Boltzmann, Ludwig. Escritos populares. Org. e trad. de António A. P. Videira. São Leopoldo: Editora Unisinos.
Ludwig Boltzmann nasceu em 1844, foi um físico muito considerado, e abandonou a vida em 1906. No ano anterior tinha publicado uma colecção de escritos que designou por “escritos populares”. A obra tem um século, mas mantém interesse de induzir a reflexão. Acresce que se trata dum físico que conheceu um conjunto de problemas da ciência, que nos inícios do séc XX viriam a ser marginalizados: talvez por terem surgido outros interesses, mas não por terem sido resolvidos. (Eis um exemplo simples. A Mecânica ensina-nos como se move o corpo livre – trata-se da lei de inércia ou primeira lei de Newton. Ao longo do séc. XX vários físicos fizeram notar, que não se pode testar a lei. Isto significa, que por experiência não sabemos, se o princípio é correcto. A problemática tinha surgido por 1870; em 1902 é feito um rol com dezenas de títulos sobre o assunto; em 1905 Einstein está preocupado com a inércia, no artigo da sua famosa equação; em 1915 a massa inerte é questão; nos anos 60, 70 ... e em 2005 ainda decorrem trabalhos experimentais sobre a dita massa inerte.)
Em 1903, lê-se no prefácio, Boltzmann tornou-se professor de Filosofia. Assim, na Universidade de Viena, era professor de física – Ehrenfest fez com ele o doutoramento em 1904 – e professor de Filosofia da Natureza. Compreende-se que um jovem de formação técnica e interesses conceptuais, como Ludwig Wittgenstein, tivesse planeado ir estudar com Boltzmann. (Viena viria a deixar o seu nome ligado à História da Filosofia).
A selecção de textos, tradução e introdução da edição em português é de António Videira, professor adjunto do Departamento de Filosofia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. O autor estudou filosofia e física no Rio de Janeiro, realizou estudos pós-graduados em Heidelberg, na Alemanha, e doutorou-se em Epistemologia e História das Ciências pela Universidade de Paris VII, com Michel Paty. Tem vários estudos sobre Boltzmann, um dos quais publicado na Revista Portuguesa de Filosofia, (2005, pp. 225-245). Traduziu do original alemão e cotejou com a tradução inglesa e espanhola (dos editores Brian McGuiness, 1977, e Francisco Ordõnez-Rodriguez, 1986).
Editora: Unisinos