sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

AGENDA: Encontro Nacional na Culturgest

PARA QUE A GENTE NUNCA SE ESQUEÇA DE TUDO O QUE APRENDEU NA ESCOLA

O HIPST é um projecto em plena fase de lançamento, financiado pelo 7º Programa Quadro da União Europeia. Em português, chamamos-lhe História e Filosofia da Ciência para o Ensino e Compreensão Pública da Ciência. Portugal foi, juntamente com a Alemanha, a Grécia, a Polónia, a Itália, a Hungria e a Grã-Bretanha, um dos sete países a aceitar este desafio e meter ombros a uma tarefa que irá desenrolar-se agora por vários anos, no sentido de utilizar os conhecimentos de História e Filosofia da Ciência para rever o conteúdo e o enquadramento dos livros de texto por onde os nossos filhos estudam na escola. Para já, este esforço irá ser feito a nível do Ensino Secundário, devendo depois o esforçço estender-se para o Básico, e até para a Pré.

Pretende-se, com o HIPST, obter um ensino não só com menos erros, mas também com melhor lógica. É necessária uma muito melhor arrumação temática dos textos e imagens para tornar possível uma consequente muito melhor organização temática no conhecimento que os estudantes memorizam – por forma a que este fique, finalmente, realmente memorizado, e não apenmas colado por uns dias.

De 20 a 22 de Junho, no Pequeno Auditório da Culturgest, historiadores, filósofos, cientistas e especialistas da comunicação e do ensino de Ciência vão apresentar e discutir as suas contribuições para o tema – que, pela sua natureza, é obviamente do maior interesse para pais e professores, e, por arrastamento, para toda a Sociedade Civil.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

AGENDA: A HISTÒRIA E A FILOSOFIA DAS CIÊNCIAS NO ESTUDO E APRENDIZAGEM

HIPST

Acrónimo do Projecto Europeu History and Philosophy in Science Teaching,

Designação em português:
História e Filosofia da Ciência para o Ensino e a Compreensão Pública da Ciência

Projecto financiado pelo 7º Programa Quadro da União Europeia.


Diversas Instituições de Investigação e Ensino Superior de 8 países reúnem-se em grupos temáticos para desenvolver colectâneas de material histórico – por exemplo, teorias e réplicas das experiências originais - e procurar uma filosofia da ciência experimental útil ao suporte e desenvolvimento da reflexão sobre a ciência1.

O projecto inclui três Encontros Nacionais por país participante, onde se discutirão estratégias e se coleccionarão resultados. Alguns deles serão posteriormente apresentados nos Encontros Internacionais, a realizar numa segunda fase. Os resultados do Projecto serão traduzidos para as línguas nacionais dos participantes, destinando-se a serem adaptasdos e, por várias vias, divulgados.
Os Encontros Nacionais disporão de uma Comissão Científica, que delibera sobre a qualidade e adequação dos contributos propostos, e de uma Comissão Executiva. Acresce a Comissão Consultiva, que acompanhará todo o projecto.
A Comissão Consultiva será constituída por Directores de Museus de Ciência e responsáveis pela educação, no presente ou no passado; enquanto que a Comissão Científica será constituída por docentes universitários ou investigadores da História, Filosofia e Educação em Ciência de todo o país.

O Primeiro Encontro terá lugar de 20 a 22 de Junho de 2008 no Pequeno Auditório da CULTURGEST, incluindo dois tópicos:
1.Museus de Ciências: a) o que existe, e b) possíveis funções da História e Filosofia da Ciência (HFC) nestas instituições;
2.Educação em Ciência: a) o que se diz da HFC, e b) o que poderá ser útil vir a dizer-se para optimização da aprendizagem.

O Segundo e Terceiro Encontros terão lugar em Maio ou Junho de 2009 e Outubro de 2009.
Nestas ocasiões, esperam-se resultados decorrentes da aplicação dos elementos de trabalho propostos. Serão analizados textos de HC, tópicos de FC, e também a possibilidade de utilização nas Escolas aderentes ao Projecto de réplicas de experiências históricas memorizadas pelos livros de texto. A colaboração com os Museus será devidamente especificada nesta fase.

Participantes no Projecto
1.Gesellschaft für Technische Zusammenarbeit, Alemanha;
2.Institute for Science Education, Universidade de Bremen, Alemanha;
3.School of Primary Education, Universidade Aristóteles, Grécia;
4.Institute of Physics, Universidade Nicolaus Copernicus, Polónia;
5.Department for Physics Education and History and Philosophy of Science, Universidade de Oldenburg, Alemanha;
6.Faculdade de Ciências, Universidade de Lisboa, Portugal;
7.Istituto Tecnico Toscano e Fondazione Scienza e Tecnica, Itália;
8.Department of Philosophy and History of Science, Universidade de Tecnologia e Economia de Budapeste, Hungria;
9.Science Teaching Center within the Faculty of Mathematics and Natural Sciences, Universidade de Jerusalém, Israel;
10.Institute of Education, Universidade de Reading, Grã-Bretanha.


