Blogue dedicado ao papel da história e do pensamento na compreensão da relação entre o homem e a natureza
domingo, 25 de março de 2007
VER: Cartazes chineses de Saúde Pública
Chinese Public Health Posters. É uma exposição online, que dá uma ideia da colecção de cerca de sete mil documentos chineses de saúde pública do século XX, adquiridos recentemente pela National Library of Medicine (EUA). A colecção é constituída por uma grande variedade de materiais, incluindo cartazes, boletins, jornais, livros, anúncios a medicamentos, calendários, jogos para crianças e fotografias. A exposição foi criada a partir de uma comunicação apresentada em Agosto de 2006 por Liping Bu, intitulada "Public Health and Chinese Society from 1930s to SARS".
Endereço:
http://www.nlm.nih.gov/hmd/chineseposters/index.html
sexta-feira, 23 de março de 2007
AGENDA: Workshop sobre a História dos Mamíferos Marinhos
Neste workshop inédito em Portugal, a ser realizado na zona da Grande Lisboa, a Escola de Mar pretende juntar investigadores e estudantes, a nível internacional, interessados na temática da história dos mamíferos marinhos e da sua ecologia histórica. O objectivo deste projecto é tornar as pessoas mais despertas para as possibilidades desta nova área de pesquisa altamente interdisciplinar. Os mamíferos marinhos e o Homem têm uma longa história de interacções ecológicas e culturais. Mas, para além do enorme interesse das pessoas sobre estes animais, sempre existiu uma série de conflitos na utilização do ambiente marinho. Avaliar estas relações, com todas as suas vertentes históricas, culturais e científicas é a temática central desta iniciativa. As perspectivas históricas e biológicas na mudança das mentalidades e atitudes para com os mamíferos marinhos serão igualmente abordadas e reflectidas.
Esta é uma iniciativa integrada no âmbito das comemorações do Ano do Golfinho. Vai realizar-se no dia 8 de Junho de 2007 - Dia Mundial dos Oceanos - e está aberto a estudantes universitários, biólogos e historiadores mas também ao público em geral.
Mais informações/inscrições em escolademar@gmail.com ou através dos números 966552928 218486742.
quarta-feira, 21 de março de 2007
ORIGINAIS: Fernando Pessoa
O mundo fantástico da blogosfera permitiu-me descobrir sem esforço a versão original integral de um certo poema de Álvaro de Campos que sempre esteve entre as minhas grandes preferências por ser a forma mais eficaz de afastarmos os chatos profissionais e os proselitistas de elevado autismo, ao mesmo tempo que fazemos disretamente notar o valor acrescentado da nossa eudição sobre a deles. Com muito prazer, aqui vai:
LISBOA REVISITADA
Não: não quero nada.
Já disse que não quero nada.
Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.
Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!
Tirem-me daqui a metafisica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) ¬
Das ciências, das artes, da civilização moderna!
Que mal fiz eu aos deuses todos?
Se têm a verdade, guardem-na!
Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?
Não me macem, por amor de Deus!
Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?
Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja de companhia!
Ó céu azul o mesmo da minha infância¬,
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflete!
Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.
Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo …
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio, quero estar sozinho!
E ESTÁ TUDO DITO
Homem assombroso, o Pessoa. Não pensem que são só os poemas dos seus heterónimos que podem ajudar-nos a afastar companhias desagradáveis e a acabar conversas insuportáveis. Oferece-vos alguns aforismos dele. Usem-nos todos os dias.
“Quer pouco: terás tudo.
Quer nada: serás livre.”
“O Essencial da arte é exprimir;
o que se exprime não interessa.”
“Se alguma vez sou coerente, é apenas como incoerência saída da incoerência.”
“Descobri que a leitura é uma forma servil de sonhar. Se tenho de sonhar, porque não sonhar os meus próprios sonhos?”
“Todos os meus escritos ficaram inacabados; sempre novos pensamentos se interpunham, associações de idéias extraordinárias e inexcluíveis, de término infinito
O Caráter da minha mente é tal que odeio os começos e os fins das coisas, porque são pontos definidos.”
“Que este processo de fazer arte cause estranheza, não admira; o que admira é que haja cousa alguma que não cause estranheza.”
O Caráter da minha mente é tal que odeio os começos e os fins das coisas, porque são pontos definidos.”
“A uma arte assim cosmopolita, assim universal, assim sintética, é evidente que nenhuma disciplina pode ser imposta, que não a de sentir tudo de todas as maneiras... Que cada um de nós multiplique a sua personalidade por todas as outras personalidades.”
Obrigado, Mestre. E, já agora, aproveito para recordar-vos o que tinha ele a dizer sobre a Amizade, tantas vezes a melhor coisa que temos na vida:
“Meus amigos são todos assim: metade loucura, outra metade santidade.
Escolho-os não pela pele, mas pela pupila,
que tem que ter brilho questionador
e tonalidade inquietante.
Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta.
Não quero só o ombro ou o colo,
quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem,
mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos, nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice.
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto,
e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou,
pois vendo-os loucos e santos,bobos e sérios, crianças e velhos,
nunca me esquecerei de que a normalidade é uma ilusão…”
LISBOA REVISITADA
Não: não quero nada.
Já disse que não quero nada.
Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.
Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!
Tirem-me daqui a metafisica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) ¬
Das ciências, das artes, da civilização moderna!
Que mal fiz eu aos deuses todos?
Se têm a verdade, guardem-na!
Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?
Não me macem, por amor de Deus!
Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?
Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja de companhia!
Ó céu azul o mesmo da minha infância¬,
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflete!
Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.
Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo …
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio, quero estar sozinho!
E ESTÁ TUDO DITO
Homem assombroso, o Pessoa. Não pensem que são só os poemas dos seus heterónimos que podem ajudar-nos a afastar companhias desagradáveis e a acabar conversas insuportáveis. Oferece-vos alguns aforismos dele. Usem-nos todos os dias.
“Quer pouco: terás tudo.
Quer nada: serás livre.”
“O Essencial da arte é exprimir;
o que se exprime não interessa.”
“Se alguma vez sou coerente, é apenas como incoerência saída da incoerência.”
“Descobri que a leitura é uma forma servil de sonhar. Se tenho de sonhar, porque não sonhar os meus próprios sonhos?”
“Todos os meus escritos ficaram inacabados; sempre novos pensamentos se interpunham, associações de idéias extraordinárias e inexcluíveis, de término infinito
O Caráter da minha mente é tal que odeio os começos e os fins das coisas, porque são pontos definidos.”
“Que este processo de fazer arte cause estranheza, não admira; o que admira é que haja cousa alguma que não cause estranheza.”
O Caráter da minha mente é tal que odeio os começos e os fins das coisas, porque são pontos definidos.”
“A uma arte assim cosmopolita, assim universal, assim sintética, é evidente que nenhuma disciplina pode ser imposta, que não a de sentir tudo de todas as maneiras... Que cada um de nós multiplique a sua personalidade por todas as outras personalidades.”
Obrigado, Mestre. E, já agora, aproveito para recordar-vos o que tinha ele a dizer sobre a Amizade, tantas vezes a melhor coisa que temos na vida:
“Meus amigos são todos assim: metade loucura, outra metade santidade.
Escolho-os não pela pele, mas pela pupila,
que tem que ter brilho questionador
e tonalidade inquietante.
Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta.
Não quero só o ombro ou o colo,
quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem,
mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos, nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice.
