Esta secção pretende ser uma espécie de caixa de ferramentas do investigador, incluindo a utilização dos computadores e outras ferramentas na investigação em História das Ciências. No campo da informática pretendemos dar particular atenção ao uso de programas em código aberto e livre, nomeadamente com o sistema operativo GNU/Linux, na edição de documentos científicos e em outros aspectos da pesquisa. Os tópicos tratados incluirão as potencialidades na edição, a gestão de bibliografias e de outras bases de dados, a manipulação de gráficos e a edição em papel e na Internet a partir dos mesmos documentos.
Porquê o Código Aberto e Livre ?
Esta secção pretende contribuir para estimular a utilização de programas de Código Aberto e Livre no âmbito da actividade académica.
Existem várias razões, tanto gerais como específicas, resultantes de considerações de carácter económico, social e político e da experiência pessoal, que nos levam a considerar que a utilização de aplicações em Código Aberto e Livre é um objectivo importante.
Em primeiro lugar, num mundo que depende de forma crescente da informática, é intrinsecamente muito perigoso que as diferentes actividades sociais, políticas e económicas dependam da utilização de programas proprietários, privados e fechados, sobre os quais os utilizadores exercem um controlo muito limitado ou praticamente nulo. Esta dependência é ainda mais aberrante no caso particular de uma actividade, como a investigação científica, que se caracteriza maioritariamente pelo seu carácter público e aberto.
Este argumento levanta muitos outros, mas não iremos aqui senão aflorar alguns deles. A questão económica não é certamente das menos importantes. Os programas proprietários utilizados no mundo académico pertencem frequentemente a uma ou mesmo a todas as seguintes categorias: ou atingem preços exorbitantes e desproporcionados em relação ao investimento dedicado ao seu desenvolvimento, ou são demasiado rudimentares ou foram desenvolvidos tendo em vista outros sectores sociais que não o mundo da ciência. Esta ultima característica é certamente visível na produção de documentos científicos, onde a maior parte dos investigadores se vêm compelidos a recorrer a ferramentas informáticas que são muito mais adequadas aos ambientes empresariais que aos académicos. O investigador utiliza, por exemplo, processadores de texto com funcionalidades extensas que normalmente não lhe são de qualquer utilidade, mas que em contrapartida não dispõem de uma forma adequada de processar bibliografias.
Enquanto a produção das aplicações proprietárias é estranha ao processo como normalmente se desenrola a actividade científica, o desenvolvimento dos programas de Código Livre partilha de um processo que é afim ao da descoberta científica: universalidade e publicação da informação em troca de reconhecimento.
Embora o Código Livre seja frequentemente referido pelo seu carácter gratuito (agravada na língua inglesa pela ambiguidade do termo free), esta não é sequer uma característica necessária. O que caracteriza este tipo de aplicações é o facto de o código fonte das aplicações ser obrigatoriamente público, juntamente com a livre possibilidade de os utilizadores copiarem, distribuírem e modificarem os programas. A utilização deste tipo de aplicações é formalizada pelas licenças através das quais os programas são publicados, nomeadamente as GPL (GNU Public Licence) da Free Software Foundation (
http://www.fsf.org/).