TESTEMUNHO TEMÁTICO


Embora o projecto History and Philosophy in Science Teaching tenha, por enquanto, apenas a ver com o uso
da História e Filosofia da Ciência na aprendizagem a
nível do Ensino Secundário, a ideia a prazo é alongar a abordagem anteriormente desenvolvida para o Básico. Porque é que estes enfoques são necessários? Segue, à laia de resposta, o depoimento de uma cidadã europeia que é bióloga e historiadora da biologia; e, simultaneamente, mãe de dois filhos em idade escolar.

Eu vejo pelos livros de texto dos meus filhos o caos
completo que são aqueles ensinamentos, e a consequente grande probabiliddade de não ficarem arrumados no cérebro por mais do que uns dias – exactamente porque nunca foram arrumados (foram, apenas, colados).
Uma das estratégias de melhor ensino que está em estudo para implementação um pouco por
todo o Ocidente é apresentar o conhecimento científico
actual dentro do devido contexto histórico e
filosófico, para arrumar o pensamento e dar sentido às
ideias.
Arrancar com estas alteraçoes implica, antes de mais nada, o simples alertar sociedade civil, onde estão os professores ou os encarregados de educação, para estas temáticas e para a urgência do seu estudo sistemático.
Com bastante clareza e um pouco de atenção, é fácil detectar os disparates e as induções em erro que infestam os manuais escolares (neste caso, os portugueses).
A título dos referidos disparates e induções em erro ouso dar-vos dois exemplos, ambos tirados daquilo que eu domino, e de dentro de minha casa.
1) O meu Miguel, no 6º ano, falou-me do Galileu como sendo da família do Ptolomeu. Quando fui ver o que é que andavam a
ensinar-lhe, o Galileu e o Ptolomeu estavam de facto
os dois metidos dentro do mesmo quadradinho,
associados por serem dois grandes homens que tinham
estudado os astros; o tempo histórico só era referido
de forma tangencial, absolutamente passível de erro de
interpretação, até para um adulto; o contributo do
Ptolomeu e do Galileu para o conhecimento moderno nem
sequer era mencionado por uma frase que fosse.
2) A teoria da evolução (ou seja, o axioma central de toda
a Biologia) é "explicada" em mais do que um ano
lectivo, incluindo no 12º. Sistematicamente, ou
quase, lá aparece o famoso bonequinho em que numa
ponta da fila está o gorila a andar de 4 patas e na
outra ponta está o Homo erectus. A associação mental que se
faz, porque o desenho é realmente muito sugestivo, é que foi
isto que disse o Darwin. Na realidade, esse bonequinho
foi uma criação dos DETRACTORES do Darwin, que o
acusavam de ter dito que o homem descende do macaco
(coisa que ele NUNCA disse; e ainda que, cientificamente,
não podia estar mais incorrecta). Acresce que a
evolução é geralmente apresentada com a questão da
selecção natural varrida para debaixo do tapete tanto
quanto possível, parte por causa das más experiências
com os vários neo-darwinismos, e parte pela simples
amoralidade do conceito em que não há recompensas para
os bons e castigos para os maus -- e, no entanto, a
TOTAL AMORALIDADE do mundo vivo e dos fenómenos
naturais é incontornável e devia ser explicada aos
meninos com toda a clareza, até para tornar possível o
contraste com a ética que governa necessariamente as
sociedades humanas.
Encontramos exemplos destes em Química, em Medicina,
em Física, e estou só a falar dos que eu domino mal
mas já me foram apontados.
A questão não é só a veracidade do que vem nos
quadradinhos que mencionam faits divers de "história
de" qualquer disciplina científica: o que se pretende
é acabar mesmo com quadradinhos e usar a
história e filosofia das ciências para aquilo em que
elas são úteis em termos pedagógicos, que é o
enquadramento dos conhecimentos em perspectiva.
Se é certo que a maior parte dos cidadãos portugueses (incluindo, necessariamente, pais, mentores e pedagogos) tem estado distraída destas temáticas, é ainda mais certo que a ausência de conhecimento só reforça a importância da acção. Estamos a falar de cerca de uma década para refazer os livros de texto europeus. Há que começar já.

Clara Pinto Correia

ORADORES A CONVIDAR:

- Prof. Carlos Fiolhais (problemática da comunicação de ciência).