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto,
e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou,
pois vendo-os loucos e santos,bobos e sérios, crianças e velhos,
nunca me esquecerei de que a normalidade é uma ilusão…”
terça-feira, 20 de março de 2007
ENTREVISTA: João Medina
João Medina
COMO QUEM VIU TUDO
João Medina, 66 anos, Professor Catedrátrico do Departamento de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, nasceu em África e viveu no mundo. Casado há 43 aos, sem filhos, deixou uma miríade de obras publicadas ao longo do caminho. E agora, como uma verdadeira pedrada no charco do marasmo do panorama literário nacional, ofereceu-nos um romance impressionante de lucidez e rigor, Os Náufragos do Mar da Palha, erguido acima de todas as banalidades que se escreveram em 2006 como um monumento de inteligência e bom gosto saído dos dedos dotados de alguém que viu tudo. Este grande académico é, também, um grande escritor. Anima-o a alegria de partilhar ideias difíceis e conhecimentos raros que está por trás de todos os grandes marcos do romance universal. Considera-se a si prório um dissidente, e herdou uma história de família toda marcada pelas dissidência: descende de um clã português deportado para Cabo Verde por D. Miguel, partindo daqui para a vida no mundo numa história tão feita de aventuras e naufrágios como as trágico-marítimas.
A casa de João Medina no Monte Estoril está aninhada num nono andar com uma vista inesgotável para cima do mar. Os livros dominam o interior, e onde se afastam do caminho revelam áreas de convívio ou de trabalho onde apetece demorar a passagem. Mesmo sem perguntarmos, sabemos que tudo tem uma história própria que o proprietário acarinha. O sol entra a jorros pelas janelas, e ele não pára de me trazer chávenas café da cozinha: cheguei aqui em bastante mau estado, depois de uma longa noite em directa, e esta paz sabe-me pela vida. Quis falar da apatia e do alheamento do povo português em relação à história, diz ele.
Como é que podes chamar apático ao povo que fez as Descobertas?
E as Descobertas serviram para quê? O império colonial não era útil, não era rentável, do ponto de vista conómico não servia para nada.
Mas era empolgante.
Eu vejo-nos mais como uma nação falhada. Fez-se aquele império sem existir um projecto colectivo de desenvolvimento.
Faltaram contribuições importantes?
Estás a referir-te aos judeus? Mas nós fomos mais longe que isso. Não expulsámos só os judeus. Constituímos uma sociedade talibã à portuguesa que levou à expulsão de outros grupos, como os liberais ou os protestantes. Quem ficou instalou-se num tal conformismo que aceitou as situações mais aberrantes.
Foi mesmo a expansão arítima que causou tudo isso?
Antes da expansão marítima, temos um projecto colectivo em que está envolvida toda a população: atingimos o auge de lusitanidade que está tão bem representado nos paineis de Nuno Gonçalves, com o povo, o clero, a nobreza, e diz-se que até um rabino. Existia uma pluralidade que implicava todos os extractos da sociedade.
Essa pluralidade desapareceu com o império?
O império foi a nossa grande faina histórica, mas nem sempre correu bem e teve um preço pesado. A nossa última tentativa imperial, depois do fracasso da Ásia e do Brasil, foi o Portugal Africano, na sequência do triunfo liberal. Mas os homens como o naturalista Bocage conduziram à tragédia do mapa cor de rosa, um dos maiores desastres da nossa política colonial. Resta-nos o mito do terceiro império, acarinhado pelo governo, que perdura até ao 25 de Abril. Só nessa altura é que se fecham as portas do império, e voltamos a ser quem somos.
E quem somos, afinal?
Somos europeus. Mas parece que a Europa não chegou aqui. Nunca fomos bons alunos europeus. Somos marginais em relação à Europa. Não temos a consciência europeia que nos tornaria prósperos.
Que consciência é essa?
A União Europeia foi criada pelos seis países mais ricos da Europa, e, originalmente, destinava-se a ser um clube de ricos, onde se juntavam os países de grande sucesso económico. Nós entrámos para um clude desses com a ideia de ser um país evoluído, mas o sonho europeu português falhou. Só não estamos mesmo na cauda por causa da Roménia e da Bulgária, mas eles vão ultrapassar-nos.
Como é que defines essa situação?
É amargurante. Como historiador e romancista, creio que estamos perante um facto dramático: não temos a grande cultura europeia, que chegou a prosperar entre nós nos séculos XV e XVI mas logo a seguir foi prevertida pela inquisição. Não aproveitámos as oportunidades que a Europa nos deu. Somos uma espécie de Mónaco, mas para muito menor. Dado o estado de total debilidade económica em que nos encontramos, estamos verdadeiramente na periferia da construção da Europa comunitária sonhada por Jean Monet.
A ouvir-te falar, parece que a expulsão dos Judeus no século XV contribuiu decisivamente para esse estado de coisas moderno.
A primeira sinagoga do Novo Mundo, o Rochedo de Israel, no Recife, foi criada durante a ocupação holandesa por judeus portugueses – uns assumidos e perseguidos, e outros refugiados na Holanda. Isto foi em 1638. Em 1654 partiram para Nova Iorque, então Nova Amsterdão, onde criaram as primeiras comunidades sefarditas, e primeira sinagoga de Nova Inglaterra, e depois, no século XVIII, também criaram uma em Curaçao. Estamos a falar de pessoas extremamente empreendedoras.
Mas as Descobertas correram mal também por outras razões.
É uma história exemplar de má visão: a construção do império português foi sempre feita por via estatal, enquanto que a Holanda fez companhias por acções, que em alguns sítios continuam a funcionar. Essas companhias, aliás, tinham um forte capital de judeus portugueses. A lei que permitiu o estabelecimento desse capital judeu nunca foi feita em Portugal. Aqui, como o império era monopólio do Estado, e como tínhamos uma religião única que ia de par com o Estado, com uma polícia política e um tribunal persecutório que era a Igreja, isso tornava a Igreja completamente monopolista e anti-tolerante, em contraste total com o que se passava na Holanda. Repara, só quando os holandeses libertaram a região de Pernambuco é que se fizeram lá sinagogas. Mas esses judeus eram portugueses, mais portugueses que o Viriato, que nunca foi português na vida: foi um chefe celta que se levantou contra os romanos, e quem nos deu a língua que usamos foi Roma. Quem nos deixou a Lusitânia também foram os romanos. Basicamente, Viriato é um inimigo dos nossos pais.
Bem, mas a partir de 1821 os judeus puderam voltar a Portugal.
E o status-quo mudou por causa disso? Mantivemos sempre um Estado emparelhado com a Igreja. Nem os ingleses, em que o rei é por inerência o chefe da Igreja anglicana, fizeram isto. A Igreja anglicana inglesa não era um dos pilares do império britânico.
Não estás a subestimar um dos aspectos mais positivos do império português, que foi a grande miscigenação racial a que deu origem, essa sim, amplamente acarinhada pela Igreja?
São desculpas de um país pouco habitado.
Mas o Afonso de Albuquerque, na qualidade de primeiro vice-rei da Índia, fez passar uma lei sobre a prioridade dos casamentos mistos...
Pois com certeza, eles não levavam mulheres!
Queres tu dizer, prostitutas e criminosas, como os holandeses e os ingleses?
Não eram mulheres?
Então estás a dizer-me que a miscigenação portuguesa não é uma maravilhosa manifestação da nossa alma profunda?
Isso é um mito. Ouve lá. O Salazar, quando já a Europa inteira nos criticava por ainda termos um império colonial, foi buscar um brasileiro chamado Gilberto Freire, que achou que nós tínhamos inventado uma grande tolerância sexual, política e religiosa que seria o luso-tropicalismo. Claro que isto caiu como música celestial nos ouvidos do império. Mas é conversa, como é evidente.
Mas quando o Gilberto Freire fala do nosso entrosamento ecológico com o mundo que descobrimos, o encontro entre a razão e a natureza, não tem nem um bocadinho de razão?
