Matilde Bensaúde
Matilde Bensaúde (1890-1969). Portuguesa pioneira da investigação biológica. Doutorou-se em 1918 com uma tese muito original sobre a sexualidade dos Basidiomicetos. Nasceu em Lisboa em 1890, filha de Alfredo Bensaúde (1856-1941), o fundador e primeiro director do Instituto Superior Técnico de Lisboa. Concluiu os estudos secundários na Suíça em 1909.Matilde Bensaúde (1890-1969).
Iniciou os estudos universitários em Lausanne, mas interrompeu-os para voltar a Portugal, só os retomando em 1913, quando se matriculou na Universidade de Paris. Estudou ciências naturais, licenciando-se em 1916. Trabalhou para o seu doutoramento no Laboratório de Botânica da École Normale Supérieure, sob a direcção do Prof. Matruchot. A investigação de doutoramento resultou na tese Recherches sur le cycle évolutif et la sexualité chez les basidiomycètes (Nemours, 1918). Aí estabeleceu e demonstrou a noção de heterotalismo nos autobasidiomicetos, a ideia mais importante para a explicação do mecanismo da sexualidade dos basidiomicetos. Este trabalho, que decorreu durante a I Guerra Mundial, foi desenvolvido independentemente e em simultâneo pelo botânico alemão Hans Kniep (1881-1930), embora este só tenha publicado as suas conclusões sobre o heterotalismo dois anos depois de Bensaúde.Em 1920, foi a única mulher entre os fundadores da Sociedade Portuguesa de Biologia. Passou a maior parte do período entre 1919 e 1923 nos Estados Unidos da América, para onde se foi especializar em Fitopatologia. Estes trabalhos foram interrompidos pela sua ida para os Açores, onde se estabeleceu de 1923 a 1926. Em 1928, entrou como investigadora para o Instituto Rocha Cabral, em Lisboa. Em 1931 foi convidada para organizar e dirigir a estrutura fitossanitária do Ministério da Agricultura, onde desenvolveu uma actividade muito intensa. Em 1940, com apenas 50 anos de idade, solicitou a rescisão do seu contrato no Ministério e retirou-se. Faleceu em 1969.
Bibliografia:
Quintanilha,A. Mathilde Bensaúde. 23-1-1890-22-11-1969. Boletim da Sociedade Portuguesa de Ciências Naturais. 13(1972)5-19.