- Engº Marçal Grilo (problemática do ensino de ciência).
- Prof. Nuno Crato (problemática da linguagem associada ao ensino)
- Prof. João Caraça (problemática dos diferentes níveis de conhecimento científico em Portugal e sua aparente ausência de comunicação).
- Prof. José Mariano Gago (problemática da gestão do conhecimento científico a nível nacional).

Discussão de experiências “Hands On”:
- Drª Rosália Vargas (Pavilhão do Conhecimento)
- Prof. Luís Filipe Barreto (Centro Cultural e Científico de Macau).
- Prof. Luís Moniz Pereira (Unidade de Inteligência Artificial da FCT/UNL)


ORGANIZAÇÕES A CONVIDAR
- Representantes dos vários Museus de Ciência nacionais
- Sociedade Portuguesa de Física
- Sociedade Portuguesa de Química
- Sociedade Portuguesa de Matemática
- Ordem dos Biólogos
- Associação Portuguesa de Editores e Livreiros
- União de Escritores Portugueses
- Editoras com colecções de Divulgação Científica (Gradiva, Relógio d'Água, Quasi, etc)
- Editoras de livros de texto (Asa, Texto, etc)
- Representantes de Associações de Pais
- Entidades universitárias.

AGENDA: DEUS E DARWIN

XXIX Semana de Estudos Teológicos
De 18 a 21 de Fevereiro de 2008, das 17h30 às 20h00
Auditório Cardeal Medeiros - Biblioteca Universitária João Paulo II
CRIAÇÃO E EVOLUÇÃO
Um Debate Cultural e Teológico

Ver Desdobrável
18 de Fevereiro
Contexto cultural do debate
17h30 - Abertura
Peter Stilwell (Director da Faculdade)
Apresentação da Semana
H. Noronha Galvão (Coordenador da Semana)

18h00 - Mesa Redonda
Carlos Silva - Noção de tempo na descontinuidade ou continuidade da "evolução"
Domingos Terra - "Evolução"no Cristianismo e na Igreja
19h00 - Debate

19 de Fevereiro
Mensagem bíblica e reflexão teológica
17h30 - Mesa Redonda
Armindo Vaz - Dinamismo ascendente nas narrativas das origens
João Lourenço - Teologia da (Nova) Criação no Judaísmo Intertestamentário
Tolentino Mendonça - Homem Novo no Testamento de Jesus Cristo

19h00 - Debate

20 de Fevereiro
A teoria científica da evolução
17h30 - Conferência
Jacques Arnould op - "A Teologia e a teoria da evolução depois de Darwin"

18h15 - Intervalo

18h30 - Comentário - Artur Morão - e Debate

21 de Fevereiro
Encontro da fé cristã e da ciência moderna
17h30 - Conferência
Jacques Arnould op - "De Teilhard de Chardin ao "intelligent design""

18h15 - Intervalo

18h30 - Mesa-Redonda - A questão do ensino
D. Tomaz Silva Nunes-A EMRC, o crescimento humano e a formaçãocientífica
António Figueira - Que lugar para a "Verdade" na actual engenharia do ensino
Peter Stilwell - A fé desafiada pelo "interdito" da razão?

