«Cépticos como os cépticos, crente como os crentes. A metade que avança é crente, a metade que confirma é céptica. Mas o cientista perfeito é também jardineiro: acredita que a beleza é conhecimento.»
É com este texto em contra-capa que nos é apresentado Breves Notas sobre Ciência (Relógio d'Água, 2006), o mais recente livro de Gonçalo M. Tavares. Pequenas digestões de visões sobre o lado mais incomum da ciência.
Vejamos o que diz sobre História das Ciências:
História da Ciência (1)
A História das Ciências encontra-se sempre
ligeiramente atrasada em relação à História dos
Desejos.
Há metáforas famosas, peguemos nelas.
É como se os cavalos fossem o Desejo e a car-
roça puxada por eles a ciência.
Se os cavalos se separarem da carroça ganharão
velocidade, mas perderão utilidade pública; a socie-
dade quer funções e não fugas.
Mas o pior sucede mesmo à carroça. Se os cava-
los se separam dela, ela não mais se moverá. (p.26)
História das Ciências (2)
Claro que é o cientista com o seu chicote que
direcciona cavalos e carroça. (p.27)
História das Ciências (3)
Se entrarmos em terrenos psicanalíticos podere-
mos dizer que a infância, os prazeres, e os medos,
guiam o chicote do cientista. (p.28)
História das Ciências (4)
Se entrarmos em terrenos místicos poderemos
dizer que é o Destino que guia a infância, os pra-
zeres e os medos de um indivíduo. (p.29)
História das Ciências (5)
As investigações científicas dependem, pois, de
Deus, do Acaso ou do Destino (ou do que se lhe
quiser chamar).
Mas, apesar de tudo, dependem também da Razão. (p.30)