domingo, 29 de abril de 2007

NA CAIXA DO CORREIO: Sem memória não há futuro

É imperdoável qualquer português não saber que data se comemora hoje, porque o esquecimento da história é o fomento da barbárie. Se é verdade que há cada vez mais jovens que desconhecem o 25 de Abril, então é porque alguma coisa no sistema de ensino obrigatório não está a funcionar. Não podemos usar como desculpa o facto de todos esses jovens já terem nascido depois da queda da ditadura, porque a ideia subjacente à civilização não é conhecermos apenas aquilo que acontece durante o nosso tempo de vida. Os jovens sabem o nome do primeiro rei de Portugal, e não é de certeza porque o conheceram pessoalmente. Mesmo que ninguém nos fale delas em casa, estas coisas aprendem-se na escola – entre várias outras razões, também para ajudar a combater as diferenças sociais e equalizar a oportunidades. O 25 de Abril faz parte de todos os manuais escolares, não me lembro bem se do 5º ou do 6º ano. E nem sequer é daquelas temáticas já mesmo do fim do ano, que muitas vezes saltam fora porque não houve tempo para leccionar tudo. E, no entanto, há números impressionantes de portugueses que passam pela escola e saem de lá sem saber o que foi que mudou no país a partir de 1974, e sem perceber que essa mudança foi da maior das importâncias para todos nós? Bolas, re-escrevam os manuais. Revejam os conteúdos e os métodos da história que se ensina aos meninos. Mas não contribuam mais para a disseminação perigosa da ignorância colectiva.

NA CAIXA DO CORREIO: Religião

A FÉ E O MUNDO
Lecciono aos finalistas de Biologia uma cadeira de História do Pensamento Biológico. À medida que os anos passam, dá ideia de que os portugueses são cada vez menos crentes, e ainda menos praticantes: de uma forma que se generaliza gradualmente, os meus alunos desconhecem tanto o Velho como o Novo Testamento. E isto torna particularmente complicado o ensino de qualquer temática de foro histórico, porque a fé cristã fez parte integrante da organização do nosso mundo até à segunda metade do século XIX, complementada pelas tradições judaica e islâmica que nos acompanharam no caminho. Aparentemente, a única forma de colmatar esta lacuna complicada seria regredir à velha obrigatoriedade da frequência de Moral e Religião, onde ao menos se aprendiam uns vislumbres. O problema é que estas aulas são constituídas por proselitismo e não por aprendizagem de factos, o que torna obrigatório manterem-se estritamente opcionais. Mas, se as bases mais elementares da religião que modelou o Ocidente já não se aprendem em casa nem por simples contágio social, a formação dos cidadãos ocidentais nunca estará completa se elas não passarem a ensinar-se na escola, por forma a não acabarmos por perder completamente o Norte quanto tentamos seguir o percurso que nos trouxe até aqui. Talvez criar, pelo menos no secundário, assim como há Filosofia e Introdução à Política, uma cadeira nova que se chamaria qualquer coisa como, simplesmente, Religião – para apresentação de factos,com exclusão rigorosa de comentários? A fé pode já não querer diser grande coisa no nosso mundo, mas o trajecto que esse mundo seguiu depende em grande parte dela, e, sem ela, não se entende com a devida clareza. E continua a querer dizer muito no mundo dos outros, remetendo-nos por analogia para o nosso, como no caso da fé islâmica. Uma cadeira de Velho e Novo Testamento, reformas, contra-reformas, hexegeses que marcaram a Europa, guerras e torturas e perseguições e criações de padrões populacionais ao longo do tempo. Pensem nisso. Eu apenas posso atestar, como docente universitária, que o nosso entendimento do mundo está a ficar cada vez mais deficiente. Agradeço muitos comentários, porque sei que isto não é nada simples.