Claro que não. Para haver encontro com a natureza era preciso que os portugueses tivessem explorado a selva, e nós limitámo-nos a andar de lado, como o caranguejo, sempre ao longo da costa. Entrámos muito pouco na selva. Toda a conversa piedosa da miscegenação é um bluff completo. Estou a basear-me em experiência própria. Visitei populações em Moçambique que nunca tinham ouvido falar português. A construção de um império multicultural de grande tolerância nas relações humanas é um bluff, que aliás foi desde logo denunciado como tal pelos dirigentes africanos, como o Amílcar Cabral.
E na vida quotidiana nas ex-colónias? Também não havia miscigenação?
Os assimilados foram sempre uma minoria. No liceu, eu tinha um colega indiano e um colega negro. E disse. Em termos económicos e sociais não havia mistura. Os negros não eram reconhecidos enquanto grupo social de pleno direito. A disseminação dessas ideias foi uma impostura política e económica descarada e bem calculada. Nunca houve uma sociedade permeável. Em Moçambique os europeus eram muito influenciados pelas políticas racistas da África do Sul, as classes dominantes eram extremamente ricas, e o racismo quotidiano era muito evidente.
Eu era miúda e lembro-me de Lisboa estar cheia de outdoors a dizer “Moçambique: Praias de Sol, Praias de Sonho”. A foto mostrava um grupo de pretos e brancos em amena confraternização. Estávamos a ser enganados?
Pois claro. Olha, eu ia à praia do Polana, que é muito pequenina e está toda fechada por redes por causa dos tubarões. E nunca, mas nunca me lembro de ter visto famílias negras a tomarem banho ao lado dos brancos, que se refugiavam num clube muito selecto.
Mas não podíamos ser tão pouco tolerantes do ponto de vista regioso como isso. Por exemplo, antes do Terramoto Lisboa etava cheia de protestantes ingleses que negociavam no ouro do Brasil. Até se disse que Deus tinha mandado aquele desastre para protestar contra a presença em Portugal de tantos protestantes...
Uma coisa é um comerciante que vem cá negociar, outra coisa é ser cidadão português. A constituição liberal de 1826, que se manteve válida atá ao 1910, dizia logo no primeiro artigo que a religião do país era católica e que os outros cultos só podiam ser mantidos privadamente. Podiam construir-se sinagogas e templos, mas só virados para dentro e murados. Só os católicos é que podiam ter igrejas grandes. No século XX, a sinagoga da Alexandre Herculano abriu as portas para a rua – mas atenção, atrás de um muro.
Ok, mas fazemos coisas bem feitas. Fizemos o 25 de Abril, por exemplo.
Essa revolução foi uma pseudo-revolução. Tanta gente com medo da tomada do poder pelo proletariado quando o proletariado não estava obviamente interessado em tomar o poder, tanto namoro com o modelo estalinista, tanto tempo perdido até se aceitar um modelo do tipo pluralista, e claro que tudo isto atrasou a nossa recondução à Europa democrática. Quando finalmente entramos na Europa e estão criadas as condições para se iniciar um verdadeiro desenvolvimento, estagna-se.
Ai, João. Portugal não tem nada de bom?
Tem a vista da minha janela. Portugal é um país defeituoso, cheio de arcaismos difíceis de superar porque somos um país inerte, sem nada de europeu, sem cultura europeia, sem desenvolvimento sustentável e coerente em termos do modelo económico que a Europa devia constituir. Estamos atrasados em relação ao que podíamos ter feito e seguramente reduzidos à lanterna vermelha dos 27 países europeus.
E o que vês na Universidade? Não te anima?
Temos uma Universidade anquilosada, tanto nas Humanidades como nas Ciências, que está muito longe do que eu vi nos Estados Unidos, em Itália, e na Alemanha. E no Brasil, também. Há uma grande degradação da cultura geral dos alunos. Há um desinteresse completo pelos instrumentos científicos e culturais do nosso tempo. Os meus alunos não sabem quem é o Stravinsky, não sabem quem é o Darwin, nunca encontro um tipo que tenha lido o Max Weber ou pelo menos As Farpas do Raul Brandão. A incultura tem vindo a crescer em Portugal, e isso ainda é mais grave quando se sente no campo universitário.
Bom, mas, pensando bem, o canibalismo tem vindo a diminuir. És um pessimista profissional?
Sou um dissidente e um heterodoxo, e gosto destas palavras porque a geração de 70 também foi clasificada assim. Faz-me pensar nos russos que tanta importancia tiveram no desmoronamento da horrível ditadura estalisnista. Sendo membro de uma família marrana, tive uma carreira muito pouco habitual: nasci em África, passei a infância em Joabesburgo, fui para Direito, em Direito descobri a democracia e militei na campanha do Humberto Delgado, vim para Lisboa estudar Filosofia com uma tese sobre o Holocausto e participei nas Greves estudantis de 1962. Fui aliciado várias vezes para entrar para o PCP, mas resisti. Sou um independente, sempre fui.
Até disseste que o Salazar não era fascista...
Nem tinha formação para isso. O Salazar foi um fruto provinciano e bacoco da I República, que durou de 1910 a 1926 e, em dezasseis anos, teve 47 governos. Foi esta instabilidade terrível, este caos absoluto, que permitiram ao Salazar fazer um percurso que ele nunca teria conseguido fazer de outra forma, e impor-nos o Estado Novo durante 48 anos. Mas também sou independente na maneira como estudo história. Interessam-me os símbolos, as representações psicológicas, os aleijões espirituais como o anti-semitismo, as referências populares como o Zé Povinho. Dei a minha aula das provas de agregação sobre o manguito. O que é que achas?
COMO QUEM VIU TUDO
João Medina, 66 anos, Professor Catedrátrico do Departamento de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, nasceu em África e viveu no mundo. Casado há 43 aos, sem filhos, deixou uma miríade de obras publicadas ao longo do caminho. E agora, como uma verdadeira pedrada no charco do marasmo do panorama literário nacional, ofereceu-nos um romance impressionante de lucidez e rigor, Os Náufragos do Mar da Palha, erguido acima de todas as banalidades que se escreveram em 2006 como um monumento de inteligência e bom gosto saído dos dedos dotados de alguém que viu tudo. Este grande académico é, também, um grande escritor. Anima-o a alegria de partilhar ideias difíceis e conhecimentos raros que está por trás de todos os grandes marcos do romance universal. Considera-se a si prório um dissidente, e herdou uma história de família toda marcada pelas dissidência: descende de um clã português deportado para Cabo Verde por D. Miguel, partindo daqui para a vida no mundo numa história tão feita de aventuras e naufrágios como as trágico-marítimas.
A casa de João Medina no Monte Estoril está aninhada num nono andar com uma vista inesgotável para cima do mar. Os livros dominam o interior, e onde se afastam do caminho revelam áreas de convívio ou de trabalho onde apetece demorar a passagem. Mesmo sem perguntarmos, sabemos que tudo tem uma história própria que o proprietário acarinha. O sol entra a jorros pelas janelas, e ele não pára de me trazer chávenas café da cozinha: cheguei aqui em bastante mau estado, depois de uma longa noite em directa, e esta paz sabe-me pela vida. Quis falar da apatia e do alheamento do povo português em relação à história, diz ele.
Como é que podes chamar apático ao povo que fez as Descobertas?
E as Descobertas serviram para quê? O império colonial não era útil, não era rentável, do ponto de vista conómico não servia para nada.
Mas era empolgante.
Eu vejo-nos mais como uma nação falhada. Fez-se aquele império sem existir um projecto colectivo de desenvolvimento.
Faltaram contribuições importantes?
Estás a referir-te aos judeus? Mas nós fomos mais longe que isso. Não expulsámos só os judeus. Constituímos uma sociedade talibã à portuguesa que levou à expulsão de outros grupos, como os liberais ou os protestantes. Quem ficou instalou-se num tal conformismo que aceitou as situações mais aberrantes.
Foi mesmo a expansão arítima que causou tudo isso?
