sábado, 18 de agosto de 2007

LER: OpenCourseWare em história das ciências


Numa altura em que muitos docentes portugueses ainda torcem o nariz à colocação dos programas das disciplinas fora das intranets das suas universidades, é bom ver o crescimento do movimento do OpenCourseWare (OCW), iniciado no Massachusetts Institute of Technology (MIT) em 2001, com o anúncio pelas fundações William and Flora Hewlett e Andrew W. Mellon de apoiar financeiramente a iniciativa de OpenCourseWare deste instituto. O OCW visa disponibilizar materiais didácticos através da Web, de forma livre e gratuita, para professores, alunos e outros interesssados em todo o mundo. O facto de esta iniciativa ter tido lugar no MIT é de grande importância e significado, tanto pelo impacto que produziu em outras instituições de ensino superior, como por ter sido no MIT Artificial Intelligence Lab que Richard Stallman iniciou o projecto GNU em 1983. Foi a partir do projecto GNU que se desenvolveram iniciativas como a Free Software Foundation (1985) e a sua GNU General Public License (GPL), donde irradiaram outras viradas para os conteúdos, incluindo os educacionais, como o projecto OpenContent (1998), a GNU Free Documentation License (2000) e o projecto Creative Commons (2002).
Em Novembro de 2006, o MIT OCW já contava com mais de milhar e meio de cursos. Actualmente o movimento alastrou a mais universidades, dos EUA e de outros países. Esta colaboração internacional é feita através do OpenCourseWare Consortium, englobando mais de 100 instituições e organizações de ensino superior de todo o mundo. A colaboração é variada, indo desde a disponibilização de conteúdos próprios até à tradução dos conteúdos de terceiros. A rede do Portal Universia, que inclui Portugal, Espanha e América Latina, participa nesta última modalidade, traduzindo para castelhano e português do Brasil, os cursos do MIT OCW. A lista de participantes na Península Ibérica inclui várias universidades espanholas (ainda sem conteúdos) e nenhuma portuguesa.
O sucesso desta iniciativa mostra como a disponibilização de materiais didácticos de acordo com uma licença aberta pode contribuir para a afirmação das universidades. Na verdade, o acesso aos materiais didácticos não permite conferir qualquer grau académico, mas dá aos futuros alunos a garantia de que os cursos ministrados pelos docentes se encontram abertos ao escrutínio dos seus pares de outras universidades. A disponibilização aberta dos conteúdos é um indicador claro de qualidade, preparação cuidadosa e inovação.
No campo da história e estudos sobre a ciência, o maior volume de conteúdos é naturalmente disponibilizado pelo MIT, através do Programa de Ciência, Tecnologia e Sociedade. Este inclui mais de duas dezenas de cursos de graduação e outros tantos de pós-graduação. Os conteúdos incluem, a título de exemplo, disciplinas como "History of Science", "History and Anthropology of Medicine and Biology", "Cultural History of Technology", "Theories and Methods in the Study of History", "Toward the Scientific Revolution", "The Rise of Modern Science" e "Nature, Environment, and Empire". Entre os cursos disponibilizadas por outras universidades, apenas encontrámos nesta área uma História da Saúde Pública na Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health e outro sobre Tecnologia e Sociedade na University of Southern Queensland.

A minha lista de marcadores de cursos em OCW de história e outros estudos sobre a ciência, pode ser vista em:

Lista de cursos em OCW de história e estudos sobre a ciência (del.icio.us)

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

LER: Hipertexto, anotações semânticas e rede(s) na História da Ciência, Tecnologia e Medicina: O Projecto Historiographus

A apresentação da conferência no Segundo Encontro de História das Ciências Naturais e da Saúde. Lisboa, Culturgest, 7-8 de Julho de 2007.

Hipertexto, anotações semânticas e rede(s) na História da Ciência, Tecnologia e Medicina: O Projecto Historiographus.

José Pedro Sousa Dias
Fac. Farmácia Universidade de Lisboa e Inst. Rocha Cabral

Resumo
A história da ciência, como toda a história, só com grande esforço e recurso intensivo ao aparato erudito e outros instrumentos do ofício, se enquadra adequadamente dentro de uma narrativa linear. O objecto da disciplina decorre ao longo, não de um, mas de pelo menos dois eixos, onde o espaço e o tempo se desdobram em narrativas divergentes. As denominadas histórias horizontal e vertical são conceitos convenientes para distinguir dois estilos de fazer história da ciência, mas tornam-se perspectivas de difícil articulação numa visão mais sintética. Num plano mais aproximado, encontramos ainda outras dimensões, numa apertada rede de perspectivas e relações simultâneas e concorrentes, ligando pessoas, objectos, ideias e outros elementos. Estas várias dimensões não são fáceis de descrever num modo linear. Inicialmente, o hipertexto surgiu como uma forma de ajudar a vencer estas dificuldades, permitindo recriar uma teia imensa de relações e leituras. Contudo, na rede criada pelo hipertexto, as linhas que ligam os diferentes nós são todas equivalentes. Ora, as relações que elas pretendem representar não o são. Estas não só são múltiplas e distintas, como as relações possíveis variam consoante a natureza dos nós. As relações que unem pessoas entre si são diferentes das que ligam pessoas com grupos de pessoas, objectos ou locais.
Esta comunicação visa analisar a forma como a aplicação de ontologias e dos conceitos de anotação semântica, que surgiram no âmbito da Semantic Web, podem ser aplicados na análise de dados e na comunicação científica na histórias das ciências, da tecnologia e da medicina, apresentando ao mesmo tempo os primeiros passos do projecto Historiographus, o protótipo de uma Wiki Semântica, baseado numa ontologia especialmente concebida, denominada HiSTEMM (de History of Science, Technology, Engineering, Mathematics, and Medicine).

terça-feira, 7 de agosto de 2007

NAQUELE TEMPO: Imagens do quotidiano

O microscópio
(Clique sobre as fotos para aumentar)

De cima para baixo: Aurélio Quintanilha, Marck Athias, Augusto Celestino da Costa e Abel Salazar.


(Todas as fotos foram importadas da página do Projecto Principia Naturalis)