ENTREVISTA: Teresa Avelar

TERESA AVELAR
Como quem defende a ciência

Há pequenos pormenores que podem passar hoje despercebidos junto do grande público, apenas para se converterem nos debates mais dramáticos da próxima década. Um jornal português de grande tiragem, e respeitado consensualmente como de referência, publica um artigo de página inteira escrito por um defensor português do chamado Criacionismo Científico. Algum tempo mais tarde, o mesmo jornal surpreende-nos com a notícia improvável de que, um dia destes, vai abrir perto de Mafra o Museu do Criacionismo. Finalmente, é a própria Faculdade de Ciências que organiza uma conferência de dia inteiro sobre a controvérsia entre o Darwinismo e o Criacionismo, e nela participa o defensor do Criacionismo com tanta seriedade como qualquer cientista que venha pronunciar-se sobre modelos de evolução. Nos bastidores, já se preparam livros sobre o assunto. Entretanto, nos Estados Unidos, a controvérsia já cresceu para proporções tais que acabou por dar origem ao documentário Flock of Dodos, acompanhado por toda a espécie de merchandising e unanimemente louvado pela crítica. Vocês podem ainda não ter dado por nada, mas, daqui a dez anos, quando forem chamados a referendo para se decidir se o país introduz ao não o Criacionismo nos programas escolares, lembrem-se do aviso que receberam hoje. Esta estranha confraria que já se agita há muitos anos nos subterrâneos do mundo americano está a estender-se pela Europa e a lançar as suas raízes no solo português; e, onde ela chega, acaba por ser difícil ignorá-la. Para que ao menos estejamos devidamente informados perante o que ainda vamos ter que debater a doer, chamei à conversa a minha colega Teresa Avelar, professora de Evolução, que respira como quem estuda e vive cada um dos seus dias como quem defende a ciência acima de todas as coisas. A Teresa tem 49 anos, e toda a vida se interessou pelas teorias da evolução, tanto na aplicação como na história. Licenciou-se pela primeira vez em Biologia em Inglaterra, em 1979. Depois repetiu todo o processo em Lisboa, e completou o grau em 1983. Doutorou-se na Faculdade de Ciências em 1991, no dia seguinte ao início do bombardeamento americano sobre Bagdad durante a Guerra do Golfo-- o que quer dizer que, em plena véspera de doutoramento, não dormiu nada. Os dramas do Golfo tornaram-se muito mais complexos e criminosos desde essa altura, e agora podemos olhar para essa primeira investida como para um acontecimento quase ingénuo; mas, na altura, pareceu-nos a todos estar a viver uma noite decisiva. E quando a Teresa acredita que uma coisa é séria, acredita mesmo. Estuda, investiga, ensina e publica a um ritmo que só existe quando existem grandes paixões.

Conversamos numa das salas de aula do edifício de Mestrados da Universidade Lusófona, onde ambas trabalhamos. A Teresa tem estado doente, mas fez das tripas coração para estar aqui hoje, como faz muitas vezes, sempre que acha que o que está em causa é importante. Este cerco que o Criacionismo tem andado a fazer a Portugal, para ela, é uma dessas causas que pede verdadeira luta. Seguiu com toda a atenção o debate na Faculdade de Ciências, e ainda está incomodada com o que viu e ouviu. Se as pessoas tiverem pouca instrução, diz ela, irão sempre atrás do que é mais fácil. E o Criacionismo é fácil demais.

Está bem, mas então agora pensa que estás mesmo a falar com uma pessoa sem nenhuma instrução. Tens que conseguir explicar-me o que é a Teoria da Evolução. Consegues?

A Teoria da Evolução tem várias componentes. Ocorreu evolução no mundo vivo. Essa evolução ocorreu por ramificação sucessiva a partir de um ancestral comum. Essas ramificações ocorrem por especialização dentro das populações, e a formação de novas espécies que daqui resulta é gradual e não ocorre de uma geração para a outra. O principal mecanismo da mudança evolutiva é a Selecção Natural. Não é o único, mas é é o único responsável por adaptações que se transformam nas características mais distintivas dos seres vivos.

Quais são as confusões mais frequentes que se fazem a este respeito?

Olha, que o homem descende do macaco, por exemplo. Não é assim tão simples como isso, e sobretudo é muito menos directo.

Mas essa confusão fez-se desde muito cedo.

Foi. O livro crucial de Charles Darwin que lançou estas ideias, A Origem das Espécies, saiu em 1859. Antes de ser vendido ao grande público, foi enviado para leitura e comentário a várias entidades. Uma revista escreveu logo que o livro era “uma abominação”, e chamou à Teoria da Evolução “a Teoria do Macaco”. No livro, Darwin escreveu uma única frase sobre a origem do homem, e disse apenas isto: “havemos de fazer luz sobre o homem e a sua história”. Mas a ilação automática do público foi logo a do macaco.

E para as especialistas da matéria? A reacção também foi assim tão visceral?

