Os programas tradicionais de gestão de bibliografias resultam de um modelo do passado. Primeiro, foram criados para substituir as fichas em cartolina e permitir o processamento automático da informação nelas contida. Depois, alargaram a sua esfera de acção à recuperação de informação electrónica dos catálogos de bibliotecas e das bases de dados. Contudo, mostraram sempre pouca capacidade para lidar com os documentos electrónicos que não tinham uma versão equivalente em papel.
Zotero - A "ferramenta de pesquisa da próxima geração".
Zotero vem precisamente brilhar onde estes programas falham. Ele é simultaneamente um programa de gestão de bibliografias e de notas de leitura, algo que não é tão frequente como seria de esperar no panorama geral desta categoria de software. Mas não se limita a manter uma base de dados: integra directamente e automatiza a sua recolha com a própria consulta online de bases de dados, de catálogos e dos próprios documentos, a partir do browser de navegação na Internet. A informação armazenada pode ser organizada em colecções (com uma estrutura arborescente), classificada com tags, ligada interna e externamente com documentos em vários formatos (pdf, html, etc.), armazenados localmente ou com páginas na web. O conteúdo de páginas inteiras pode ser igualmente armazenado pelo Zotero.
A partir da mesma informação podem ser produzidas bibliografias, com as referências formatadas em vários estilos (APA, Chicago e MLA), e relatórios contendo as referências bibliográficas juntamente com o conteúdo das notas a elas ligadas. Na realidade, o Zotero funciona on e off line como um gestor de bibliografias e notas, permitindo a importação e a exportação de informação bibliográfica em vários formatos (MODS, BibTeX, MARC, RDF, RIS e outros).
A ergonomia do programa é apreciável. O Zotero pode ser chamado a qualquer momento, clicando numa etiqueta existente na barra de estado do browser. Mas para gravar a informação bibliográfica nem isso é necessário. Basta clicar num ícone, frequentemente com a representação de um livro, que surge automaticamente na barra de navegação, sempre que a página contém anotações com informação bibliográfica. Diferentes ícones indicam a presença de distintos tipos de informação e só aparecem quando esta existe. Se a página contiver informação respeitante a mais de uma fonte, é dada a opção de escolher qual ou quais o utilizador pretende gravar. A dimensão ocupada na janela pelas diferentes secções do Zotero pode ser livremente reajustada. Existe mesmo um modo de tela inteira que facilita o trabalho com o programa quando não é necessária a navegação com o browser.
Página: Zotero - The next-generation research tool
Zotero foi desenvolvido por uma equipa de investigadores ligados a um centro de história digital, o Center for History and New Media da George Mason University: Daniel J. Cohen, Josh Greenberg, Dan Stillman, Simon Kornblith e David Norton e Roy Rosenzweig. Sobre este Centro, já aqui falámos a 24 de Maio de 2005 a propósito do Echo - Exploring and Collecting History Online e do software Scribe. Daniel Cohen e Roy Rosenzweig são os autores de Digital History: A Guide to Gathering, Preserving, and Presenting the Past on the Web. University of Pennsylvania Press, 2005.
Zotero é uma extensão do browser Mozilla Firefox e como este é software livre e open source. É naturalmente multi-plataforma, correndo em Windows, Linux, e Mac OS X, como o próprio Firefox. Quem pretender utilizá-lo terá que instalar ou actualizar o Firefox para a versão 2, o que pode ser feito de forma livre e gratuita no endereço:
http://en-us.www.mozilla.com/en-US/firefox/all.html
O Mozilla Firefox é actualmente o navegador de eleição para o trabalho académico na Web. O Zotero é uma das muitas extensões disponíveis para a investigação. Outra das nossas favoritas é o ScrapBook, de que trataremos numa próxima postagem.
Criar páginas que falem zotero
O número de locais compatíveis e serviços que já comunicam com o Zotero é impressionante. Incluem bases de dados (como a PubMed), bibliotecas, repositórios (como o arXiv.org), harvesters (como o Google Books e o Google Scholar), editores e distribuidores de publicações electrónicas (como o JSTOR) e mesmo serviços de venda de livros (como a Amazon.com).
Para além do desenvolvimento do próprio Zotero, a equipa do CHNM tem vindo a procurar alargar esta lista, apoiando a criação de ferramentas para que a informação na Internet seja devidamente anotada, de forma a ser reconhecida pela extensão do Firefox. Uma dessas ferramentas é um plugin para o software de publicação de blogs WordPress. Este plugin permite ao Zotero detectar vários meta-dados bibliográficos das entradas do blog, como o título, o autor, a data e os descritores.
A técnica utilizada pelo plugin consiste em embeber uma etiqueta COinS em cada postagem do blog. COinS — ou Context Objects in Spans — é um standard para incluir informação bibliográfica em páginas web, podendo ser lida por vários outros programas. Na realidade, esta técnica pode ser estendida a todo o tipo de páginas, utilizando o COinS generator, uma ferramenta que produz uma etiqueta ‘COinS’ a partir da informação bibliográfica. Esta tag pode ser introduzida manualmente em qualquer página.
O mesmo objectivo pode ser conseguido com outras ferramentas, como o Dublin Core Metadata Editor, que cria etiquetas DC para páginas web, as quais também podem ser lidas pelo Zotero.