Antes da expansão marítima, temos um projecto colectivo em que está envolvida toda a população: atingimos o auge de lusitanidade que está tão bem representado nos paineis de Nuno Gonçalves, com o povo, o clero, a nobreza, e diz-se que até um rabino. Existia uma pluralidade que implicava todos os extractos da sociedade.
Essa pluralidade desapareceu com o império?
O império foi a nossa grande faina histórica, mas nem sempre correu bem e teve um preço pesado. A nossa última tentativa imperial, depois do fracasso da Ásia e do Brasil, foi o Portugal Africano, na sequência do triunfo liberal. Mas os homens como o naturalista Bocage conduziram à tragédia do mapa cor de rosa, um dos maiores desastres da nossa política colonial. Resta-nos o mito do terceiro império, acarinhado pelo governo, que perdura até ao 25 de Abril. Só nessa altura é que se fecham as portas do império, e voltamos a ser quem somos.
E quem somos, afinal?
Somos europeus. Mas parece que a Europa não chegou aqui. Nunca fomos bons alunos europeus. Somos marginais em relação à Europa. Não temos a consciência europeia que nos tornaria prósperos.
Que consciência é essa?
A União Europeia foi criada pelos seis países mais ricos da Europa, e, originalmente, destinava-se a ser um clube de ricos, onde se juntavam os países de grande sucesso económico. Nós entrámos para um clude desses com a ideia de ser um país evoluído, mas o sonho europeu português falhou. Só não estamos mesmo na cauda por causa da Roménia e da Bulgária, mas eles vão ultrapassar-nos.
Como é que defines essa situação?
É amargurante. Como historiador e romancista, creio que estamos perante um facto dramático: não temos a grande cultura europeia, que chegou a prosperar entre nós nos séculos XV e XVI mas logo a seguir foi prevertida pela inquisição. Não aproveitámos as oportunidades que a Europa nos deu. Somos uma espécie de Mónaco, mas para muito menor. Dado o estado de total debilidade económica em que nos encontramos, estamos verdadeiramente na periferia da construção da Europa comunitária sonhada por Jean Monet.
A ouvir-te falar, parece que a expulsão dos Judeus no século XV contribuiu decisivamente para esse estado de coisas moderno.
A primeira sinagoga do Novo Mundo, o Rochedo de Israel, no Recife, foi criada durante a ocupação holandesa por judeus portugueses – uns assumidos e perseguidos, e outros refugiados na Holanda. Isto foi em 1638. Em 1654 partiram para Nova Iorque, então Nova Amsterdão, onde criaram as primeiras comunidades sefarditas, e primeira sinagoga de Nova Inglaterra, e depois, no século XVIII, também criaram uma em Curaçao. Estamos a falar de pessoas extremamente empreendedoras.
Mas as Descobertas correram mal também por outras razões.
É uma história exemplar de má visão: a construção do império português foi sempre feita por via estatal, enquanto que a Holanda fez companhias por acções, que em alguns sítios continuam a funcionar. Essas companhias, aliás, tinham um forte capital de judeus portugueses. A lei que permitiu o estabelecimento desse capital judeu nunca foi feita em Portugal. Aqui, como o império era monopólio do Estado, e como tínhamos uma religião única que ia de par com o Estado, com uma polícia política e um tribunal persecutório que era a Igreja, isso tornava a Igreja completamente monopolista e anti-tolerante, em contraste total com o que se passava na Holanda. Repara, só quando os holandeses libertaram a região de Pernambuco é que se fizeram lá sinagogas. Mas esses judeus eram portugueses, mais portugueses que o Viriato, que nunca foi português na vida: foi um chefe celta que se levantou contra os romanos, e quem nos deu a língua que usamos foi Roma. Quem nos deixou a Lusitânia também foram os romanos. Basicamente, Viriato é um inimigo dos nossos pais.
Bem, mas a partir de 1821 os judeus puderam voltar a Portugal.
E o status-quo mudou por causa disso? Mantivemos sempre um Estado emparelhado com a Igreja. Nem os ingleses, em que o rei é por inerência o chefe da Igreja anglicana, fizeram isto. A Igreja anglicana inglesa não era um dos pilares do império britânico.
Não estás a subestimar um dos aspectos mais positivos do império português, que foi a grande miscigenação racial a que deu origem, essa sim, amplamente acarinhada pela Igreja?
São desculpas de um país pouco habitado.
Mas o Afonso de Albuquerque, na qualidade de primeiro vice-rei da Índia, fez passar uma lei sobre a prioridade dos casamentos mistos...
Pois com certeza, eles não levavam mulheres!
Queres tu dizer, prostitutas e criminosas, como os holandeses e os ingleses?
Não eram mulheres?
Então estás a dizer-me que a miscigenação portuguesa não é uma maravilhosa manifestação da nossa alma profunda?
Isso é um mito. Ouve lá. O Salazar, quando já a Europa inteira nos criticava por ainda termos um império colonial, foi buscar um brasileiro chamado Gilberto Freire, que achou que nós tínhamos inventado uma grande tolerância sexual, política e religiosa que seria o luso-tropicalismo. Claro que isto caiu como música celestial nos ouvidos do império. Mas é conversa, como é evidente.
Mas quando o Gilberto Freire fala do nosso entrosamento ecológico com o mundo que descobrimos, o encontro entre a razão e a natureza, não tem nem um bocadinho de razão?
Claro que não. Para haver encontro com a natureza era preciso que os portugueses tivessem explorado a selva, e nós limitámo-nos a andar de lado, como o caranguejo, sempre ao longo da costa. Entrámos muito pouco na selva. Toda a conversa piedosa da miscegenação é um bluff completo. Estou a basear-me em experiência própria. Visitei populações em Moçambique que nunca tinham ouvido falar português. A construção de um império multicultural de grande tolerância nas relações humanas é um bluff, que aliás foi desde logo denunciado como tal pelos dirigentes africanos, como o Amílcar Cabral.
E na vida quotidiana nas ex-colónias? Também não havia miscigenação?
Os assimilados foram sempre uma minoria. No liceu, eu tinha um colega indiano e um colega negro. E disse. Em termos económicos e sociais não havia mistura. Os negros não eram reconhecidos enquanto grupo social de pleno direito. A disseminação dessas ideias foi uma impostura política e económica descarada e bem calculada. Nunca houve uma sociedade permeável. Em Moçambique os europeus eram muito influenciados pelas políticas racistas da África do Sul, as classes dominantes eram extremamente ricas, e o racismo quotidiano era muito evidente.
Eu era miúda e lembro-me de Lisboa estar cheia de outdoors a dizer “Moçambique: Praias de Sol, Praias de Sonho”. A foto mostrava um grupo de pretos e brancos em amena confraternização. Estávamos a ser enganados?
Pois claro. Olha, eu ia à praia do Polana, que é muito pequenina e está toda fechada por redes por causa dos tubarões. E nunca, mas nunca me lembro de ter visto famílias negras a tomarem banho ao lado dos brancos, que se refugiavam num clube muito selecto.
Mas não podíamos ser tão pouco tolerantes do ponto de vista regioso como isso. Por exemplo, antes do Terramoto Lisboa etava cheia de protestantes ingleses que negociavam no ouro do Brasil. Até se disse que Deus tinha mandado aquele desastre para protestar contra a presença em Portugal de tantos protestantes...
Uma coisa é um comerciante que vem cá negociar, outra coisa é ser cidadão português. A constituição liberal de 1826, que se manteve válida atá ao 1910, dizia logo no primeiro artigo que a religião do país era católica e que os outros cultos só podiam ser mantidos privadamente. Podiam construir-se sinagogas e templos, mas só virados para dentro e murados. Só os católicos é que podiam ter igrejas grandes. No século XX, a sinagoga da Alexandre Herculano abriu as portas para a rua – mas atenção, atrás de um muro.
