segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

AGENDA: A HISTÒRIA E A FILOSOFIA DAS CIÊNCIAS NO ESTUDO E APRENDIZAGEM

HIPST

Acrónimo do Projecto Europeu History and Philosophy in Science Teaching,

Designação em português:
História e Filosofia da Ciência para o Ensino e a Compreensão Pública da Ciência

Projecto financiado pelo 7º Programa Quadro da União Europeia.


Diversas Instituições de Investigação e Ensino Superior de 8 países reúnem-se em grupos temáticos para desenvolver colectâneas de material histórico – por exemplo, teorias e réplicas das experiências originais - e procurar uma filosofia da ciência experimental útil ao suporte e desenvolvimento da reflexão sobre a ciência1.

O projecto inclui três Encontros Nacionais por país participante, onde se discutirão estratégias e se coleccionarão resultados. Alguns deles serão posteriormente apresentados nos Encontros Internacionais, a realizar numa segunda fase. Os resultados do Projecto serão traduzidos para as línguas nacionais dos participantes, destinando-se a serem adaptasdos e, por várias vias, divulgados.
Os Encontros Nacionais disporão de uma Comissão Científica, que delibera sobre a qualidade e adequação dos contributos propostos, e de uma Comissão Executiva. Acresce a Comissão Consultiva, que acompanhará todo o projecto.
A Comissão Consultiva será constituída por Directores de Museus de Ciência e responsáveis pela educação, no presente ou no passado; enquanto que a Comissão Científica será constituída por docentes universitários ou investigadores da História, Filosofia e Educação em Ciência de todo o país.

O Primeiro Encontro terá lugar de 20 a 22 de Junho de 2008 no Pequeno Auditório da CULTURGEST, incluindo dois tópicos:
1.Museus de Ciências: a) o que existe, e b) possíveis funções da História e Filosofia da Ciência (HFC) nestas instituições;
2.Educação em Ciência: a) o que se diz da HFC, e b) o que poderá ser útil vir a dizer-se para optimização da aprendizagem.

O Segundo e Terceiro Encontros terão lugar em Maio ou Junho de 2009 e Outubro de 2009.
Nestas ocasiões, esperam-se resultados decorrentes da aplicação dos elementos de trabalho propostos. Serão analizados textos de HC, tópicos de FC, e também a possibilidade de utilização nas Escolas aderentes ao Projecto de réplicas de experiências históricas memorizadas pelos livros de texto. A colaboração com os Museus será devidamente especificada nesta fase.

Participantes no Projecto
1.Gesellschaft für Technische Zusammenarbeit, Alemanha;
2.Institute for Science Education, Universidade de Bremen, Alemanha;
3.School of Primary Education, Universidade Aristóteles, Grécia;
4.Institute of Physics, Universidade Nicolaus Copernicus, Polónia;
5.Department for Physics Education and History and Philosophy of Science, Universidade de Oldenburg, Alemanha;
6.Faculdade de Ciências, Universidade de Lisboa, Portugal;
7.Istituto Tecnico Toscano e Fondazione Scienza e Tecnica, Itália;
8.Department of Philosophy and History of Science, Universidade de Tecnologia e Economia de Budapeste, Hungria;
9.Science Teaching Center within the Faculty of Mathematics and Natural Sciences, Universidade de Jerusalém, Israel;
10.Institute of Education, Universidade de Reading, Grã-Bretanha.


TESTEMUNHO TEMÁTICO


Embora o projecto History and Philosophy in Science Teaching tenha, por enquanto, apenas a ver com o uso
da História e Filosofia da Ciência na aprendizagem a
nível do Ensino Secundário, a ideia a prazo é alongar a abordagem anteriormente desenvolvida para o Básico. Porque é que estes enfoques são necessários? Segue, à laia de resposta, o depoimento de uma cidadã europeia que é bióloga e historiadora da biologia; e, simultaneamente, mãe de dois filhos em idade escolar.

