segunda-feira, 21 de maio de 2007

NA CAIXA DO CORREIO: Arbeitintensif

ARBEIT MACHT FREI
Aqui vai uma historia dos meus alunos. Espertíssimos, e quase licenciados.
A meio de uma aula, nem me lembro bem porquê – eles deviam estar com um ar exausto, ou assim -- faço perfidamente uso da frase sinistra Arbeit Macht Frei. Como estou de frente para eles, noto-lhes perfeitamente nas expressões faciais que a frase não surtiu qualquer espécie de efeito para a grande maioria. Formalizo-me logo: Arbeit Macht Frei, meninos! É possível que isto não vos diga nada?
Muitos deles admitem que não.
Eu começo a explicar que é a frase que está escrita por cima do portão de Auschwitz. Que é o cúmulo da crueldade, porque significa “O Trabalho Liberta” e foi posta pelos nazis na antecâmara de um lugar horrível onde as pessoas eram obrigadas a trabalhar como escravas e a sua única libertação possível era a morte na câmara do gaz, logo seguida da queima no crematório. Com a memória ainda fresca da minha própria visita, acrescento que ninguém consegue medir na totalidade a violência do genocídio hitleriano antes de visitar Auschwitz. Vem-me à cabeça que, como professora, tenho deveres pedagógicos sérios, e faço logo ali a seguinte proposta:
-- Pessoal, eu trato de tudo. Arranjo um patrocínio, organizo a viagem à Polónia, e, assim que acabar o ano lectivo, vamos passar uns dias a Cracóvia, que é uma cidade linda com uma super vida nocturna, e nessa altura eu levo-vos a visitar Auschwitz. Querem?
E eles, logo:
-- Ó professora, mas os exames...
Ai eu.