Os historiadores da ciência e da medicina, em geral, e os estudiosos da vida e da obra do neurologista português António Egas Moniz (1874-1955), em particular, têm razões para, na sua loucura mansa, darem pulos de alegria. É que recentemente foi disponibilizado on-line (http://museuegasmoniz.cm-estarreja.pt) pela Casa Museu Egas Moniz uma boa parte do espólio documental do primeiro e único português a ser galardoado com o Prémio Nobel de Medicina ou Fisiologia. Mais de 50 mil documentos (em grande parte correspondência) foram digitalizados e estão agora à distância de um dedo. Estes documentos são ferramentas fundamentais no entendimento mais profundo e mais lúcido da vida e da obra do neurologista e, neste particular, a correspondência assume especial importância por permitir olhar os bastidores que antecedem a formalidade e que por vezes identifica as pontas que há muito pretendiamos atar. Por outro lado, permite uma melhor compreensão da forma como se processa a comunicação informal entre cientistas e das relações que estabelecem entre si. Na verdade, este livre acesso surge a partir de um projecto mais vasto, intitulado MEMDigital: Espólio de Egas Moniz à distância de um clique e que resultou na criação de um Centro de Gestão e Pesquisa Documental Egas Moniz, da iniciativa do Município de Estarreja e com a comparticipação financeira do programa Aveiro-Digital, tendo sido inaugurado no passado dia 29 de Novembro, precisamente no aniversário do nascimento de António Egas Moniz (29-11-1874). São mais de 50 mil documentos que aguardam agora o crivo de análise dos historiadores. É caso para dizer: mão à obra.