Eu vejo pelos livros de texto dos meus filhos o caos
completo que são aqueles ensinamentos, e a consequente grande probabiliddade de não ficarem arrumados no cérebro por mais do que uns dias – exactamente porque nunca foram arrumados (foram, apenas, colados).
Uma das estratégias de melhor ensino que está em estudo para implementação um pouco por
todo o Ocidente é apresentar o conhecimento científico
actual dentro do devido contexto histórico e
filosófico, para arrumar o pensamento e dar sentido às
ideias.
Arrancar com estas alteraçoes implica, antes de mais nada, o simples alertar sociedade civil, onde estão os professores ou os encarregados de educação, para estas temáticas e para a urgência do seu estudo sistemático.
Com bastante clareza e um pouco de atenção, é fácil detectar os disparates e as induções em erro que infestam os manuais escolares (neste caso, os portugueses).
A título dos referidos disparates e induções em erro ouso dar-vos dois exemplos, ambos tirados daquilo que eu domino, e de dentro de minha casa.
1) O meu Miguel, no 6º ano, falou-me do Galileu como sendo da família do Ptolomeu. Quando fui ver o que é que andavam a
ensinar-lhe, o Galileu e o Ptolomeu estavam de facto
os dois metidos dentro do mesmo quadradinho,
associados por serem dois grandes homens que tinham
estudado os astros; o tempo histórico só era referido
de forma tangencial, absolutamente passível de erro de
interpretação, até para um adulto; o contributo do
Ptolomeu e do Galileu para o conhecimento moderno nem
sequer era mencionado por uma frase que fosse.
2) A teoria da evolução (ou seja, o axioma central de toda
a Biologia) é "explicada" em mais do que um ano
lectivo, incluindo no 12º. Sistematicamente, ou
quase, lá aparece o famoso bonequinho em que numa
ponta da fila está o gorila a andar de 4 patas e na
outra ponta está o Homo erectus. A associação mental que se
faz, porque o desenho é realmente muito sugestivo, é que foi
isto que disse o Darwin. Na realidade, esse bonequinho
foi uma criação dos DETRACTORES do Darwin, que o
acusavam de ter dito que o homem descende do macaco
(coisa que ele NUNCA disse; e ainda que, cientificamente,
não podia estar mais incorrecta). Acresce que a
evolução é geralmente apresentada com a questão da
selecção natural varrida para debaixo do tapete tanto
quanto possível, parte por causa das más experiências
com os vários neo-darwinismos, e parte pela simples
amoralidade do conceito em que não há recompensas para
os bons e castigos para os maus -- e, no entanto, a
TOTAL AMORALIDADE do mundo vivo e dos fenómenos
naturais é incontornável e devia ser explicada aos
meninos com toda a clareza, até para tornar possível o
contraste com a ética que governa necessariamente as
sociedades humanas.
Encontramos exemplos destes em Química, em Medicina,
em Física, e estou só a falar dos que eu domino mal
mas já me foram apontados.
A questão não é só a veracidade do que vem nos
quadradinhos que mencionam faits divers de "história
de" qualquer disciplina científica: o que se pretende
é acabar mesmo com quadradinhos e usar a
história e filosofia das ciências para aquilo em que
elas são úteis em termos pedagógicos, que é o
enquadramento dos conhecimentos em perspectiva.
Se é certo que a maior parte dos cidadãos portugueses (incluindo, necessariamente, pais, mentores e pedagogos) tem estado distraída destas temáticas, é ainda mais certo que a ausência de conhecimento só reforça a importância da acção. Estamos a falar de cerca de uma década para refazer os livros de texto europeus. Há que começar já.

Clara Pinto Correia

ORADORES A CONVIDAR:

- Prof. Carlos Fiolhais (problemática da comunicação de ciência).

- Engº Marçal Grilo (problemática do ensino de ciência).
- Prof. Nuno Crato (problemática da linguagem associada ao ensino)
- Prof. João Caraça (problemática dos diferentes níveis de conhecimento científico em Portugal e sua aparente ausência de comunicação).
- Prof. José Mariano Gago (problemática da gestão do conhecimento científico a nível nacional).

Discussão de experiências “Hands On”:
- Drª Rosália Vargas (Pavilhão do Conhecimento)
- Prof. Luís Filipe Barreto (Centro Cultural e Científico de Macau).
- Prof. Luís Moniz Pereira (Unidade de Inteligência Artificial da FCT/UNL)


ORGANIZAÇÕES A CONVIDAR
- Representantes dos vários Museus de Ciência nacionais
- Sociedade Portuguesa de Física
- Sociedade Portuguesa de Química
- Sociedade Portuguesa de Matemática
- Ordem dos Biólogos
- Associação Portuguesa de Editores e Livreiros
- União de Escritores Portugueses
- Editoras com colecções de Divulgação Científica (Gradiva, Relógio d'Água, Quasi, etc)
- Editoras de livros de texto (Asa, Texto, etc)
- Representantes de Associações de Pais
- Entidades universitárias.