Praticamente todos os biólogos aderiram logo à Teoria da Evolução. Mas o conceito de Selecção Natural demorou muito mais tempo a entrar.

Porquê?

Porque aceitar a Selecção Natural é aceitar um mecanismo que não tem planos, não prevê o futuro, é imediatista, não se rege por qualquer moral. Isso é mais difícil de engolir. No fim do século XIX, já existem uma série de teorias evolutivas em que a evolução é o resultado de um plano providencial. Em relação aos modelos anteriores a Darwin, só desapareceu a ideia de o plano ser orientado por Deus.

Essa aliás, essa ideia continua a não ter desaparecido.

Ao nível da Biologia desapareceu, mas não ao nível da consciência das pessoas em geral. Aliás, a maioria das pessoas contínua a não saber o que é exactamente a Selecção Natural. Basta pensares nos títulos dos manuais escolares do Básico e do Secundário, onde encontras coisas absurdas como Do ADN ao Homem ou Das Moléculas ao Homem -- como se a organização da vida tendesse sistematicamente para o homem como modelo perfeito e mais complexo, uma espécie de produto final. Olhas para a sequência dos capítulos, e tens sempre as bactérias, depois os eucariotas, depois os mamíferos, depois o homem – como se tudo o que existe no mundo vivo fizesse parte de um grande esforço colectivo para se conseguir chegar ao homem. Mas, na realidade, e evolução não avança em direcção ao homem. Avança de forma perfeitamente aleatória. A bactéria é o nosso ancestral comum, e não deixou de existir por causa de nós existirmos. É esta parte que a maioria das pessoas tem dificuldade em assimilar. O esquema evolutivo que se mostra a todos os miúdos começa com uns primatas muito cabeludos e acaba num homem do Cro-Magnon que é loiro de olhos azuis. Isto é um absurdo, e aquele desenho só pode induzir em erro, porque na realidade existem várias linhagens diferentes de hominídeos.

Bom, e, tanto quanto sabemos, continuaram a aparecer espécies novas muito depois de ter aparecido o Homo sapiens.

Claro. O exemplo mais famoso é o das mais de quinhentos espécies de peixes que se descobriram no Lago Vitória, que não podem ter mais de quinze mil anos, porque, antes disso, o lago estava seco. Ora, em contrapartida, o Homo sapiens já tem uns veneráveis 1 500 000 anos.

Perante tudo isto, o que é que foi avançando a defesa do Criacionismo?

O Criacionismo mais básico apareceu no princípio do século XX nos Estados Unidos, com uma crispação crescente em torno do respeito pela letra do texto bíblico, que acabou por ter um confronto muito visível com o evolucionismo em 1925. No Tennessee, foi declarado ilegal ensinar evolução nas escolas, por ser contrário à Bíblia. A American Union for Civic Liberties conseguiu convencer um professor chamado Scopes a ensinar evolução a ser condenado, para ir a tribunal e depois ir ao Supremo: à luz do first ammendement da Constituição americana, que impõe separação entre a Igreja e o Estado, teria que ser autorizado a dar as aulas que entendesse, e o caso seria discutido a nível nacional. O julgamento foi muito publicitado. Aliás, foi dos primeiros casos de reportagem em directo para a rádio. O advogado de acusação era um candidato crónico à presidência da república que achava que ensinar evolução era abrir a porta a todas as imoralidades, e o de defesa era um homem igualmente famoso e mediático, que convocou um grande número de cientistas notáveis para virem defender a evolução. Foi um grande espectáculo.

Mas mudou alguma coisa?

Pouco. O ensino da evolução foi proibido em mais Estados além do Tennessee, e os editores de livros de texto queriam fabricar produtos que pudessem vender-se em todos os Estados Unidos. Por isso, era frequente os livros de texto dos anos 30 e 40 só mencionarem a evolução pela rama, e só nas páginas finais. Alguns dos grandes evolucionistas da actualidade, como o teu amigo Stephen Jay Gould, lembravam-se de nem terem chegado a aprender evolução no liceu.

Então e depois?

Depois os russos puseram um satélite artificial em órbita e os americanos apanharam um susto! Só nessa altura é que se lembraram de rever seriamente a forma como estavam a ser educadas as crianças americanas, e foi quando os biólogos notaram que os livros de texto nem sequer falavam na evolução, que é o grande pólo agregador da Biologia. O Sputnik é de 1957. Em 1960, os livros de texto americanos já davam todos um grande relevo à evolução. E nessa altura, sim, formou-se em resposta um movimento criacionista organizado.