19h30 - Palavra final do Reitor da UCP

sábado, 29 de dezembro de 2007

EFEMÉRIDE: Dia Mundial da Diversidade Biológica

NO JARDIM DO REI QUE NÃO EXISTE (I)
Comemora-se, hoje, o Dia Mundial da Diversidade Biológica. Para muitos é um dia insignificante, mais um daqueles que se inventam por aí, mais um que não serve absolutamente para nada a não ser para exclamar “hum, hum” quando, acidentalmente, nos cruzamos com um folheto, um poster ou uma notícia minúscula num jornal. Na verdade, a diversidade biológica não interessa a ninguém. O facto de se extinguirem 27 mil espécies por ano não afecta em nada a nossa vida e o nosso bem-estar. O facto de existirem mais de 15 mil espécies de animais e 60 mil espécies de plantas em perigo de extinção não nos tira o sono e muito menos o orgulho medieval de termos lá por casa qualquer coisa feita de qualquer coisa exótica muito cara e muito rara. É que os corais dão excelentes centros de mesa. E as cascas de tartaruga ficam muito bem sobre o aparador da sala. Já a pele de zebra encaixa perfeitamente no hall de entrada. E no escritório, aquela mobília feita de madeira da Indonésia fica simplesmente perfeita. O facto de, lá longe, a diversidade biológica ser cada vez menos diversa não nos incomoda minimamente. Longe da vista, longe do coração. Suficientemente longe para não fazer parte das nossas preocupações quotidianas. Convenhamos. Porque deveríamos nós chorar todos os dias pelo desaparecimento de algumas plantas em Tuvalu, um mísero e insignificante atol do Pacífico? E por umas plantas? É mesmo isso. Longe da vista, longe do coração. O que faz com que a nossa perspectiva seja um tanto solipsista. A única realidade somos nós próprios e tudo o que há à nossa volta simplesmente não existe, é irreal. Mesmo a consciência não passa de um subproduto dos media. O que faz de nós, inevitavelmente, uns cretinos. É precisamente por essa razão que vamos todos comprar a Agenda Verde 2008 da National Geographic porque é gira e barata e tem umas fotografias de bichos excepcionais mas pouco nos interessa que diga que os gorilas são uma das muitas espécies em risco de extinção por causa da destruição das florestas tropicais pelo corte ilegal e pela pressão da agricultura ou que o aquecimento global fez com que algumas plantas avançassem para norte, florescendo em extensões antes cobertas pelos glaciares ou ainda que a acção humana é, há décadas, a causa directa do imparável decréscimo do número de baleias. Mas hoje é o Dia Mundial da Diversidade Biológica. Há, logo à partida, um aspecto interessante e que simboliza de alguma forma a importância que damos à diversidade biológica. Este dia foi criado no dia 29 de Dezembro de 1993 pelo Segundo Comité da Assembleia-geral das Nações Unidas, altura em que se realizou a Convenção da Diversidade Biológica. No entanto, há quem comemore a data da adopção do texo da convenção, a 22 de Maio. A razão é simples. Para muitos países, a data de 29 de Dezembro não dá jeito. E isto até tem piada porque simboliza na perfeição a nossa preocupação para com a diversidade biológica, isto é, agora não dá jeito. Só assim se compreende que uma fábrica de cimento esteja localizada em plena serra da Arrábida e ninguém dê um grito. Aliás, uma fábrica de cimento em plena serra com uma fauna e uma flora excepcionais, algumas únicas no mundo, só pode ser uma piada de mau gosto, uma autêntica cretinice. Isto já para não falar no estuário do Sado e dos seus golfihos-roazes, uma das poucas populações residentes de golfinhos no mundo mas que está em decréscimo devido ao lixo que fábricas ali da zona despeja directamente no estuário (será que vou preso por te dito isto?!).
(continua)
Fotos do Jardim Botânico de Lisboa (c) Ricardo S. Reis dos Santos

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

OPINIÃO: Excesso de zelo

POLITICAMENTE CORRECTO
Esta quadra festiva presta-se sistematicamente à expressão das mais diversas tendências que cruzam a homogeneidade aparente do povo português com a manifestação entusiástica das suas sub-culturas. E, nos últimos anos, temos assistido a um despique cada vez mais garrido pelas atitudes ecológicas politicamente correctas que podemos ir tomando enquanto festejamos, para não deixarmos deusar as festas para ajudar o planeta e dar um grande presente à Terra. É curioso notar que até esta subcultura já tem as suas variações mais ou menos radicais, até chegarmos ao ponto em que uma data de conceitos díspares se misturam num caldeirão de amor pelo equilíbrio do planeta tão marado que começam a saltar de lá artefactos que raiam o ridículo.
Veja-se uma loja toda dedicada à celebração da Natureza, do nome à decoração das montras, das roupas de fibras naturais que vende aos escritos dos cartões alinhados junto ao balcão. Entro para trocar uma túnica azul por outra preta, e recebo o objecto pedido dentro de um saco de papel reciclado, já de si correctíssimo. Mas, quando olho melhor para o saco, até se me desfocam os olhos: de um lado está pintado um pinheiro que dá cenouras, e do outro um cão com malhas e cornos de renda. A mensagem é clara, incisiva, em tom de comando:
NÃO AO NATAL TRANSGÉNICO!
Ai eu.
Está longe de se encontrar minimamente provado que um pinheiro geneticamente modificado para dar cenouras é inimigo do ambiente, tal como não há qualquer razão para pensarmos que a engenharia necessária a misturar um cão com uma rena envenena a água dos poços ou faz murchar as colheitas. Um organismo transgénico, só por ser transgénico, não é um mal ecológico em si. Pode ser, se esgotar os nutrientes do solo, se for imposto ao mundo pelas grandes multinacionais liquidando as tradições locais, se tornar inviável o pequeno e médio comércio, ou se se escapar da área controlada onde está contido para se transformar numa praga infestante. Como em tudo na vida, os transgénicos podem ser extremamente úteis se forem extremamente bem usados. Não é por causa da engenharia genética que o Natal está portas da morte. Escrevam nos sacos
NÃO À IMBECILIDADE DA ASAE!,
e o caso muda de figura. Mas, se é para arranjar bodes expiatórios – por favor. Arrangem qualquer coisa que esteja científicamente provado ser mesmp perniciosa para o futuro.
Ou seja, tenham bom senso.
E, com ele, tenham um 2008 do caraças.