Ok, mas fazemos coisas bem feitas. Fizemos o 25 de Abril, por exemplo.
Essa revolução foi uma pseudo-revolução. Tanta gente com medo da tomada do poder pelo proletariado quando o proletariado não estava obviamente interessado em tomar o poder, tanto namoro com o modelo estalinista, tanto tempo perdido até se aceitar um modelo do tipo pluralista, e claro que tudo isto atrasou a nossa recondução à Europa democrática. Quando finalmente entramos na Europa e estão criadas as condições para se iniciar um verdadeiro desenvolvimento, estagna-se.
Ai, João. Portugal não tem nada de bom?
Tem a vista da minha janela. Portugal é um país defeituoso, cheio de arcaismos difíceis de superar porque somos um país inerte, sem nada de europeu, sem cultura europeia, sem desenvolvimento sustentável e coerente em termos do modelo económico que a Europa devia constituir. Estamos atrasados em relação ao que podíamos ter feito e seguramente reduzidos à lanterna vermelha dos 27 países europeus.
E o que vês na Universidade? Não te anima?
Temos uma Universidade anquilosada, tanto nas Humanidades como nas Ciências, que está muito longe do que eu vi nos Estados Unidos, em Itália, e na Alemanha. E no Brasil, também. Há uma grande degradação da cultura geral dos alunos. Há um desinteresse completo pelos instrumentos científicos e culturais do nosso tempo. Os meus alunos não sabem quem é o Stravinsky, não sabem quem é o Darwin, nunca encontro um tipo que tenha lido o Max Weber ou pelo menos As Farpas do Raul Brandão. A incultura tem vindo a crescer em Portugal, e isso ainda é mais grave quando se sente no campo universitário.
Bom, mas, pensando bem, o canibalismo tem vindo a diminuir. És um pessimista profissional?
Sou um dissidente e um heterodoxo, e gosto destas palavras porque a geração de 70 também foi clasificada assim. Faz-me pensar nos russos que tanta importancia tiveram no desmoronamento da horrível ditadura estalisnista. Sendo membro de uma família marrana, tive uma carreira muito pouco habitual: nasci em África, passei a infância em Joabesburgo, fui para Direito, em Direito descobri a democracia e militei na campanha do Humberto Delgado, vim para Lisboa estudar Filosofia com uma tese sobre o Holocausto e participei nas Greves estudantis de 1962. Fui aliciado várias vezes para entrar para o PCP, mas resisti. Sou um independente, sempre fui.
Até disseste que o Salazar não era fascista...
Nem tinha formação para isso. O Salazar foi um fruto provinciano e bacoco da I República, que durou de 1910 a 1926 e, em dezasseis anos, teve 47 governos. Foi esta instabilidade terrível, este caos absoluto, que permitiram ao Salazar fazer um percurso que ele nunca teria conseguido fazer de outra forma, e impor-nos o Estado Novo durante 48 anos. Mas também sou independente na maneira como estudo história. Interessam-me os símbolos, as representações psicológicas, os aleijões espirituais como o anti-semitismo, as referências populares como o Zé Povinho. Dei a minha aula das provas de agregação sobre o manguito. O que é que achas?
sexta-feira, 16 de março de 2007
FERRAMENTAS: Teste de cultura geral histórica
Todos somos frequentemente surpreendidos com faltas de cultura geral dos nossos alunos, que, se detectadas e corrigidas a tempo, poderão ajudá-los a melhorar o seu nível de aproveitamento, e poupar-nos a nós surpresas que oscilam entre o hilariante e o desesperante na correcção dos exames. Para alertar os meus alunos de História do Pensamento Biológico para o espectro de conhecimentos gerais que eu assumo que eles têm quando dou as aulas, este ano preparei-lhes um teste de cultura geral histórica para distribuir no primeiro período lectivo, e me servir depois a mim como referência sobre quem é que precisa de ser mais puxado, e em quê. Talvez seja de alguma utilidade para outros docentes de História da Ciência.
TESTE DE CULTURA GERAL HISTÓRICA
As perguntas de cultura geral que se seguem deverão ser de resposta conhecida desde o tempo da escolaridade obrigatória, e o desconhecimento das respostas pode prejudicar seriamente o aproveitamento dos alunos numa disciplina de História da Ciência. Responda ao questionário seguinte para verificar como está a sua preparação para as aulas que se seguem, e verifique qual é o seu nível, sendo que cada resposta certa vale 1 valor numa escala de 0 a 20. Depois de devolver o teste, consulte atentamente a chave que lhe será entregue, por forma a organizar melhor as suas ideias e saber onde carece de melhor informação, que deverá procurar por sua própria iniciativa.
1 – Alinhe as seguintes revoluções por ordem cronológica:
Revolução Francesa
Revolução Científica
Revolução Americana
Revolução Newtoniana
2 – A Condessa Du Barry, amante do rei de França Louis XV e figura espampanante da corte de Versailles, costumava dirigir-se ao monarca nos seguintes termos:
“L’état, c’est moi”
“Après moi le déluge”
“La France, je t’aime”
“Le travail n’épouvante que les âmes faibles”
3 – Estabeleça as correspondências correctas entre datas e países para os seguintes compositores:
Ludwig van Beethoven 1810 – 1849 Alemanha
Wolfgang Amadeus Mozart 1770 – 1827 França
Fréderic Chopin 1756 – 1791 Áustria
4 – Atribua as expressões seguintes aos autores correspondentes:
“Só sei que nada sei” Galileu
“Cogito ergo sum” Sócrates
“Eppur si muove” Descartes
“Arbeit mei Frei” Himmler
5 – Qual das seguintes Madres levitava:
Madre Teresa de Calcutá
Madre Teresa de Ávila
Madre Teresinha de Lisieux
6 – Ao saber que os camponeses de França protestavam por não terem pão, Maria Antonieta terá dito:
“O pão não cai do céu”
“Eles que comam croissants”
“Bem aventurados os pobres”
“Vamos pedir auxílio aos nossos aliados americanos”
7 – A frase “é mais fácil um camelo passar por um buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos Céus” foi proferida por:
Jesus
Lénine
Che Guevara
Mao Zedong
Gandhi
Oráculo de Delfos
8 – Organize por ordem cronológica os seguintes blocos históricos do Ocidente:
Período Pré-Socrático
Renascença
Iluminismo
Alta Idade Média
Revolução Científica
Romantismo
Baixa Idade Média
Período Contemporâneo
Queda do Império Romano
Início das Descobertas
Período Moderno
Antiguidade Clássica
9 – O século XIX ficou marcado por três grandes pensadores que modificaram radicalmente as ideias ocidentais. Identifique a sequência correcta:
Darwin, Marx e Freud
Freud, Newton e Darwin
Marx, Engels e Lenine
Darwin, Mendel e Sutton
Von Baer, Marx e Heackel
10 – Quais destes escritores acabaram voluntariamente com a sua própria existência?