Para fazer o quê?

Lobby, claro. Como já não fazia grande sentido impedir o ensino da Evolução, inventaram o Criacionismo Científico, e começaram a defender que este tinha tanto direito de ser ensinado às crianças como a Teoria da Evolução, porque era uma teoria científica alternativa. Isto acabou por ser aprovado em alguns Estados, e voltaram a registar-se julgamentos mediáticos, desta vez sobretudo no Arkansas: a lei exigia tempo escolar igual para uma coisa e para outra, e os evolucionistas foram a tribunal porque o Criacionismo Científico era religião com outro nome. Foram novamente chamados vários cientistas famosos, desta vez como testemunhas de acusação. O juiz acabou por decidir em favor da acusação, e o seu parecer foi publicado na íntegra na revista Science em 1982. Nesta altura, alguns criacionistas acharam que estava na altura de “evoluir” e substituíram o antigo Criacionismo Científico pelo novo Intelligent Design.

Qual é a diferença?

O Criacionismo clássico levava o Génesis bíblico à letra, e nisto tinha a honestidade de admitir que não apresentava soluções para as contradições internas que existem na própria Bíblia. Há discordâncias dentro do próprio relato do Génesis que são complicadas para quem quer sustentar “cientificamente” que a Bíblia foi escrita exactamente como Deus a ditou e que, como tal, não tem erros. Além de que há episódios do Génesis que, com os conhecimentos actuais, se tornam impossíveis de explicar cientificamente. Um bom exemplo é a arca de Noé. Como é que pode ter sido fabricada por forma a levar lá dentro dez milhões de espécies? Ou então, esbarram em problemas sérios quando apresentam teorias cientificamente testáveis que caem pela base perante os métodos de observação modernos: como é que todos os depósitos geológicos que existem se podem ter formado durante o Dilúvio, se grande parte deles são francamente anteriores à existência do homem? Os defensores do Intelligent Design já apresentam versões mais requintadas, e, como tal, são mais hipócritas.

Mas, antes de mais nada, como é que se fazem ouvir?

Ah! Têm editoras próprias onde publicam, revistas próprias onde escrevem, sites espampanantes na net, um Institute of Creation Research com tecnologia de ponta... e, claro, sabe-se lá de onde é que vem o dinheiro para isso tudo. Fala-se de financiamentos de grupos fundamentalistas, de Adventistas do Sétimo Dia, de Testemunhas de Jeová, de Born Again Christians, mas está tudo envolto num grande secretismo, como é próprio destas coisas.

E usam esses palanques para argumentar o quê, basicamente?

Que há uma entidade criadora a reger o mundo vivo, mas isto é feito de forma sofisticada. Recorrem a dois grandes grupos de argumentos. O primeiro é que os seres vivos possuem aquilo a que eles chamam “complexidade irredutível”: é impossível existir evolução gradual, porque o todo só funciona quando existe a soma completa das partes. O exemplo preferido deles é a ratoeira, que só funciona quando tem todas as peças no sítio correcto. E passam o tempo a citar incorrectamente o Darwin no que diz respeito ao olho, para implicar que até ele acreditava que um olho é tão complexo que não pode evoluir gradualmente. Na realidade, o que o Darwin escreveu sobre as possibilidades de adaptação é que existem na Natureza todos os tipos de olhos possíveis, pelo que é possível que se tenha começado apenas pelas formas mais simples. Mas eles usam só a frase “quem olha para o olho, em toda a sua perfeição, pode pensar que ele nunca poderia ter evoluído”, e argumentam que o olho é complexo demais para alguma vez poder ter existido numa forma que não seja a presente. Também recorrem a uma série de ideias de nível molecular, que assentam num conhecimento que as pessoas geralmente não têm, pelo que pode convencê-las mais facilmente. Um exemplo deles é o flagelo das bactérias: se funciona por acção de uma série de proteínas que o fazem andar à roda, então todo esse conjunto teve que aparecer tal qual o conhecemos, numa organização pré-fabricada por desígnio. Claro que já vários biólogos sublinharam que a maior parte dessas proteínas já existiu antes noutros complexos metabólicos, e portanto há várias explicações possíveis para a evolução do flagelo – mas eles estão, sobretudo, a tentar convencer as pessoas que não são formadas nestas áreas.

E o segundo argumento?

