Marx’s Ecology: Materialism and Nature
Em Marx’s Ecology: Materialism and Nature, Foster contesta a ideia muito frequente que Marx se preocupava apenas com o crescimento industrial e o desenvolvimento das forças produtivas. No prefácio, Foster descreve o seu próprio percurso intelectual e as dificuldades que teve para compreender inteiramente a importância do pensamento ecológico de Marx: "O meu caminho para o materialismo ecológico foi bloqueado pelo marxismo que aprendi ao longo dos anos. (...) Parecia haver pouco espaço em tal síntese, no entanto, para uma abordagem marxista das questões da natureza e da ciência natural-física" (p. vii). No livro, ele examina vários escritos de Marx sobre agricultura capitalista e ecologia do solo, naturalismo filosófico e teoria da evolução, apresentando uma nova compreensão do materialismo ecológico, expresso no seu conceito central de fratura metabólica na relação humana com a natureza. Ele mostra que Marx, além de crítico da sociedade capitalista, também estava profundamente preocupado com essa mudança da relação homem-natureza. Marx’s Ecology descreve uma história intelectual e social, abrangendo pensadores como Epicuro (341 a.C.-270 a.C.), Charles Darwin (1809-1882), William Paley (1743-1805), Thomas Malthus (1766-1834), Ludwig Feuerbach (1804-1872) e Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865).
Ao reconstruir uma conceção materialista da natureza e da sociedade, Marx’s Ecology contrapõe à visão idealista predominante no movimento verde moderno um método de análise que oferece soluções mais sustentáveis para a crise ecológica. O livro termina com as mortes de Darwin (1882) e Marx (1883). Apenas no Epílogo é que Foster avança cronologicamente, abordando a receção do pensamento ecológico de Marx em vários autores do século XX.
The Return of Nature: Socialism and Ecology
Vinte anos depois, com The Return of Nature: Socialism and Ecology, Foster continua e desenvolve a narrativa iniciada no Epílogo de Marx’s Ecology, descobrindo uma longa linhagem de autores que procuraram unir questões de justiça social e sustentabilidade ambiental. As 672 páginas de The Return of Nature contém uma detalhada epopeia, que começa nos finais do século XIX e segue até ao surgimento da era ecológica, nas décadas de 1960 e 1970. Ele mostra como vários pensadores socialistas e cientistas materialistas influenciados por Marx, primeiro na Grã-Bretanha, depois nos Estados Unidos, como Ray Lankester (1847-1929), William Morris (1834-1896), Frederick Engels (1820-1895), Arthur George Tansley (1871-1955), H(erbert) G(eorge) Wells (1866-1946), Lancelot Hogben (1895-1975), John Desmond Bernal (1901-1971), Joseph Needham (1900-1995), John Burdon Sanderson Haldane (1892-1964), Hyman Levy (1889–1975), Christopher Caudwell (1907-1937), Rachel Carson (1907-1964) e Stephen Jay Gould (1941-2002), procuraram desenvolver um naturalismo dialético, enraizado numa crítica do capitalismo, oferecendo uma reinterpretação detalhada e fascinante das origens radicais e socialistas da ecologia. Nas palavras do autor, "Os principais pensadores socialistas (e social-democratas) que constituem o foco deste livro foram todos politicamente e socialmente ativos no desenvolvimento de uma visão crítico-materialista enraizada na ecologia e na dialética que se estendeu à ciência e/ou arte" (p. 21). O livro dedica uma larga atenção à vida e ao pensamento, não apenas ecológico mas também político e social de muitos desses autores, constituindo uma fonte de informação que vai muito além do que esperaríamos do seu título.