Camilo Castelo Branco
Antero de Quental
Feliciano de Castilho
Soares de Passos
Cesário Verde
Eça de Queirós
Júlio Dinis
11 – Um destes personagens históricos não viveu em Cuba. Identifique-o, e estabeleça a relação correcta com a sua actividade:
Diego Maradona – Escritor
Frida Khalo – Revolucionária
Che Guevara – Pintor
Ernest Hemingway – Jogador de Futebol
12 – Uma destas passagens da Bíblia não pertence ao Livro do Génesis. Identifique-a:
“ Ao princípio o mundo estava mergulhado nas trevas e o espírito de Deus vogava sobre as águas”
“ E Sansão matou todos os Filisteus, porque essa era a vontade do Senhor Deus”
“Onan desperdiçou a semente, e nisso contrariou a vontade do Senhor Deus”
“E o Senhor Deus pôs um querubim com uma espada flamejante a guardar a entrada”
13 – A expulsão dos Judeus de Portugal foi determinada por qual rei português, durante o domínio de quais reis de Espanha:
D. João II – Isabel a Católica
D. Dinis – Afonso IV de Castela
D. Manuel – Filipe II
D. João I – Reis Caólicos
D. Afonso Henriques – D. Afonso de Borgonha
18 – A Inquisição funcionou em Portugal durante o seguinte período histórico:
Séculos XV – XVII
Séculos XII – XIX
Séculos XVI – XVIII
Séculos XIII – XX
19 – Portugal foi o primeiro país do mundo a abolir a pena de morte, por iniciativa do político Barjona de Freitas. Esta legislação foi aprovada:
No princípio do século XIX
No final do século XIX
No século XVII
No século XX
Na sequência do triunfo dos liberais sobre os absolutistas
20 – Consta do folclore luso-brasileiro que uma destas rainhas, de aparência digna e dedicada, era na realidade extremamente devassa e mantinha frequentes relações sexuais com negros. Trata-se de:
Rainha Jinga
Rainha Carlota Joaquina
Rainha Santa Isabel
Rainha do Sabá
Rainha dos Acadêmicos do Grande Rio
CHAVE DO TESTE DE CULTURAL GERAL HISTÓRICA
1 – Alinhe as seguintes revoluções por ordem cronológica
Revolução Científica
Revolução Newtoniana
Revolução Americana
Revolução Francesa
2 – A Condessa Du Barry, amante do rei de França Louis XV e figura espampanante da corte de Versailles, costumava dirigir-se ao monarca nos seguintes termos:
“La France, je t’aime”
3 – Estabeleça as correspondências correctas entre datas e países para os seguintes compositores:
Ludwig van Beethoven 1770 – 1827 Alemanha
Wolfgang Amadeus Mozart 1756 – 1791 Áustria Fréderic Chopin 1810 – 1849 França
4 – Atribua as expressões seguintes aos autores correspondentes:
“Só sei que nada sei” Sócrates
“Cogito ergo sum” Descartes
“Eppur si muove” Galileu
“Arbeit meit Frei” Himmler
5 – Qual das seguintes Madres Teresa levitava:
Madre Teresa de Ávila
6 – Ao saber que os camponeses de França protestavam por não terem pão, Maria Antonieta terá dito:
“Eles que comam croissants”
7 – A frase “é mais fácil um camelo passar por um buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos Céus” foi proferida por:
Jesus
8 – Organize por ordem cronológica os seguintes blocos históricos do Ocidente:
Período Pré-Socrático
Antiguidade Clássica
Queda do Império Romano
Alta Idade Média
Baixa Idade Média
Início das Descobertas
Renascença
Revolução Científica
Iluminismo
Romantismo
Período Moderno
Período Contemporâneo
9 – O século XIX ficou marcado por três grandes pensadores que modificaram radicalmente as ideias ocidentais. Identifique a sequência correcta:
Darwin, Marx e Freud
10 – Quais destes escritores acabaram voluntariamente com a sua própria existência?
Camilo Castelo Branco
Antero de Quental
11 – Um destes personagens históricos não viveu em Cuba. Identifique-o, e estabeleça a relação correcta com a sua actividade:
Frida Khalo – Pintora
12 – Uma destas passagens da Bíblia não pertence ao Primeiro Livro, intitulado Génesis. Identifique-a:
“E Sansão matou todos os Filisteus, porque essa era a vontade do Senhor Deus”
13 – A expulsão dos Judeus de Portugal foi determinada por qual rei português, durante o domínio de quais reis de Espanha:
D. Manuel – Reis Católicos
18 – A Inquisição funcionou em Portugal durante o seguinte período histórico:
Séculos XV – XVII
19 – Portugal foi o primeiro país do mundo a abolir a pena de morte, por iniciativa do político Barjona de Freitas. Esta legislação foi aprovada:
No final do século XIX
20 – Consta do folclore luso-brasileiro que uma destas rainhas, de aparência digna e dedicada, era na realidade extremamente devassa e mantinha frequentes relações sexuais com negros. Trata-se de:
Rainha Carlota Joaquina
TESTE DE CULTURA GERAL HISTÓRICA
As perguntas de cultura geral que se seguem deverão ser de resposta conhecida desde o tempo da escolaridade obrigatória, e o desconhecimento das respostas pode prejudicar seriamente o aproveitamento dos alunos numa disciplina de História da Ciência. Responda ao questionário seguinte para verificar como está a sua preparação para as aulas que se seguem, e verifique qual é o seu nível, sendo que cada resposta certa vale 1 valor numa escala de 0 a 20. Depois de devolver o teste, consulte atentamente a chave que lhe será entregue, por forma a organizar melhor as suas ideias e saber onde carece de melhor informação, que deverá procurar por sua própria iniciativa.
1 – Alinhe as seguintes revoluções por ordem cronológica:
Revolução Francesa
Revolução Científica
Revolução Americana
Revolução Newtoniana
2 – A Condessa Du Barry, amante do rei de França Louis XV e figura espampanante da corte de Versailles, costumava dirigir-se ao monarca nos seguintes termos:
“L’état, c’est moi”
“Après moi le déluge”
“La France, je t’aime”
“Le travail n’épouvante que les âmes faibles”
3 – Estabeleça as correspondências correctas entre datas e países para os seguintes compositores:
Ludwig van Beethoven 1810 – 1849 Alemanha
Wolfgang Amadeus Mozart 1770 – 1827 França
Fréderic Chopin 1756 – 1791 Áustria
4 – Atribua as expressões seguintes aos autores correspondentes:
“Só sei que nada sei” Galileu
“Cogito ergo sum” Sócrates
“Eppur si muove” Descartes
“Arbeit mei Frei” Himmler
5 – Qual das seguintes Madres levitava:
Madre Teresa de Calcutá
Madre Teresa de Ávila
Madre Teresinha de Lisieux
6 – Ao saber que os camponeses de França protestavam por não terem pão, Maria Antonieta terá dito:
“O pão não cai do céu”
“Eles que comam croissants”
“Bem aventurados os pobres”
“Vamos pedir auxílio aos nossos aliados americanos”
7 – A frase “é mais fácil um camelo passar por um buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos Céus” foi proferida por:
Jesus
Lénine
Che Guevara
Mao Zedong
Gandhi
Oráculo de Delfos
8 – Organize por ordem cronológica os seguintes blocos históricos do Ocidente:
Período Pré-Socrático
Renascença
Iluminismo
Alta Idade Média
Revolução Científica
Romantismo
Baixa Idade Média
Período Contemporâneo
Queda do Império Romano
Início das Descobertas
Período Moderno
Antiguidade Clássica
9 – O século XIX ficou marcado por três grandes pensadores que modificaram radicalmente as ideias ocidentais. Identifique a sequência correcta:
Darwin, Marx e Freud
Freud, Newton e Darwin
Marx, Engels e Lenine
Darwin, Mendel e Sutton
Von Baer, Marx e Heackel
10 – Quais destes escritores acabaram voluntariamente com a sua própria existência?
