terça-feira, 31 de janeiro de 2006

CONTEÚDOS: Tomé Pires

Tomé Pires

  • Um contributo para a Wikipédia, a enciclopédia livre.

Tomé Pires (1465?-1540?). Destacado boticário português que viveu no Oriente no Século XVI. Primeiro embaixador português enviado à China e autor da Suma Oriental, a primeira descrição europeia da Malásia e a mais antiga e extensa descrição portuguesa do Oriente.


Biografia

Tomé Pires, boticário do príncipe, partiu para a Índia em 1511, quando já era homem de meia idade. No Oriente, esteve durante pouco tempo em Cananor como feitor das drogarias, encarregado da aquisição de drogas destinadas às naus da carreira da Índia, mas foi logo em 1512 enviado por Afonso de Albuquerque a Malaca. Aí esteve como escrivão da feitoria e como contador e vedor das drogarias até 1515. Em 1513 deslocou-se a Java, como feitor de uma frota de quatro navios que foram buscar especiarias. Foi durante ou logo a seguir à sua estadia em Malaca que escreveu a Suma Oriental que trata do Mar Roxo até aos Chins. Em 1515 regressou à Índia, aparentemente com o intuito de regressar a Portugal, mas o novo governador-geral da Índia, Lopo Soares de Albergaria escolheu-o para dirigir uma embaixada que o rei decidira enviar à China. As razões para a escolha de Tomé Pires são apontadas pelos cronistas. Castanheda diz que "o governador não quis senão mandar este Tomé Pires, que mandou com conselho dos fidalgos e capitães da Índia, e porque este Tomé Pires fora boticário do Príncipe Dom Afonso, e por que conheceria melhor que outro as drogas que havia na China". Segundo Barros, "o embaixador ... havia nome Tomé Pires, que Lopo Soares, na Índia, escolheu para isso. E posto que não era homem de tanta qualidade, por ser boticário e servir na Índia de escolher as drogas de botica que haviam de vir para este reino, para aquele negócio era o mais hábil e auto que podia ser; porque, além de ter pessoa e natural descrição com Letras, segundo sua faculdade, e largo de condição e aprazível em negociar, era mui curioso de inquirir e saber as coisas, e tinha um espírito vivo para tudo". Em 27 de Janeiro de 1516, Pires escreveu em Cochim uma importante carta a D. Manuel I onde descreveu de forma pioneira a origem geográfica e algumas características de grande número de drogas asiáticas. Partiu em 1516 para Cantão onde chegou, depois de vários contratempos, dezanove meses depois. Em Cantão, Pires ainda esperou mais quinze meses, antes de partir em 1520 para Beijing, onde a embaixada nunca chegou a ser recebida pelo imperador, regressando a Cantão em Setembro de 1521. Resultado da conjunção de vários factores, desde a natural desconfiança dos chineses, à falta de tacto de alguns portugueses e à intriga movida pelo deposto rei de Malaca, a embaixada caiu em desgraça, os seus membros foram presos e mortos e os portugueses perseguidos na China durante três décadas. Os testemunhos destes acontecimentos não coincidem no que respeita à sorte de Tomé Pires. Segundo uns terá falecido de doença em 1524, mas segundo outros terá vivido mais tempo, embora sem ter autorização para sair da China.


Bibliografia

  • Albuquerque, L. “Tomé Pires”, in Dictionary of Scientific Biography. 1974. Vol. 10, p. 616.
  • Cortesão, A. ``A propósito do ilustre boticário quinhentista Tomé Pires. Revista Portuguesa de Farmácia. 13,3(1963)298-307.
  • Cortesão, A. A Suma Oriental de Tomé Pires e o Livro de Francisco Rodrigues. Coimbra, 1978.
  • Cortesão, A. Primeira embaixada europeia à China. o boticário e embaixador Tomé Pires. Lisboa, 1945.
  • Dias, J. Lopes. Medicinas da 'Suma Oriental' de Tomé Pires. Porto, 1947. Sep. ``Jornal do Médico, vol. 9, n.º 208, pp. 76-83.
  • Dias, J. P. Sousa. A Farmácia em Portugal. Uma introdução à sua história. 1338-1938. Lisboa: ANF, 1994.
  • Loureiro, Rui M. O manuscrito de Lisboa da "Suma Oriental" de Tomé Pires (Contribuição para uma edição crítica). Macau: Instituto Português do Oriente, 1996.