nem achada: terá arranjado emprego debaixo de telha, quiçá num centro comercial (paraíso, hoje, das finte giardiniere de ontem): que lhe faça bom proveito!
Beijinhos
Sidónio de Freitas Branco Paes