Camilo Castelo Branco
Antero de Quental
Feliciano de Castilho
Soares de Passos
Cesário Verde
Eça de Queirós
Júlio Dinis
11 – Um destes personagens históricos não viveu em Cuba. Identifique-o, e estabeleça a relação correcta com a sua actividade:
Diego Maradona – Escritor
Frida Khalo – Revolucionária
Che Guevara – Pintor
Ernest Hemingway – Jogador de Futebol
12 – Uma destas passagens da Bíblia não pertence ao Livro do Génesis. Identifique-a:
“ Ao princípio o mundo estava mergulhado nas trevas e o espírito de Deus vogava sobre as águas”
“ E Sansão matou todos os Filisteus, porque essa era a vontade do Senhor Deus”
“Onan desperdiçou a semente, e nisso contrariou a vontade do Senhor Deus”
“E o Senhor Deus pôs um querubim com uma espada flamejante a guardar a entrada”
13 – A expulsão dos Judeus de Portugal foi determinada por qual rei português, durante o domínio de quais reis de Espanha:
D. João II – Isabel a Católica
D. Dinis – Afonso IV de Castela
D. Manuel – Filipe II
D. João I – Reis Caólicos
D. Afonso Henriques – D. Afonso de Borgonha
18 – A Inquisição funcionou em Portugal durante o seguinte período histórico:
Séculos XV – XVII
Séculos XII – XIX
Séculos XVI – XVIII
Séculos XIII – XX
19 – Portugal foi o primeiro país do mundo a abolir a pena de morte, por iniciativa do político Barjona de Freitas. Esta legislação foi aprovada:
No princípio do século XIX
No final do século XIX
No século XVII
No século XX
Na sequência do triunfo dos liberais sobre os absolutistas
20 – Consta do folclore luso-brasileiro que uma destas rainhas, de aparência digna e dedicada, era na realidade extremamente devassa e mantinha frequentes relações sexuais com negros. Trata-se de:
Rainha Jinga
Rainha Carlota Joaquina
Rainha Santa Isabel
Rainha do Sabá
Rainha dos Acadêmicos do Grande Rio
CHAVE DO TESTE DE CULTURAL GERAL HISTÓRICA
1 – Alinhe as seguintes revoluções por ordem cronológica
Revolução Científica
Revolução Newtoniana
Revolução Americana
Revolução Francesa
2 – A Condessa Du Barry, amante do rei de França Louis XV e figura espampanante da corte de Versailles, costumava dirigir-se ao monarca nos seguintes termos:
“La France, je t’aime”
3 – Estabeleça as correspondências correctas entre datas e países para os seguintes compositores:
Ludwig van Beethoven 1770 – 1827 Alemanha
Wolfgang Amadeus Mozart 1756 – 1791 Áustria Fréderic Chopin 1810 – 1849 França
4 – Atribua as expressões seguintes aos autores correspondentes:
“Só sei que nada sei” Sócrates
“Cogito ergo sum” Descartes
“Eppur si muove” Galileu
“Arbeit meit Frei” Himmler
5 – Qual das seguintes Madres Teresa levitava:
Madre Teresa de Ávila
6 – Ao saber que os camponeses de França protestavam por não terem pão, Maria Antonieta terá dito:
“Eles que comam croissants”
7 – A frase “é mais fácil um camelo passar por um buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos Céus” foi proferida por:
Jesus
8 – Organize por ordem cronológica os seguintes blocos históricos do Ocidente:
Período Pré-Socrático
Antiguidade Clássica
Queda do Império Romano
Alta Idade Média
Baixa Idade Média
Início das Descobertas
Renascença
Revolução Científica
Iluminismo
Romantismo
Período Moderno
Período Contemporâneo
9 – O século XIX ficou marcado por três grandes pensadores que modificaram radicalmente as ideias ocidentais. Identifique a sequência correcta:
Darwin, Marx e Freud
10 – Quais destes escritores acabaram voluntariamente com a sua própria existência?
Camilo Castelo Branco
Antero de Quental
11 – Um destes personagens históricos não viveu em Cuba. Identifique-o, e estabeleça a relação correcta com a sua actividade:
Frida Khalo – Pintora
12 – Uma destas passagens da Bíblia não pertence ao Primeiro Livro, intitulado Génesis. Identifique-a:
“E Sansão matou todos os Filisteus, porque essa era a vontade do Senhor Deus”
13 – A expulsão dos Judeus de Portugal foi determinada por qual rei português, durante o domínio de quais reis de Espanha:
D. Manuel – Reis Católicos
18 – A Inquisição funcionou em Portugal durante o seguinte período histórico:
Séculos XV – XVII
19 – Portugal foi o primeiro país do mundo a abolir a pena de morte, por iniciativa do político Barjona de Freitas. Esta legislação foi aprovada:
No final do século XIX
20 – Consta do folclore luso-brasileiro que uma destas rainhas, de aparência digna e dedicada, era na realidade extremamente devassa e mantinha frequentes relações sexuais com negros. Trata-se de:
Rainha Carlota Joaquina
quinta-feira, 15 de março de 2007
LER: De Rerum Natura
De Rerum Natura é um novo blog dedicado às coisas da ciência e da sua compreensão.
Iniciou a sua actividade em 7 de Março de 2007 e conta com a colaboração de Carlos Fiolhais (físico), Desidério Murcho (filósofo), Helena Damião (pedagoga), Jorge Buescu (matemático), Palmira F. Silva (química), Paulo Gama Mota e Sofia Araújo (biólogos).
De acordo com o seu manifesto, o blog falará:
"de várias coisas do mundo, procurando expor a sua natureza. Partirá da realidade do mundo (o nosso mundo, feito de átomos e espaço vazio) para discutir o empreendimento humano da descoberta do mundo, que é a ciência, e as profundas implicações que essa descoberta tem para a nossa vida no mundo. Mostrará o que é a ciência (história e filosofia da ciência, cultura científica, aplicações da ciência, riscos, educação científica, arte e ciência, etc.).
Enfrentará a anti-ciência nas suas várias formas, sejam elas fraude, demagogia, pseudo-ciência, superstição ou simples erro. Falará em particular do caso português e da nossa necessidade de mais e melhor ciência para sermos um país mais culto, mais desenvolvido e mais livre."
O De Rerum Natura pode ser encontrado em
http://dererummundi.blogspot.com/
Viridarium dá-lhes as boas vindas e deseja-lhes a maiores felicidades.
Iniciou a sua actividade em 7 de Março de 2007 e conta com a colaboração de Carlos Fiolhais (físico), Desidério Murcho (filósofo), Helena Damião (pedagoga), Jorge Buescu (matemático), Palmira F. Silva (química), Paulo Gama Mota e Sofia Araújo (biólogos).
De acordo com o seu manifesto, o blog falará:
"de várias coisas do mundo, procurando expor a sua natureza. Partirá da realidade do mundo (o nosso mundo, feito de átomos e espaço vazio) para discutir o empreendimento humano da descoberta do mundo, que é a ciência, e as profundas implicações que essa descoberta tem para a nossa vida no mundo. Mostrará o que é a ciência (história e filosofia da ciência, cultura científica, aplicações da ciência, riscos, educação científica, arte e ciência, etc.).
Enfrentará a anti-ciência nas suas várias formas, sejam elas fraude, demagogia, pseudo-ciência, superstição ou simples erro. Falará em particular do caso português e da nossa necessidade de mais e melhor ciência para sermos um país mais culto, mais desenvolvido e mais livre."
O De Rerum Natura pode ser encontrado em
http://dererummundi.blogspot.com/
Viridarium dá-lhes as boas vindas e deseja-lhes a maiores felicidades.
quarta-feira, 14 de março de 2007
NA CAIXA DO CORREIO: Museu aberto
Esta última edição do Moda Lisboa, concluída no Domingo sob um sol radioso que enchia a rua de antecipações risonhas da Primavera, teve lugar no Museu de História Natural. Para mim era particularmente comovente, porque aquele edifício da Escola Politécnica foi onde eu fiz o curso de Biologia, alguns dos stands estavam montados onde dantes ficavam os gabinetes de professores muito temidos ou os expositores do material para as práticas de Zoologia I; e, num golpe de aproveitamento do ambiente absolutamente genial, todos os funcionários da festa estavam vestidos de batas brancas, as mesmas que o pessoal do meu tempo usava.