Chama-se “informação complexa especificada”. Os flocos de neve podem ser todos diferentes e manter as mesmas características cristalinas, mas os seres vivos só podem ser complexos dentro de um padrão específico que lhes permita serem, também, funcionais. Um ser vivo tem que ter a organização específica que tem e nenhuma outra, porque se tivesse outra já não funcionava. Chegaram a publicar os algoritmos de complexidade possível para a funcionalidade, e, repara, estas já são áreas onde o comum dos mortais se perde com facilidade. Uma vez mais, eles defendem que, para este fenómeno da organização funcional complexa ser possível, tem que ser resultado de uma organização pré-fabricada por desígnio.

Ou seja, por Deus? É isso?

Para evitar o rótulo religioso, eles defendem que há um desígnio mas deixam em aberto quem foi o designer desse desígnio. Só insistem que, perante os seus argumentos, qualquer pessoa tem que inferir a existência de um designer. Claro que, entre eles, o designer é Deus, sim.

Tens alguma noção de quem são, exactamente, estas pessoas?

Muitos são cientistas, mas nenhum é biólogo. Que eu saiba, há um bioquímico, e é o mais próximo que encontramos do conhecimento do mundo vivo. Depois há matemáticos, engenheiros, gente de Direito... sem dúvida, pessoas que gostam de argumentos rebuscados.

Mas não são teólogos.

Não. Sobretudo os católicos e os anglicanos tendem a afastar-se, e há criacionistas sinceramente magoados com o João Paulo II . Agora, o presidente dos Estados Unidos tem inequivocamente uma grande simpatia por eles...

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Curso de Etologia

A Fundação Mona, um centro de recuperação de chimpanzés em Espanha dirigido pela Primatóloga e Médica Veterinária Olga Feliu, onde também se efectua investigação comportamental (não-invasiva, por exemplo na área da lateralidade manual e etologia aplicada) está a dar mini-cursos de introdução à Etologia nas suas instalações. A 1ª edição decorreu no passado mês de Março, contando com a presença de vários estudantes universitários portugueses. As próximas edições serão respectivamente:
2ª Edição - 20 e 21 de Abril
3ª edição - 18 e 19 de Maio

Para mais informações consulte
http://www.fundacionmona.org/final/english/noticies ou contacte o responsável pelo curso, Miquel Llorente em recerca@fundacionmona.org

Jim Cronin

Jim Cronin, co-director e Fundador do Monkey World morreu há pouco mais de uma semana, com 55 anos. È uma grande perda para o universo do Bem-Estar Animal e para os primatas explorados indignamente pelo mundo fora. Jim foi pioneiro no trabalho de resgate e reabilitação de primatas não-humanos na Europa, fundando o primeiro centro de reabilitação de primatas em 1987 – o Monkey World, no Reino Unido – que actualmente geria com a sua esposa Alison. Tudo começou com os chimpanzés usados para mini-espectáculos e fotografias com turistas junto às praias do Sul de Espanha, criados em condições deploráveis e usados como caricaturas humanas: após um complicado processo legal em que o casal britânico Simon e Peggy Templer teve um papel crucial, todos os chimpanzés foram alojados e socializados e passaram a viver com a dignidade e liberdade de verdadeiros chimpanzés. O Monkey World cresceu com muitos outros resgates e contém actualmente 160 primatas, de 16 espécies diferentes, todos retirados ao tráfico ilegal de animais selvagens, muitos deles crias orfâs. Jim e Alison nos últimos anos conduziram campanhas de sensibilização em vários locais do mundo onde se pratica caça furtiva e tráfico de primatas e trabalharam em estreita proximidade com os governos de alguns países africanos e asiáticos para pôr fim a estas práticas. O Monkey World proporciona aos primatas que lá vivem grandes áreas enriquecidas onde podem recuperar o seu comportamento locomotor natural e cuidados especiais de reabilitação e socialização para os indivíduos mais traumatizados e com o comportamento mais perturbado. As imagens deverão ser familiares para muitos, pois foram realizados diversos documentários sobre reabilitação de primatas no Monkey World, documentários esses que já foram exibidos em Portugal. Existem tão poucos lugares como o Monkey world na Europa e tão poucas pessoas com a determinação de Jim Cronin, que não podíamos deixar de lhe prestar a nossa homenagem e desejar que o projecto do Monkey World continue a crescer. www.monkeyworld.org