A organização lembrou-se de outros toques cénicos muito bem esgalhados: a sala VIP tinha armários de fósseis a decorar o fundo, as lâmpadas peduradas do tecto recuperavam o design da iluminação antiga, as tabuletas e setas do Museu estavam estategicamente destacadas do conjunto, pena foi que não se explorasse mais este filão e não se desse mais relevo à diversidade e ao colorido das colecções que lá estão dentro. A ideia geral não podia ser mais produtiva, e os responsáveis pelo Museu estão de parabéns: entrou nas suas instalações a Comunicação Social em peso e uma multidão de gente que talvez por outras razões nunca lá fosse, deu-se a ver a todo o país a beleza e profusão de materiais que caracterizam o espaço, recordou-se aos visitantes que a História Natural é um mundo que nos enriquece quando o conhecemos melhor – e, sobretudo, deu-se uma machadada no conceito desagradável de que o que é das Universidades está vedado às pessoas normais. Foi bom.
AGENDA: Darwinismo e criacionismo
Colóquio
Darwinismo versus Criacionismo. Onde começa e onde acaba uma teoria científica?
21 de Março de 2007, das 14h às 20h
Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa
Campo Grande, Edifício C6, 1º piso, Anfiteatro 36 (6.1.36)
Programa completo em
http://cfcul.fc.ul.pt/coloquios/coloquio_criacionismo.htm
Participações confirmadas:
Darwinismo versus Criacionismo. Onde começa e onde acaba uma teoria científica?
21 de Março de 2007, das 14h às 20h
Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa
Campo Grande, Edifício C6, 1º piso, Anfiteatro 36 (6.1.36)
Programa completo em
http://cfcul.fc.ul.pt/coloquios/coloquio_criacionismo.htm
Participações confirmadas:
- António Bracinha Vieira (UNL / CFCUL)
- Carlos Almaça (FCUL/DBA/CBA)
- Deodália Dias (SPCN)
- Felix Costa (IST/CFCUL)
- Francisco Carrapiço (FCUL/ DBV/CBA)
- Helena Abreu (E. Sec. Raínha D. Leonor/CFCUL)
- Jónatas Machado
- Luís Archer (FCT/UNL)
- Luís Vicente (FCUL/DBA/CBA)
- Mário Cachão (FCUL/Dep. Geologia)
- Nuno Nabais (FLUL / CFCUL)
- Olga Pombo (FCUL / CFCUL)
- Olga Rita (Esc. Sec. Sá da Bandeira)
- Paulo Crawford (FCUL/ CAAUL / BCFCUL)
- Paula Serra (Representante do M.Ed/DGIDC)
- Octávio Mateus (FCT/UNL/Museu da Lourinhã)
- Moderador: Eduardo Crespo (FCUL/DBA/CBA)
Publicado por
Anónimo
sexta-feira, 9 de março de 2007
AGENDA: Curso de Alemão para a História das Ciências
O curso destina-se a estudantes, professores, funcionários não docentes e público em geral e visa desenvolver a competência de leitura de textos científicos e atingir aí, na Lesekompetenz, o nível B1/limiar B2 do QCER (Quadro Comum Europeu de Referência), ou seja, "leitura de artigos/relatos em que os autores defendem determinadas atitudes ou pontos de vista".
Professores
Ruth Huber (Faculdade de Letras de Lisboa)
Ricardo Lopes Coelho (Faculdade de Ciências de Lisboa)
Programa
O curso iniciará com o diploma de Einstein: 'professor do ensino secundário na área da matemática', cadeiras e notas. Percorrer-se-ão artigos famosos do autor publicados entre 1905 e 1915. Em função deles abordar-se-ão outros clássicos da ciência da língua alemã. De 1907 é a expressão 'equivalência entre matéria e energia'. Aproveita-se para se falar da energia. Serão lidas passagens significativas de textos de Robert Mayer e Hermann von Helmholtz. Como eram médicos de profissão, os textos permitem contactar a terminologia das ciências da vida e da saúde. De 1907 é o "pensamento mais feliz da minha vida", segundo o próprio Einstein. Vão-se ler textos relativos ao desenvolvimento da ideia, como a experiência conceptual da cabine fechada, que surge nos manuais e em obras de divulgação. Finalmente, será fornecido um elemento curioso, mas vulgar em História da Ciência, uma página manuscrita dum texto não publicado de Schrödinger, sobre a relatividade de Einstein e a mecânica de Hertz.
Local e horários
As sessões decorrerão na Faculdade de Ciências de Lisboa, edifício C1, sala 1.5.10.
Às terças e quintas, das 18h às 20h.
Contactos
Prof. Ricardo Coelho, rlc@fc.ul.pt
quarta-feira, 7 de março de 2007
AGENDA: Segundo Encontro de História das Ciências Naturais e da Saúde
A Comissão Executiva do Segundo Encontro de História das Ciências Naturais e da Saúde decidiu prolongar o prazo para a aceitação de resumos até ao dia 19 de Março p.f.
2.º Encontro de História das Ciências Naturais e da Saúde.
Lisboa, Culturgest. 7-8 de Julho de 2007.
Secção Hist. Fil. Ciên. IRC.
Página: http://www.ircabral.org/conferencias/index.php?cf=1
Organização: Secção de História e Filosofia das Ciências do Instituto Rocha Cabral
Prazo limite para resumos: 19 de Março de 2007
Prazo limite para textos integrais (facultativos): 1 de Julho de 2007
Este encontro, que utiliza o Open Conference Systems, permite aos participantes submeter os resumos/abstracts online em:
http://www.ircabral.org/conferencias/submit.php?cf=1
PROGRAMA
DIA 7
9.30 - 10.30 - Inscrições, logística e distribuição de materiais do Encontro
10.15 - 10.30
Palavras de boas-vindas pelo representante da Culturgest. Miguel Lobo Antunes.
10.30 - 13.30
Sessão Plenária: "Os olhares da História"
Ana Maria Rodrigues (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa)
Science and magic in Petrus Hispanus' Thesaurus Pauperum.
Fátima Nunes (Universidade de Évora)
Laboratório(s) de História e de Cultura(s) nas vi(r)agens europeias de 1800 a 1900: olhares, realidades, imagens.
Moderação e Considerações Introdutórias: Augusto Fitas (Universidade de Évora)
11.45 - 12.15
Intervalo para café
15.30 - 19.30
Sessão Plenária: "Saúde e Sociedade"
Enrique Perdiguero (Universidade Miguel Hernández - Alicante)
La historiografía del pluralismo asistencial: la lucha contra la enfermedad en todos sus ámbitos.
José Pedro Sousa Dias (Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa)
As redes de investigadores nas ciências biomédicas em Portugal na primeira metade do século XX.
Laura Ferreira dos Santos (Universidade do Minho)
Quando não se morre como nas óperas de Verdi: reflexões historico-filosóficas sobre a eutanásia e o suicídio assistido.
Moderação e Considerações Introdutórias: José David-Ferreira (Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa)
17.00 - 17.30
Intervalo para café
21.00
Concerto
Programa a aunciar.
(Auditório ao ar livre da Culturgest)
Inscrições no Secretariado.
Dia 8
9.30 - 10.30 - Logística e distribuição de materiais
10.30 - 13.30 Comunicações orais e posters.
11.45 - 12.15
Intervalo para café
15.30 - 19.30
Sessão Plenária: "Ontogenia e Filogenia"
Isabel Delgado Eschevarria (Universidade de Zaragoça)
Entre microscopios e insectos, cuando la citología dio (a) luz a la genética cromosómica.
Teresa Avelar (Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias)
Gradualismo e saltacionismo: afinal de que é que estamos a falar?
Clara Pinto Correia (Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias)
A eugenia das Luzes e as motivações de Vandermonde.
Moderação e Considerações Introdutórias: Luís Vicente (Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa)
17.00 - 17.30
Intervalo para café.
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